Capítulo 10

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Fui acordada na manhã seguinte pela empregada silenciosa, que cutucava meu braço. Sentei na cama e esfreguei meus olhos confusa, então percebi que já havia uma roupa separada, o banho estava pronto e ao lado da refeição havia um bilhete.

A duquesa fez um convite para um passeio por Senka, porque queria apresentar o reino. Sorri ao ler e levantei para me arrumar. Era a primeira vez que eu sairia do castelo e passar algum tempo longe dos olhares repletos de desdém da rainha e das princesas era uma ideia animadora.

Uma carruagem com o emblema da família real me levou até a grande mansão onde o duque e a duquesa moravam, que também era feita de pedras e tinha decoração tão sombria quanto a do castelo. Uma empregada que falava se apresentou após abrir a porta e me levou até uma sala de espera que tinha um sofá pequeno em tom escuro de verde e uma mesa de canto com um abajur.

Levantei quando ouvi o som de passos e sorri quando avistei a duquesa descendo a escadaria de madeira. Ela estava usando um vestido branco como o meu.

— Vossa alteza. — Ela curvou seu corpo para me cumprimentar assim que entrou na sala de espera.

— Seu vestido é lindo — falei sem desfazer meu sorriso.

Os lábios da duquesa torceram em um sorriso também.

— Eu não poderia permitir que usasse cores claras sozinha, alteza.

Conversamos um pouco sobre roupas antes de entrarmos na carruagem do duque para irmos até a cidadela, onde ela me apresentaria para sua costureira. Dois dos meus guardas argians estavam comigo, mas não costumavam se intrometer em qualquer assunto.

Observei o trajeto com atenção através da janela. O reino de Senka era tão assustador quanto parecia à primeira vista. Todas as ruas eram cinzentas e estavam cobertas por neve, as construções eram feitas com as mesmas pedras escuras, muito próximas umas das outras, até que as vielas abriram espaço para uma grande praça, que era cercada por muitos pequenos estabelecimentos.

Precisaríamos terminar o trajeto andando e eu não era exatamente contra essa ideia.

A duquesa de Gaua, que se chamava Maite, falou para o cocheiro onde ele deveria nos esperar antes de abrir a porta.

A carruagem do duque chamava atenção e algumas pessoas pararam para ver o que alguém importante fazia por ali. Os itzans pareceram ainda mais surpresos quando saí do veículo depois de Maite. Poucos viram meu rosto, mas todos sabiam o que era o símbolo em meu medalhão e notaram meus olhos castanhos.

Os guardas criaram uma barreira para manter a pequena multidão longe de nós, mas não era como se aquelas pessoas quisessem se aproximar. Todos observavam à distância com curiosidade, como se não tivessem coragem para ficar mais perto.

Ergui minha mão e acenei algumas vezes quando um pequeno grupo começou a acompanhar nossa caminhada. As pessoas ficaram surpresas, no início não souberam exatamente como reagir.

— Não venho aqui sempre, mas acho importante que você conheça Senka e a família real não parece interessada em mostrar. Todos devem conhecer o rosto da futura rainha — Maite comentou enquanto caminhávamos.

Eu iria responder, mas sentir a saia de meu vestido ser puxada chamou minha atenção. Franzi o cenho e inclinei meu corpo para trás, encontrando uma criança, que segurava uma das pequenas flores de inverno que cresciam nos canteiros por perto. Uma mulher desesperada gritava por misericórdia enquanto era segurada por um dos guardas.

A duquesa parou de andar pouco depois, quando percebeu que todos os outros estavam em silêncio. Eu estava completamente confusa, porque aquelas pessoas pareciam muito mais assustadas do que eu, mesmo assim abaixei em frente à pequena menina, que era muito parecida com a princesa Anika, e sorri.

O Príncipe Sombrio [COMPLETO]Where stories live. Discover now