Capítulo 7.

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Natalie...

Embalo o nada pequeno Arthur em meus braços, está na hora de tirar a soneca da tarde, mas ele se recusa a dormir, os olhos azuis vivos me observando como se entendesse o que faço ou falo. Ele é tão fofo e parece ter vários meses de vida e não apenas um mês, Tulipa está sentada na cadeira de balanço depois de ter dado de mamar, Ellen também nos acompanha, tem mais gente lá embaixo, sei que não deveríamos vir todos de uma vez, mas quem resiste a esse bebê?

- Olha o mobile que a tia trouxe. – Mostrei o mobile de dinossauros que eu comprei pra ele, o garoto sorriu e olho mexendo os bracinhos. – Você gostou dele? – Ele me olhou como se entendesse. – Gostou né.

- Acho que ele gosta de dinossauros. – Tulipa falou. – De todas as pelúcias, o triceratops é o preferido.

- Tem algum bicho que o Adam ainda não comprou de pelúcia? – Perguntei rindo, pois eu nem precisava perguntar pra saber que o dinossauro tinha vindo dele.

- Quando Adam esgotou os animais ainda vivos começou com os extintos. – Ellen falou rindo.

- Próximo passo são os animais fictícios. – Tulipa riu.

- Ele chegou essa semana na creche com um pelucio. – Ellen deu de ombros.

- Falta mais nada então. – Tulipa comentou.

- Sabe o que falta? – Encostei um dinossauro na barriguinha de Arthur que fez um barulhinho fofo de bebê. – Falta esse rapazinho dormir, hem, que tal dormir.

- Pode me dar ele que eu o embalo. – Tulipa falou.

- Que nada, ele pesa bastante, estou lhe dando um descanso, aproveita. – Respondi.

- Esses descansos são ótimos, eu bem sei. – Ellen comenta se levantando. – Vamos descendo depois a gente se encontra.

Deve ser ótimo, ter alguém para ajudar ainda mais no primeiro filho, Meg e Henry tem a mãe do Henry que sempre está muito animada por ter a neta consigo, Ellen e John tem os pais dos dois para ajudar e sempre que precisam sair às crianças ficam com eles. Tulipa e Andrew tem a nós, a tia de Tulipa é uma presença constante aqui, mas minha amiga jamais permitiria que seu filho ficasse na casa que ainda lhe causa arrepios e o relacionamento das duas está se ajeitando ainda.

Apenas acenei para as duas que saíram do quarto me deixando sozinha com o bebê em meus braços, o mês de licença de Andrew está terminando e ele está quase enlouquecendo por ter de deixar esposa e filho sozinhos enquanto estiver fora, mesmo com Jocasta em casa, ele é muito protetor com ela e o bebê, é uma coisa linda de se ver.

Viemos hoje aqui na tentativa de ajudá-lo a relaxar um pouco, aproveitar um domingo entre amigos e ajudá-los a um pouco com o pequeno Arthur, eles parecem constantemente cansados e não é pra menos, ainda bem que Tulipa se recuperou rápido do parto e que Andrew é um pai que faz sua obrigação e cuida de seu filho, deve ser muito difícil criar uma criança sozinha. Me balanço de um lado para o outro cantarolando perdida em pensamento, penso na minha família, meu pai sempre foi atencioso e presente, mas ele nunca cuidou realmente de nenhum de nós, o típico pai que deixa todo o cuidado nas mãos da mãe, quando a Helga nasceu, Penélope tinha quase 10 anos e era a criança quem ajudava a minha mãe, além das babás. Eu era bem pequena, mas lembro disso, sendo três meninas e menino crescemos vendo a diferença que era feita dentro de casa, as vezes até de forma inconsciente, Jared sempre teve mais liberdade, eu só comecei a perceber que isso era errado e questionar na adolescência quando meu pai fez o maior escândalo por ter descoberto que eu tinha dormido com um colega de escola, quando eu e minhas irmãs nunca podíamos sair com a liberdade que meu irmão tinha, nós sempre tínhamos hora para chegar em casa. Foi nessa época que eu comecei a perceber as coisas e decidi que não quero ninguém achando que tem poder sobre meu corpo, ele é meu e eu e apenas eu, decido o que fazer.

Marcados pelo Acaso - Meu Clichê (Livro 4) (Concluída)Where stories live. Discover now