Our Problem • SanGi •

01

Sexta feira.

09:30.

Acordo com o alarme do celular tocando alto, são nove e meia da manhã. Coço os olhos e suspiro profundamente, cansado por saber que vou ter um dia cheio.

Estico o braço para pegar o celular e ver algumas mensagens antes de me levantar para tomar meu costumeiro banho da manhã. Franzindo as sobrancelhas suspiro outra vez e abro as mensagens.

~×~
• Gostosos e Hongjoong •

Joong: Vocês sabem quando o Mingi chega?

Wooy: Ele disse que já estava chegando.

You: Quem é Mingi afinal? Vocês
não param de falar nele desde ontem.

Seonghwa: É o garoto que
cursa moda junto comigo.
Seonghwa: Ah, ele vai ficar no
mesmo quarto que você.

You: Porque?

Seonghwa: Seu quarto é o único
que ainda tem uma cama com espaço.

~×~

Revirando os olhos me levanto da cama e caminho até o banheiro para escovar os dentes, afinal não posso falar com o tal Mingi com mal hálito.

As batidas na porta chegam aos meus ouvidos e eu saio do banheiro com a escova de dentes ainda na boca, respirando fundo giro a maçaneta e puxo a porta, encarando o garoto alto a minha frente.

-Bom dia. -digo com a boca cheia de espuma e um sorriso que sequer chega ao meus olhos.

-Bom dia.

-Entra. -é só o que eu falo antes de me virar e caminhar até o banheiro novamente.

Franzo as sobrancelhas enquanto encho a boca de água, acho que eu posso estar julgando mal o garoto sentado na ponta da cama. O que ele fez de tão ruim para que eu o odeie tanto assim? Aliás, porque eu o odeio se nem o conheço?

Minha mente insiste em dizer que conhece os ombros largos e o nariz pontudo do garoto. Resolvo ignorar esse pensamento por agora caminhando para o quarto outra vez.

-Porque você chegou depois da gente? -pergunto me sentando na cadeira de frente para ele.

-Eu perdi o voo para cá, então tive que esperar um pouco mais.

-Entendi. -falo ainda sem conseguir engolir o pensamento de antes- Eu vou sair um pouco, até mais. -falo me levantando, engolindo em seco.

Se Mingi é do curso de moda e conhece Seonghwa, talvez esse seja o motivo de seu rosto não ser estranho. Mas algo diz que não é só por isso, os cabelos escuros e a pinta abaixo do olho não são simples características de alguém que passou brevemente por minha vida.

Respiro fundo o ar fresco, vendo várias pessoas sorrindo e andando para lá e para cá. O clima de Las Vegas é realmente muito bom, aqui parece que todo mundo está sempre feliz e não tem nenhuma preocupação.

-San -ouço a voz de Jongho e me viro para trás, vendo o mesmo correr até mim.

-Oi. -falo com um sorrisinho quando ele passa o braço pelo meu ombro.

-Fiquei sabendo que o Mingi já chegou, vocês se deram bem? -faço uma careta e continuamos andando.

-Eu não sei, não falei com ele direito.

-Você não gostou dele? -dou de ombros e respiro fundo.

-O que você sabe sobre ele? Eu nunca vi esse garoto na minha vida. -Jongho dá um sorrisinho e eu franzo as sobrancelhas- O que foi?

-Vocês já tiveram um caso, você não lembra? -balanço a cabeça e Jongho revira os olhos- Você sabem quem ele é, mas como faz muito tempo sua mente deve ter apagado ele para diminuir o sofrimento.

-Você está de brincadeira comigo, não é? Desde quando eu iria me envolver com um garoto estranho como ele? -falo e Jongho ri outra vez, entrando em uma lojinha.

-Não tem muito o que saber sobre ele, assim como você ele é nosso amigo. Nada mais. -ele diz ignorando minha pergunta e eu reviro os olhos.

-Desde quando vocês são amigos? -ele me olha sob os cílios e anda em direção ao caixa.

-Muito tempo, você que não se lembra. Vocês cortaram mesmo qualquer contato possível, ein? Para não se lembrar nem do rosto dele deve ter sido um término doloroso. -ele diz quando saímos da lojinha e eu fico parado.

-O que é? -ele pergunta quando vê que eu não comecei a andar com ele.

-Porque você insiste que eu tive alguma coisa com aquele mongão? Isso só vai fazer com que eu goste menos ainda dele. -ele revira os olhos e me puxa pelo braço, ignorando totalmente minha pergunta.

-Vamos voltar para o hotel, assim você conversa com o Mingi e vê se lembra alguma coisa. -é só o que ele diz antes de ficar em silêncio.

~×~

Respiro fundo pela segunda vez e abro a porta, vendo ele sentado com os pés em cima da cadeira. Ele me olha brevemente e dá um sorrisinho, como quem diz "bem-vindo de volta".

-Ei, você -chamo e ele me olha com as sobrancelhas franzidas.

-Hum? -ele não desvia os olhos do celular e eu respiro fundo.

-Ei, dá pra largar o celular por um segundo? -pergunto um pouco irritado e ele bloqueia a tela do celular, rindo em seguida.

-Você não mudou nada.

-Como assim não mudei nada? Você me conhece? -pergunto um pouco mais calmo e ele assente.

-Nós, sabe -ele engole em seco- Você sabe, a gente quase namorou há um tempo. -franzo as sobrancelhas e ele me olha.

-Ah, qual é? Você também com essa história de que a gente quase namorou? Vocês estão brincando comigo, não é? -falo com um sorriso irritado e ele fica sério.

-Porque eu brincaria com isso? -eu quem engulo em seco dessa vez, sentindo seu olhar arrepiar meu corpo.

-Você não se lembra de nada mesmo? De nenhum momento? -balanço a cabeça, querendo voar no pescoço dele por dizer tanta coisa sem sentido.

Ele não diz mais nada, deixando um silêncio estranho entre nós. Me sento na cama e respiro fundo, alguns momentos começam a passar pela minha cabeça, me fazendo fechar os olhos pela dor de cabeça.

Em um deles eu estou correndo na praia com ele, outro sou eu acariciando o rosto dele enquanto ele dorme e outro sou eu chorando enquanto olho uma foto.. dele.

-Ei -chamo com a voz mais calma e baixa dessa vez, sem olhar para ele- Ah gente realmente tinha alguma coisa? -olho para ele que assente.

-A gente já até dormiu juntos, mas não foi nada além de dormir. -ele diz com um sorriso triste- Mas se você não lembra, não tem problema até porque -seus olhos encaram os meus profundamente, me fazendo arrepiar- Você decidiu ir embora sem ao menos falar comigo.

Pisco devagar e desvio os olhos, sentindo um nó na garganta. Sem falar mais nada me levanto da cama e saio do quarto outra vez, me sentindo um pouco sufocado por tantas lembranças vindo átona tão de repente.