Me levanto da cadeira e caminho para dentro de casa, decidido a parar de beber e tomar um banho gelado para relaxar. No fundo eu realmente acredito que Mingi esteja certo e estou com medo de magoar meu ego? Ou eu só estou com medo de chorar tanto e de doer como doeu de novo a ponto de eu esquecer ele outra vez?
Entro devagar no quarto e a luz ainda está acesa, mas Mingi está dormindo. Pego minha toalha e caminho até o banheiro, sem enrolação tiro a roupa e entro embaixo do chuveiro, deixando a água gelada fazer meu corpo arrepiar.
Porque eu acharia que Mingi está certo? Todo mundo a minha volta parece saber a verdade menos eu, todos parecem saber o que realmente aconteceu menos eu. Porque eu não posso saber quem foi o culpado ou culpada da nossa separação?
É alguém que eu confio cegamente e não querem me dizer para evitar que eu sofra? Pensar nisso faz com que minha mente pegue fogo. Respiro fundo e jogo a cabeça para trás, deixando a água cair em meu rosto.
Se eu ao menos eu soubesse quem foi o verdadeiro culpado de tudo isso, talvez eu pudesse parar de duvidar tanto. Desligo o chuveiro e seco meu corpo, encarando por alguns segundos meu reflexo no espelho.
Minha cabeça dói e o gosto amargo da bebida me deixa enjoado. Aproveitando que já estou no banheiro pego minha escova de dentes, enquanto escovo os dentes fico me encarando no espelho.
-Que tipo de pessoa é você? -pergunto para meu reflexo, sem obter nenhuma resposta de volta.
Limpo a boca e saio do banheiro, em seguida visto um short confortável e opto por dormir sem blusa. Me sento na cadeira e pego meu celular, agora que de certa forma eu "recuperei" a memória eu me lembro que tenho um álbum só com fotos nossas.
Eu tinha arquivado e agora desarquivei, não sei se foi uma boa ideia mas as fotos me deixam com um sorrisinho idiota nos lábios. Mesmo depois de ter fugido dele como uma criança foge para não apanhar de seus pais, eu sempre olhava nossas fotos. Vezes com os olhos cheios de lágrimas e vezes com eles pesados por ter chorado tanto.
Quando ele batia na porta e chamava meu nome, doía muito. Escutar ele implorando para que eu abrisse, a voz falhando pelo choro doía. Doía ainda mais não conseguir me levantar e abrir a porta por estar me sentindo sujo.
Doeu ainda mais quando dias se passaram e nada dele bater na porta, a última vez em que ele bateu eu estava tão perto, se a porta magicamente sumisse nossas mãos iriam se tocar. A voz dele já não soava desesperada, ele estava cansado.
~×~
Algum tempo atrás
17:30
Sexta-feira.
-San, por favor... -a voz dele está rouca, como a minha fica depois de chorar por horas- Eu nem consegui me concentrar na aula hoje pensando em você, se você está me ouvindo abra a porta...
-Eu não posso. -murmurei para mim mesmo, sentindo as lágrimas quentes escorrendo pela minha bochecha.
-Eu sei que você está magoado mas precisamos conversar, por favor, apenas uma última vez. -ele sempre diz isso quando vem aqui nesse mesmo horário, mas agora sua voz não parece ter a mesma urgência.
-Eu nem sei se você está ouvindo -ele dá uma risadinha triste e continua: -Eu vou embora, mas.. eu ainda gosto de você, muito. Quero que saiba que eu não fiz aquilo e se caso um dia você quiser saber a verdade eu estarei te esperando...
Mordo o lábio para não falar nada, ele vai desistir?
-Por favor, não desista de mim.. por favor.. -ele diz tão baixo que quase não dá para ouvir.
E então o barulho de seu sapato batendo no chão começa a ficar cada vez mais distante, até que eu não consigo ouvir nada além do silêncio. Meu coração está doendo tanto que eu sinto que posso morrer.
Como ele pede para que eu não desista dele depois de tudo?
~×~
Naquela época foi realmente difícil sair do apartamento, meses depois do acontecimento eu finalmente saí para ver a luz do dia. Tive que recomeçar a faculdade e não encontrei ele em lugar nenhum e quando acontecia eu não reconhecia ele.
Eu sentia que sabia de onde ele era mas nunca chegava a perguntar alguma coisa, achava que era coisa da minha cabeça. Eu gostaria de saber como eu fui capaz de esquecer tudo o que a gente viveu por tanto tempo.
Desligo o celular e me levanto, apago a luz e me deito de costas na cama. Como de costume estou encarando o teto escuro, buscando alguma resposta para as milhares de perguntas que ocupam minha mente o tempo todo.
Todo mundo lá fora parace estar se divertindo e eu estou aqui, deitado ao lado dele enquanto me pergunto o que eu devo fazer.
Me viro na cama ficando de frente para as costas largas dele, hesitante o abraço e entrelaço nossas pernas. Ser a conchinha de fora é estranho quando ele é maior que eu.
-Mingi? -sussurro e o silêncio continua- Está dormindo? -nenhuma resposta vem e então eu continuo: -Tenha bons sonhos. -sussurro deixando um beijinho em sua bochecha.
Fecho os olhos e afundo meu nariz no pescoço dele, sentindo o cheiro suave e doce que ele tem. Eu senti falta de dormir agarradinho com ele todas as noites.
YOU ARE READING
Our Problem • SanGi •
FanfictionHá um tempo, San conheceu um garoto por quem se apaixonou perdidamente. Nada mais existia em sua vida além daquele garoto, ele era tudo que importava para si, o centro de seu mundo. Para Mingi foi o mesmo, era tão apaixonado por San que não sabia se...
