-Aonde você estava? -pergunto e ele me olha.

-Tinha saído para comprar umas coisas com Yeosang, porque? -engulo em seco e respiro fundo, olhando no fundo dos olhos dele.

-Porque você parou de falar comigo? -pergunto e ele passa a mão pelo cabelo.

-Você realmente se importa sobre isso?

-Claro que sim, por qual outro motivo eu estaria aqui? -ele dá um sorrisinho cínico e me olha, fazendo meu coração acelerar ainda mais.

-Para dizer que você ainda gosta de mim e fazer com que eu corra atrás de você como um cachorrinho só para não ter seu ego machucado. -fico um tempo em silêncio, digerindo o que ele disse.

Então é isso? Para todo mundo está claro que eu gosto dele mas não admito porque eu vejo isso como uma fraqueza? Todo mundo acha que eu quero que ele corra atrás de mim mesmo que eu não vá corresponder?

-Eu não estou afirmando nada, só estou dizendo que é isso que parece. Mas se você realmente se importa, esse foi o motivo. Eu não quero e não vou mais correr atrás de você, eu não quero ficar me alimentando com migalhas do seu amor. -olho para ele outra vez, sentindo minha garganta seca.

-Você diz como se eu não tivesse o direito de ficar com um pé atrás. -minha voz sai baixa e calma, diferente do que eu queria.

-Não, não estou dizendo isso. Eu não posso cobrar que você confie em mim, mas eu também queria que você acreditasse que eu não trai você. Se eu realmente quisesse ficar com a Soheon você acha que eu estaria aqui me arrastando atrás de você?

-Se você não me traiu, como foi parar lá? Quem ajudou ela? -pergunto, sentindo meu corpo tremer.

-Você quer mesmo estragar suas férias com isso? Não pode esperar até chegarmos em Seoul? -cruzo os braços e respiro fundo outra vez.

-Porque?

-Você vai ficar magoado quando descobrir, eu estou pensando em você e não em mim. Se estivermos em casa vai ser mais fácil para você, porque ninguém além de você vai te ouvir chorando. -balanço a cabeça e passo a língua pelos lábios.

-É bem idiota da sua parte continuar conversando com essa pessoa sabendo o que ela fez. -falo e ele assente.

-Como eu já disse aquele dia, eu descobri pouco tempo depois. Já faz muito tempo desde que aconteceu, eu tive tempo para ficar irritado e também para saber o porque ele fez isso.

-Ele?

-Sim, ele. -mordo o lábio para não falar nada estúpido e olho para meus próprios pés.

-Tem mais alguma coisa que você quer me falar? -pergunto, sentindo o ar sumir de meus pulmões.

-Não precisa se preocupar com nada, eu não vou mais beijar você ou me irritar quando você beijar alguém. É difícil dizer mas não tinha como a gente ter um futuro juntos. -olho para ele e ele faz o mesmo.

-Como você pode ter tanta certeza? -ele dá de ombros e dá um passo em minha direção.

-Você nunca vai acreditar em mim, mesmo depois de saber toda a verdade. -descruzo os braços e dou um passo a frente também.

-Porque você está fazendo isso? -pergunto e ele franze as sobrancelhas.

-O que? Só estou sendo sincero. -ele diz parando a centímetros de mim e eu olho para ele.

-Sincero? Você tá de brincadeira comigo -reviro os olhos- Você quer que eu me ajoelhe diante de você e  beije seus pés? -ele assente com um sorrisinho.

-Seria legal mas não precisa, não quero fazer você perder tempo comigo. -ele diz e eu mordo o lábio para não me irritar ainda mais.

-Você pode parar de dizer isso, por favor.

-Eu sei que ouvir a verdade dói, mas é preciso.

-Por favor, cala a boca.

-Eu não posso, eu ainda tenho muita coisa para dizer.

-Pois então guarde para você, porra -grito com ele que se afasta um pouco, talvez surpreso pela minha reação- Eu estou tentando dizer que estou me arrependo de como te tratei esses últimos dias e você fica repetindo como um disco furado que não temos chance, só cala a porra da boca e me escuta por um minuto. -passo a mão pelo cabelo e ele pisca devagar.

-Ok, me desculpa?

-Eu não lembrava de você, de verdade. Mas agora eu lembro de tudo que aconteceu e também lembro de quando você saia da aula e ia até a minha casa implorando para que eu abrisse a porta. -desvio os olhos dos dele, me sentindo envergonhado- No último dia que você foi lá, eu estava ouvindo tudo e me senti péssimo quando você pediu para que eu não desistisse e no outro dia e nos meses seguintes, eu esperei por longas horas você aparecer e pedir para eu abrir a porta. Eu estava me sentindo péssimo por saber que você tinha desistido.

-Se você ouviu porque não abriu a porta? -ele pergunta e eu ignoro sua pergunta.

-Teve um dia em que eu bebi muito e ingeri alguns remédios, desde esse dia eu não lembrava mais de você. Foi como uma amnesia alcoólica, mas única e exclusivamente para esquecer você. Não está sendo fácil para mim também, ou você acha mesmo que eu quero ficar fugindo assim e não resolver nada? -engulo em seco, sentindo minha garganta doer.

-Você sabia onde me encontrar, eu não mudei de número, porque você não ligou? Eu fiquei esperando todo esse tempo que magicamente seu nome brilhasse na tela do meu celular com uma nova chamada.

-Eu não lembrava de você, a primeira vez que eu sai de casa foi para ir em um bar e isso aconteceu. Não deu tempo de lembrar do seu número e eu estava muito ocupado por ter que recomeçar a faculdade. -ele balança a cabeça e me olha.

-E o que você pretende fazer? Você se arrepende e vai continuar agindo do mesmo jeito? -mordo o lábio e balanço a cabeça.

-Eu não sei, eu sei que fui babaca por ter beijado nosso vizinho mas isso não importa -falo ainda sentindo o ar faltar e então respiro fundo- Eu só.. só não quero que você desista, tudo bem? Eu sei que é egoísta da minha parte mas você esperou tanto tempo por mim mesmo sabendo que eu poderia ignorar você para o resto da minha vida, então espere mais um pouco. -engulo em seco, me aproximando um pouco dele.

-Eu estou cansado de esperar. -ele dá um sorrisinho triste, me encarando profundamente- Quem sabe quanto tempo mais eu vou ter que esperar? Eu posso esperar e esperar para no final você dizer que não me quer mesmo sabendo que eu não fui o culpado.

-Isso não vai acontecer. -sussurro chegando mais perto, deitando a cabeça em seu ombro- Por favor..

-Tem certeza? Eu não estou afim de esperar por nada. -ele me abraça, deixando um beijinho em meu cabelo.

-Você sabe que eu ainda gosto de você, eu estou confiando em você então confie em mim também. -falo o abraçando de volta, sentindo o ar voltar para meus pulmões aos poucos.

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