O Príncipe Sombrio [COMPLETO]

Capítulo 20

No dia seguinte, os anões foram os convidados que chegaram. O rei se chamava Nugvu e tinha 205 anos, enquanto sua esposa, Geiri, tinha apenas 50. Os dois tinham pele escura e cabelos trançados desde as raízes.

Os anões eram os principais produtores de armas do continente. Eles tinham um conhecimento especial no preparo delas, sabiam as medidas exatas para que fossem de fácil manuseio e quais as espessuras e curvaturas perfeitas para as lâminas.

Eles também eram os maiores produtores de bebidas alcoólicas, seja vinho ou aguardente, mas tinham humor instável e um jeito bruto de falar, além de serem muito desconfiados.

Nugvu estava ali para marcar presença, mas confiava plenamente na opinião de Jakin, o imperador elfo. A rainha Geiri também não parecia muito disposta a conversar. Na verdade, a rainha dos anãos parecia julgar até mesmo a forma como eu respirava.

Os últimos que chegaram foram os ureas, a população oceânica que habitava as partes mais profundas do mar no litoral do continente. Eles eram anfíbios e podiam passar muitos dias em terra, contanto que mantivessem seus corpos hidratados.

O imperador uro ainda não tinha uma esposa, embora tivesse um harém e estivesse procurando por uma para ocupar aquela posição. Apesar da aliança comercial, ele, os elfos distira e os anões não tinham uma boa relação pessoal por causa do estilo de vida devasso do rei dos oceanos.

Geiri parecia ainda mais incomodada agora que Myrddin, o imperador uro que tinha 120 anos, estava presente.

A expectativa de vida das raças que não eram descendentes de humanos era muito maior, principalmente a dos uros, por isso ele ainda parecia mais jovem do que Geiri, mesmo que tivesse idade avançada.

O humor da rainha dos anões não poderia ser pior... Isto é, até o momento em que:

— Está me falando que essa garota acabou com a tradição dos nojentos haréns itzans? — Geiri não conseguiu esconder a surpresa enquanto ouvia a conversa onde todos estavam rindo.

Os anões eram aliados dos itzans, mas não concordavam com muitas de suas práticas, assim como ocorria com os uros, principalmente quando o assunto era o harém do rei. Para eles, o casamento era sagrado e deveria ser mantido entre as partes com fidelidade.

— E ela ainda veio de Aruna até aqui para verificar se eu estava falando a verdade quando disse que dispensei todas — Kardama contou e todos riram, até mesmo meus pais estavam achando toda aquela história divertida.

— Parece que a estatura não é a única coisa que você tem semelhante aos anões, Helene! — Nugvu ergueu sua taça de vinho para me cumprimentar animado.

Mantive o sorriso no rosto, mesmo sentindo vontade de dirigir um olhar irritado para Kardama por estar rindo daquele comentário, porque o novo rei de Senka sabia que falar da minha altura era incômodo.

— E o que planeja fazer com o harém do rei? — Jakin perguntou voltando à seriedade e de repente todas as risadas acabaram.

— O mesmo que fiz com o meu, dar uma quantia razoável para que cada mulher possa começar uma nova vida longe do castelo e mandá-las embora — Kardama explicou com calma e todos os outros se entreolharam.

Jakin respirou fundo e apoiou seu corpo nas costas da poltrona em que estava sentado enquanto bebia.

— Por que Daren está preso, Kardama? — O elfo distira perguntou com preocupação, como se estivesse falando com seu filho. Era como ele tratava todos.

Agora os olhares estavam voltados novamente em nossa direção. Kardama pensou por alguns segundos no que falaria, porque aquele seria o assunto da reunião que aconteceria apenas no dia seguinte e ele fora surpreendido.