Capítulo 22

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Quando Amanda encontrou os olhos azuis de Casey ao passar pela porta, sentiu uma calma extrema a atingir, transparecendo o sentimento com um sorriso largo.
— Você tá bem? — o homem correu até ela e se abaixou ao seu lado, colocando a mão em suas costas.
— Sim, eu tô legal, mas a Connie precisa ir para o hospital, urgente! — A garota olhou para ele aflita e por dois segundos, Matt Casey focou no tubo de caneta arregalando os olhos, mas deixou de lado o susto para agir.

•••

Assim que Kelly Severide tirou Connie na prancha e a colocou na maca para Shay e Gabby levarem, olhou para Amanda saindo com Casey. Pela primeira vez, desde que chegaram ali no quartel, alguns minutos antes, conseguiu respirar normalmente. Então puxou a amiga e a abraçou, depois de soltar o capacete no chão.
Só nesse momento, nos braços do amigo, lembrou do nervoso e medo, como se o sentimento a atingisse em cheio depois que a adrenalina baixou. Amanda fechou os olhos e Kelly lhe depositou um beijo na cabeça, pelos cachos empoeirados.
— Não me assusta mais desse jeito, por favor. — Ele pediu a olhando nos olhos, segurando o rosto da garota com as duas mãos.
— Prometo tentar — sorriu com os olhos marejados e o viu sorrir também.
— Amanda! — A voz desesperada de Antônio Dawson chamou a atenção de todos, e ela se virou em sua direção, logo o vendo correr até ela.
Kelly Severide se afastou depois de apertar levemente o ombro de Amanda e se aproximou dos outros bombeiros.
Num impulso incontrolável, Antônio a beijou ali mesmo, sem pensar que havia tanta gente os olhando, externando a alegria e alívio em vê-la bem depois do susto de ouvir uma explosão cortando a ligação. Pega de surpresa, Amanda demorou dois segundos para corresponder o beijo e assim que o fez, passou os braços por seu pescoço, enquanto o moreno segurava em sua cintura com o braço livre da tipóia.
— É bom ver que está bem — Antônio disse baixo, sem se afastar totalmente da garota, a fazendo sorrir — tá todo mundo olhando pra nós, não é?
— Uhum — Amanda riu ao olhar pelo canto dos olhos e selou os lábios dele antes de se afastarem.
— Precisamos ver essa perna e se não tem alguma fratura interna. — o paramédico se aproximou e tocou o braço de Amanda.
— Eu tô bem, não precisa…
— Precisa sim. Vai, te encontro lá depois. — Antônio a interrompeu e Amanda olhou na direção de Kelly, que arqueou a sobrancelha, mostrando que ela não tinha escolha.
— Ta bom, ta bom — rolou os olhos e seguiu o paramédico até a ambulância, mancando um pouco.
— Foram eles, não é? — Antônio se aproximou de Severide e Casey.
— Ao que tudo indica, sim. — Severide respondeu — Halstead e Voight foram com outras viaturas, cercar o perímetro para encontrar ele e emitiram um alerta para os outros quartéis. — Completou a informação e Antônio assentiu, pegando o celular para entrar em contato com o sargento.
— Vamos, o trabalho só começou. — Matt Casey disse firme ao pegar um pé de cabra e assentiu para o detetive, se despedindo antes de se afastar chamando o restante da equipe da viatura 81.

•••

— Você realmente gosta do Med, né? — Will Halstead apareceu na porta do quarto em que Amanda foi atendida e lhe foi feito um curativo na perna.
— Não quer mais me ver, Will? — arqueou a sobrancelha e com um sorriso, ele se aproximou.
— Se pra te ver, precisa você estar ferida, não quero mesmo! — Amanda riu com a resposta dele e assentiu.
— Como a Connie está?
— Muito bem, principalmente graças a uma traqueostomia de emergência muito bem feita. — Os olhos de Will Halstead demonstravam confusão e grande curiosidade. Mas Amanda permaneceu em silêncio e desviou o olhar.
— Fico feliz que ela esteja bem. — O médico se sentou na cama ao lado da garota, sem dizer nada por alguns segundos.
— Acho que esperava mais animação por saber que ajudou a salvar uma vida… — Amanda o olhou ao ouvi-lo e respirou fundo, lembrando claramente daquela cena que viu em sua mente. Aquela lembrança trouxe uma certeza que não sabia o que ela envolvia.
— Sou paramédica, ou era. — Amanda admitiu em voz alta aquilo que descobriu sobre si mesma horas antes. Will a encarou por alguns segundos, com o cenho franzido — Quando vi a Connie sem conseguir respirar, me fez lembrar… Na hora eu apenas soube exatamente o que fazer, como se eu já tivesse feito antes e tive um flash muito claro, eu trabalhando como paramédica — respirou fundo e os olhos ficaram distantes, confusos.
— Mandy? — Antônio Dawson chegou na porta e entrou assim que a morena e o médico olharam em sua direção.
— Bom, você está liberada, tente não voltar aqui tão cedo — Will pulou da cama e Amanda sorriu assentindo, então ele a olhou como que lhe passando um encorajamento, não precisava ter medo de suas próprias lembranças, as respostas viriam.
— O pessoal do 51 também está aí — Antônio apontou para trás de si com o polegar e viu Amanda pular da cama, para se aproximar dele. — Falei com o Voight e conseguiram pegar um dos terroristas, planejavam explodir outro quartel…
— Que loucura! Mas ainda bem que pegaram. — levantou as mãos para o céu, como que agradecendo.
— Vamos precisar que vá fazer um retrato falado do homem que disse ter ido no 51. — Amanda apenas assentiu e o encarou por alguns segundos, antes de segurar na mão dele, afastando todo sentimento de insegurança quando os dedos entrelaçaram.

— Oi casal! — Herrmann cumprimentou animadamente quando os dois chegaram na sala de espera. Amanda deu um sorriso de canto, meio sem graça e Antônio apenas passou a mão na nuca.
— Como você tá, baixinha? — Joe Cruz perguntou se aproximando e ela mostrou o curativo na perna.
— Apenas com um curativo de guerra — brincou ao dar de ombros e encontrou os olhos de Matt Casey a observando um pouco para trás dos outros, mais afastado.
— Eu preciso ir no distrito… — Antônio avisou, soltando a mão de Amanda.
— Vou com você, quero fazer logo esse retrato falado, para acharem o desgraçado. — O detetive a olhou preocupado.
— Não é melhor você descansar…? — A pergunta fez Amanda olhar para os bombeiros antes de responder.
— Não vou descansar bem se esse terrorista estiver por aí… — Antônio assentiu uma vez e saiu do hospital depois de se despedir dos bombeiros com um aceno.
— Como estão as coisas no 51? — Amanda perguntou ao ficar sozinha com os amigos do quartel.
— Vamos reerguer tudo, o estrago não foi tão grande! — Herrmann deu de ombros, um olhar confiante. — E você não precisa ir no Molly's hoje, tira a noite de folga. — Piscou para ela.
Amanda assentiu e quando eles se viraram para irem embora, seus olhos encontraram novamente os de Casey por alguns segundos, antes de seguirem os outros.
— Fico feliz que esteja bem, todos ficamos. — Ele disse casualmente, sem olhá-la e sorriu de canto, lhe formando uma covinha na bochecha.
— Acho que preciso parar de atrair tanta adrenalina. — Ela quebrou o gelo com uma leve risada, sentindo que havia algo de pesado no clima que os envolvia.
— Concordo — ele também riu — você é muito importante pra todos nós, não esqueça disso. — Amanda assentiu e recebeu um abraço do bombeiro.
"— E esses pôsteres? Gatinho demais esse loiro de olho azul…  O nome dele é como mesmo?
— Jesse. Jesse Spencer. — Amanda respondeu ao se jogar na cama."
A lembrança apertou seu peito, mesmo sem saber o motivo. Loiros de olhos azuis não eram algo raro, então não ajudava muito saber aquelas características, ela não levariam a alguma resposta. Sentiu uma pontada de leve na cabeça ao mesmo tempo que flashes apareciam. Uma casa, um quarto, ela sentada em frente uma TV. Quem era Jesse Spencer?
O carro de Antônio estacionou bem na frente deles, a tirando de seus pensamentos que causaram um desconforto em seu estômago.
Deu um leve sorriso, apertando os lábios em uma linha fina e deu dois tapinhas no peito de Matt Casey, antes de seguir até o carro de Antônio.

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Nota da autora: Okay, esse é o capítulo que mais me deixa agoniada. ELA LEMBROU DE UM JESSE MEU DEUS.
Para quem não assiste a série e está lendo a história, Jesse Spencer é o nome do ator que interpreta o Matt Casey na série.
E ganhou o bolão, quem achou de Amandinha é paramedica.

Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora