Meu irmão disse que nosso pai combinou que chegaria em torno das três da tarde e conforme essa hora vai se aproximando eu fico cada vez mais nervoso e inquieto, acho que só não estou a ponto de explodir porque o Niall permanece o tempo todo ao meu lado.

-Ele disse se viria sozinho ou traria a família junto? – pergunto ao Daniel, não perguntei muito sobre o que eles conversaram, eu ainda nem tive coragem de ler a carta que ele nos enviou.

-Achamos melhor se ele viesse sozinho hoje, conforme as coisas acontecerem nós decidimos quando e como conheceremos nossa irmã. – Daniel explica e eu concordo, mas ainda é bem louco pensar que temos uma irmãzinha.

Depois disso voltamos a ficar em silêncio e fingir que prestamos atenção no filme até que uma batida na porta me faz congelar por completo.

-Ele chegou. – Daniel diz baixinho e se levanta, quero ir com ele até a porta, mas não consigo, em vez disso só continuo ali sentado e aperto a mão do Niall com cada vez mais força.

Ouço o Daniel abrir a porta e escuto vozes, do sofá onde estou não consigo vê-los, mas posso ouvi-los se aproximando. Sei que a essa altura devo estar até machucando a mão do Niall tamanha é a força com que a agarro, mas ele não reclama, apenas sussurra o quanto me ama e que está ali comigo.

Daniel é o primeiro a aparecer, seus olhos estão marejados e posso ver que ele treme um pouco, e ironicamente é vê-lo tão frágil assim que me dá forças para me acalmar um pouco, hoje ele precisa de mim tanto quanto eu sempre precisei dele.

Respiro fundo e então ele aparece.

Eu não tenho mais nenhuma lembrança do homem ali na minha frente, é uma loucura estar olhando para ele agora e não sentir nenhum amor ou carinho que um filho deveria sentir pelo pai, e surpreendentemente eu também não sinto a raiva que achei que sentiria... Eu não sinto nada e isso é assustador.

Ele me olha com tantos sentimentos refletidos em seu olhar que não consigo decifrá-los, seus olhos vão de mim para o Daniel e depois também para o Niall que ainda está ao meu lado e segurando a minha mão.

O silêncio permanece entre a gente durante alguns longos e tortuosos minutos, até que ele resolve falar:

-Eu estou muito agradecido por vocês me receberem aqui. – ele diz. –Sei o quanto deve estar sendo difícil para vocês dois.

-Difícil é pouco. – Daniel suspira e se senta ao meu lado, eu aproveito e seguro a sua mão porque sei que ele também está precisando de apoio.

Observo enquanto nosso pai se senta na poltrona de frente pra gente, ele é um homem alto e me dou conta de que sou bem parecido com ele, os mesmos olhos e cabelos, também vejo muito do Daniel nele, é uma loucura!

E ele está bem vestido, forte, tão diferente de como a minha mãe é.

Fico aliviado por ele não tentar me abraçar nem nada do tipo porque ainda não sou capaz disso e, pelo que vejo, o meu irmão também não.

-Eu tentei me preparar para esse dia, ensaiei milhões de discursos, mas nem sei o que falar agora. – ele é o único que continua a falar, eu nem abri a boca desde a sua entrada. –Vocês já são dois homens.

-Muito tempo se passou desde que você nos deixou. – Daniel retruca e percebo que mesmo já tendo conversado com ele pelo telefone, esse encontro está sendo bem complicado e impactante para o meu irmão, até porque ele tem muitas lembranças do nosso pai e sofreu até mais do que eu quando fomos abandonados.

-Eu sinto muito por isso, acho que devia começar me desculpando. – nosso pai nos olha e seu olhar curioso recai sobre o Niall mais uma vez, então resolvo que é hora de eu dizer algo também.

Crazy For YouWhere stories live. Discover now