"Minha alma tambem ama você"

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Notas da autora:
Bem vindas à mais um capítulo, amadas. Eu quero muito saber o que vocês tão achando de cada coisa sobre ele então comentem bastante. Amo os comentários de vcs kskslsk
Sobre a música: não tem música que represente mais eles do que essa. É como se fosse nossa própria Ana cantando. Escutem ela w vejam a tradução.
Me desculpem qualquer erro ortográfico e amo vocês. ❤

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Ana Gabriela de Mello Cartari


Eu nem acreditava que tinha ganhado duas medalhas naquele dia. Douglas tava olhando as redes sociais minutos atrás e disse que todo mundo só falava de mim, das medalhas e do quanto eu e Bruno estávamos parecendo um casal. Os comentários em sua grande maioria eram fofos e carinhosos, mas sempre tem aqueles que querem somente encher o saco, destilar ódio.

Ninguém vai falar do quanto isso pode ser ruim pro Bruno?”

Tá certo, ela ganhou medalha, mas tem atletas muito mais talentosos”

Só chegou aí por causa da mamata do antigo governo e por isso fica falando mal do atual

alguém tira essa esquerdalha encardida e imunda de perto do Bruno

mais uma neguinha que sobrevive de cota e mesmo depois disso ainda vem dizer que não é privilegiada”

Já tô até vendo ela indo atrás da fama do Bruno

acho que eles não tão juntos não, Bruno não ficaria com gente que nem ela”

Se ele tiver com ela, logo larga. Gente como ela não serve pra assumir”

Esses e outros ataques tava circulando pela Internet. Eu já estava acostumada com isso. Eu vivi isso a vida toda e devia ter imaginado que teriam esses tipos de ataques se eu começasse ou deixasse aparentar que tenho algo com Bruno. Eu sei que ele é inteligente e muito bem posicionado socialmente e politicamente, mas ele ainda é branco e muitos ainda iam achar que ele e eu não poderíamos ficar juntos.

Eu tive namorados e ficantes bem diversos. Matteo era preto, Yago era preto, e meus relacionamentos com eles eram tranquilos em relação a esse tipo de comentário. Mas sempre que eu me envolvia com uma pessoa branca tinha esse tipo de ataque, não importava se era namoro oficial ou não. Não me entenda mal, eu tenho orgulho da minha cor. Mas o desgaste de uma relação em que, de fora, eu era vista por muitos como inferior por causa dela era desgastante. Bruno não tinha culpa de nada, claro que não. Ele inclusive nem sabia desses comentários. No momento ele estava conversando animadamente com Maique, Lucas, Ricardo e Yoandy. Estávamos num pátio da vila Olímpica comemorando a vitória dos meninos e as medalhas da ginástica feminina.
Eu estava sozinha em um canto, tinha ido ao quarto pegar uma liga pra prender o cabelo, aí depois que voltei sentei e fui olhar os comentários. Não nego que estava arrependida. Mas eles me fizeram pensar.

Estar com o Bruno era perfeito. Ele era perfeito. Um completo príncipe. Seus defeitos nunca apagariam o quanto ele era maravilhoso. Ele me apoiava e eu também o apoiava. Éramos muito fortes juntos. Mas será que ele tava preparado para enfrentar e ver a realidade de namorar uma pessoa preta? Será que eu estava preparada pra ser atacada e diminuída em um relacionamento interracial de novo? Na minha relação com Pedro foi uma situação parecida, mas não era só o racismo e o ódio externo, mas também o interno. Grande parte da família dele me considerava suja e inferior, sem contar as vezes em que ele próprio dizia que, se nós separassemos, ninguém ia querer me assumir. Sei que é mentira. Mas eu era uma mulher apaixonada, quebrada e imersa em i seguranças frutos de relacionamentos falidos, então doía mesmo assim. Ser forte significa que eu aguento, não que eu não sinto.
E ainda teve Giovanni, foi um lindo relacionamento. Mas também escutava comentários bem ferinos vindos de pessoas brancas. Ele era branco e italiano, coincidência interessante inclusive.

Cada Batida do Coração - Bruno RezendeWhere stories live. Discover now