Capítulo 9.

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Iam...

Olho para o portão de desembarque esperando meu pai aparecer, alguns minutos depois eu o vejo andando em meio ao vai e vem de pessoas que transitam pelo aeroporto, sua cabeça reluzente desprovida de cabelos é a primeira coisa que vejo, os inseparáveis óculos de armação grossas empoleirado em seu nariz, suas roupas casuais, e um brilhante sorriso no rosto ao me ver.

- Pai! – Falei assim que ele se aproximou, seus olhos ainda brilham toda fez que eu o chamo de pai, mesmo depois de todos esses anos.

Martin é meu tio, mas foi o único pai que eu conheci na minha vida, já que meu pai morreu antes de eu nascer e ele quem me criou, ele quem foi e é meu exemplo. Em algum momento durante uma discussão na adolescência eu o chamei assim, como eu já me sentia a muito tempo, mas não tinha coragem de falar, na mesma hora ele parou o discurso sobre festa, drogas e gravidez e me abraçou chorando, dizendo que aquele era o melhor presente que eu podia lhe dar.

- Estava com saudade. – O abracei apertado.

- Também estava com saudade, meu filho. – Falou se afastando para me olhar direito, mas mantendo as mãos em meus ombros. – Deixe-me ver você. – Seus olhos me analisaram.

- Estou saudável pai, faço exames periodicamente. – Ele insiste que eu faça sempre exames e que eu me cuide.

- E a alimentação? – Perguntou se afastando um pouco mais.

- Estou me alimentando bem, não se preocupe. – Peguei a bolsa de viagem que estava sobre a mala e a pendurei em meu ombro.

- Claro que eu me preocupo você a meu filho. – Retrucou enquanto seguíamos em direção a saída.

- Eu sei, pai. – Sorri o olhando por alguns segundos. – Mas eu lhe prometo que estou bem e me cuidando.

- Tudo bem. – Paramos perto do meu carro.

- Você? Está se cuidando? – O olhei.

Claro, sempre me cuido. – Sorriu pra mim. – E quanto a garotas? – Questionou colocando a mala no porta-malas recém aberto. – Tem alguma mulher especial em sua vida?

- Fora as minhas amigas, não. – Fechei o porta-malas. – O senhor sabe que eu não busco esse tipo de envolvimento, estou muito bem vivendo a minha vida assim.

- Um dia você vai encontrar a mulher certa. – Entrou no carro. – Vai por mim, quando a pessoa certa aparece nada mais importa, só estar juntos importa. – Uma nuvem de melancolia passou por seus olhos e não pude deixar de me sentir triste por ele.

Meu pai se amou de verdade uma vez na vida, eu tinha 17 anos quando ele me apresentou Lucian, seu companheiro, eles já estavam juntos há um ano, mas meu pai não sabia como contar ao filho adolescente que é gay, como se eu não soubesse. Eles viveram felizes, a relação dos dois era muito bonita, um exemplo de amor e companheirismo, até que Lucian deve uma convulsão e no hospital descobrimos um tumor cerebral grande, maligno e agressivo, ele morreu três meses depois, isso faz quase 7 anos, mas eu sei que ainda dói no meu pai que se afundou ainda mais em trabalho depois da morte do marido.

- Se o senhor diz. – Dei de ombros sem querer me estender no assunto. – Eu estava pensando em na quinta na hora do almoço levar o senhor até o Sr. Mungus. – Sempre que está aqui ele faz atendimento no orfanato. – Para checar as crianças. – Falei com o carro em movimento.

- Não seria melhor ir no final de semana que você não trabalha? – Falou preocupado com eu perder tempo de trabalho.

- Pensei em voltarmos no fim de semana para visitar e passar um tempo com as crianças. – Parei o carro em um sinal. – Na quinta eu posso deixá-lo lá na hora do almoço e volto pra lhe buscar no fim da tarde.

Marcados pelo Acaso - Meu Clichê (Livro 4) (Concluída)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora