Quinze

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— Vamos marujo, você nunca vai poder comprar aquela caixa de lápis de cor se não tomar coragem e entrar na caverna!

Soojin gritava de cima da árvore em que estava. Jeongguk podia ver o sorriso malandro nos lábios e os olhos determinados. Era fácil para ele falar, não era trabalho do capitão fazer aquele tipo de coisa. Jeongguk nem sempre gostava de ser apenas o marujo, mas sabia que não tinha a liderança e nem a coragem de Soojin. Era sempre o garoto que inventava as brincadeiras, pensava nos dos esconderijos, segredos e enigmas. Jeongguk ficava feliz em poder colocar aquelas ideias no papel, desenhando vários mapas para depois de alguns dias, procurarem os tesouros que eles mesmos tinham escondido. Mas não era assim tão divertido quando algum dos tesouros estava escondido em lugares perigosos como aquele.

— Eu não sei se é uma boa ideia, Soojin. — Deu um passo para trás, buscando consolo nos olhos escuros do amigo. As folhas da árvore faziam sombra no rosto de Soojin, que ainda mantinha aquela determinação em suas feições juvenis. Ele não desistiria.

— Ah qual é, Jeon. — Jeongguk ouviu um barulho abafado de algo atingindo o chão, e logo o garoto estava se aproximando, girando um chaveiro no dedo indicador. — Aliás, é capitão Rahn para você! Aqui, eu já fiz a parte mais difícil que era encontrar a chave, agora você só precisa entrar lá e pegar o tesouro.

Encarou o chaveirinho do Totoro balançar em frente aos seus olhos como se aquilo fosse hipnotiza-lo. Jeongguk não duvidava que talvez fosse esse o caso, Soojin sabia muitos truques de mágica também. Quem sabe fosse mais fácil invadir a caverna caso estivesse sobre algum transe hipnótico.

— Seu pai, quer dizer, o monstro do mar não vai ficar bravo com a gente se entrar ali? — Perguntou, segurando a chave com as duas mãos, com medo de perdê-la no meio da grama alta do quintal de Soojin.

Soojin tirou o chapéu de pirata e ajeitou as mechas bagunçadas, como sempre fazia quando estava pensando ou querendo evitar um certo tópico. Era sempre assim quando falava de seu pai, Jeongguk tinha percebido.

— Bom, é claro que vai. — Por fim ele respondeu, colocando o chapéu de volta na cabeça. — Estamos roubando o tesouro dele! Com certeza o monstro vai ficar furioso, por isso temos que fugir rápido!

Aquela reposta não era lá muito encorajadora, mas o sorriso brilhante do amigo de certa forma era o bastante. Jeongguk respirou fundo e fitou a porta da caverna. Soojin disse que o tesouro estava escondido dentro da pequena casinha de madeira que ficava no fundo do quintal. Ela era assustadora por si só, mas ficava ainda mais quando ele lembrava que o local era supostamente uma caverna habitada por um monstro.

O pai de Soojin nunca foi muito sorridente, afinal.

— Vai de uma vez, eu estou logo atrás de você. — Sentiu a mão do amigo dar uns tapinhas em seu ombro. — Você nunca vai saber o que tem tanto do baú do tesouro se não se arriscar.

Jeongguk suspirou, sabendo que sua curiosidade era maior que seu medo.

Virou a chave na fechadura com cuidado, tremendo da cabeça aos pés quando ouviu o ranger da porta. Tirou a lanterna do bolso do calção e logo a acendeu, tentando procurar qualquer coisa que parecesse um baú do tesouro. A casinha de madeira estava cheia de caixas velhas, vassouras e instrumentos diversos de jardim. Assustou-se com um cortador de grama enferrujado e quase pisou em cima de uma porção de bolinhas de cachorro. O monstro com certeza não limpava aquela caverna fazia tempo. Lá no fundo, depois de passar por teias de aranha e pilhas de jornal, Jeongguk encontrou uma caixa de madeira com uma caveira de papel colada em sua tampa. Sorriu vitorioso, virando-se para trás a fim de mostrar sua façanha para Soojin, mas o garoto já não estava atrás dele. Jeongguk sentiu uma dor no braço e notou que havia se arranhado quando se virou bruscamente. O espaço era pequeno, fazer movimentos rápidos era muito perigoso, concluiu. Segurou o local com a mão e olhou novamente para o baú.

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