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Sábado.


22:00.

O dia hoje foi tão calmo que eu nem acredito que quase morri umas dez vezes, eu pensei e repensei em como vou dizer para Mingi que quero que ele fique comigo mas não consegui chegar a uma resposta.

Agora ele está sentado em minha frente, me encarando com seus lindos olhos escuros. Ele está lindo mesmo vestindo roupas normais.

-Como você está? -ele pergunta e eu dou de ombros.

-Estou bem, e você? -ele dá de ombros também.

-Estou bem. -ele diz e eu balanço a cabeça, sem saber o que dizer.

Eu nunca sei o que falar quando estou com ele, as palavras se misturam na minha cabeça e eu não consigo pensar em nada.

-Você disse que tinha algo importante para falar, o que é? -ele pergunta e eu engulo em seco, sentindo meu coração bater rápido.

-Sobre ontem..

-Estou ouvindo. -ele diz e eu pego um cigarro no meu bolso, vai ser mais fácil assim.

-Eu estava falando sério quando disse que queria você. -trago a fumaça do cigarro e ele me olha sob os cílios.

-Estava mesmo? -ele pergunta e eu assinto.

-Eu não quero apenas beijar você e ir embora, como se eu sentisse só tesão e não amor por você. Nós sabemos que não é só isso e eu estou cansado de fingir que é. -solto a fumaça e respiro fundo.

-Se sabia que estava fingindo, porque continuou com esse sofrimento? Você por acaso é um masoquista? -olhos idênticos aos de um felino me encaram tão profundamente que poderiam atravessar minha alma.

-Podemos descobrir, hum? -provoco e ele deixa um sorriso de lado transparecer nos lábios bonitos.

-Não temos muito o que enrolar sobre isso, hum? Você me quer, eu te quero. Simples, todo esse sofrimento foi atoa. -ele diz e eu nego com a cabeça.

-Não foi atoa, foi bom para o nosso amadurecimento. Olhe para nós, babe. Não somos os mesmos daquele ano novo fodido, estamos tão diferentes que eu não me reconheceria se voltasse no tempo. Não falo em questões físicas, mas emocionais. -falo batendo o cigarro, tirando o excesso de cinza.

-Quanta palavra bonita. -ele diz bebendo um gole de seu vinho e me olha outra vez- E então?

-Vamos ficar juntos. -digo simplista, com um dar de ombros- Vamos fazer com que o excesso de amor e tesão seja nosso problema, nosso único e mais belo problema. -falo e ele franze as sobrancelhas.

-O quer dizer com isso? -ele pergunta e um sorrisinho cresce em meus lábios.

-Eu quero tanto foder você e depois fazer amor que você não vai conseguir andar por duas semanas, quero que esse seja nosso único problema. -falo e ele passa a língua pelos lábios.

-Tem certeza que você me ama e não quer só me comer? -ele pergunta esvaziando a taça de vinho e eu o olho sob os cílios.

-Eu quero te comer, mas quero comer com amor. -ele sorri envergonhado e então desvia os olhos, enchendo a própria taça com o vinho quente.

-Qual é a sua de sempre beber bebida quente? -ele pergunta desviando do assunto mas suas bochechas ainda estão vermelhas.

Ele é o homem mais lindo que eu já vi.

-Faz com que o álcool suba mais rápido. Eu gosto da sensação de estar bêbado, então assim não preciso beber tanto para ficar alto. -falo e ele assente.

-Parecemos estranhos agora, nem parece que já fomos tão íntimos há alguns anos. -ele diz com a voz mais grave e meu corpo se arrepia.

-Claro que somos diferentes, mas eu não acho que parecemos estranhos. Só não nos acostumamos com a sensação de paz entre nós, muita coisa mudou e isso é fato. Mas ainda somos tão íntimos quanto. -falo tragando o cigarro outra vez e ele bebe um gole longo do vinho.

-É tão estranho pensar que vamos seguir em paz de hoje em diante, sem brigas nem nada. -Mingi diz e eu assinto.

-É uma nova história, com personagens antigos. -falo dando de ombros e meus olhos encontram os dele, fazendo as borboletas acordarem de seu sono profundo.

Uma por uma. Rodeando além do meu estômago, estão por todo lugar enquanto meus olhos dizem tudo que eu não consigo dizer em voz alta. O olhar que trocamos é intenso, muito intenso.

É algo diferente de tudo que já aconteceu entre nós. Há diálogo sem palavras, tudo parece tão limpo, calmo, tão.. nós? Tenho a sensação de que finalmente nos encontramos, que finalmente sabemos quem somos quando estamos juntos um do outro.

Respiro fundo, piscando devagar.

-Sua língua ainda se recorda do sabor dos meus lábios? -canto num sussuro junto com a música baixa e Mingi passa a língua pelos lábios.

-Eu acho que preciso refrescar a memória. -ele diz ainda sem desviar os olhos e meu corpo todo gela.

Tudo é novo agora, é como se estivéssemos começando do zero em uma outra vida. Todo esse tempo de brigas e desentendimentos desnecessário parecem ser apenas uma memória de um sonho antigo, algo que não deve ser recordado pois deixa um amargo na boca assim como beber dipirona pura.

Mingi se levanta e me estende a mão, seus olhos ainda me encaram como se eu fosse tudo presente ali. Não existe nada além de nós dois na sacada do apartamento dele, existe apenas o nós.

Apago o cigarro e seguro a mão dele, caminhando lentamente até seu quarto. A única luz presente dentro do quarto é a da lua, tão fraca que é quase inexistente.

Mingi se senta na ponta da cama e me puxa para sentar em seu colo, deito a cabeça em seu ombro e respiro fundo, sentindo seu cheiro acalmando meu coração.

-Não é engraçado como estamos aqui mesmo depois de todos esses anos? Quando nos conhecemos éramos felizes mesmo com as brigas mas era cansativo, e então tudo acabou e se tornou um pesadelo e agora estamos aqui. -ele diz acariciando minha coxa e eu assinto.

-Algumas coisas são difíceis de entender. -sussurro, deixando um beijo demorado no pescoço dele.

Meus olhos encontram os dele outra vez e ele se aproxima lentamente até que nossos lábios estejam juntos, iniciando um beijo calmo. Ele se deita na cama e eu fico por cima dele, o beijando como se fosse a primeira vez.

Beijar ele é a melhor coisa que existe no mundo, nunca foi tão bom beijar alguém como é beijar Song Mingi. E olha que já beijei muitas pessoas durante minha vida toda.

As mãos dele seguram minha cintura e eu interrompo o beijo, encarando seus olhos. Em um tipo de diálogo silencioso ele sorri, dizendo que está pronto para os próximos passos. Vamos fazer amor e depois foder até as pernas não conseguirem andar.

Volto a beijar ele enquanto tento tirar minha roupa, em uma bagunça engraçada. Ambos já livres de toda roupa nos encaramos outra vez, eu ainda estou por cima, nu e completamente exposto.

-Você é tão lindo. -Mingi sussura acariciando meu rosto e eu dou um sorrisinho.

Ele me deita delicadamente na cama e então começa a distribuir beijos pelo meu pescoço, tocando meu corpo, me excitando. Fecho os olhos, aproveitando a sensação gostosa que a ponta dos dedos dele causam em meu corpo.

Me afundando no prazer inebriante que é estar na cama com ele.

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