Capítulo XIII: Inquietações

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O rei-pai piorou drasticamente na tarde posterior à coroação e morreu pela madrugada seguinte. Por todo esse período, Jimin não saiu por nenhum momento da borda do leito dele e esteve segurando sua mão até os instantes finais.

O enterro foi uma cerimônia altamente íntima, apenas com a presença da nobreza amori. Foi um evento relativamente simples e rápido, o único ponto mais chamativo foi o espetáculo que Ji Sung fez ao ameaçar se jogar junto ao caixão na cova. Jimin quase não conseguiu conter sua feição de ódio. Até num momento como aquele, Ji Sung tinha que tentar chamar toda a atenção para si? Por pouco, não mandou que o enterrassem vivo de fato.

Ji Eun era outra que não serviria para carreira de atriz. Ficou claro quando ela derramou aquelas lágrimas falsas e fez aquela cara de sofrida. Podre! Todos podres, agindo como se se importassem com a morte do rei-pai. O único em que Jimin viu o mínimo de luto real e lamento foi em Soobin. Aquele menino podia até ser um palerma, mas era verdadeiro, talvez fosse o fruto de sua pouca idade ou só um traço de sua personalidade. De qualquer forma, simpatizou um pouco mais com ele.

Seu primeiro decreto foi um luto de três dias em todo reino. Desses três, dois passou em seu quarto em completa reclusão. Embora soubesse que cedo ou tarde, aquilo aconteceria, doía muito, doía demais.

Infelizmente, sabia que reis não tinham tempo para luto e era chegado o momento de estruturar algumas coisas. Precisava principalmente formar o corpo que o ajudaria a governar. Era por isso que estava, naquele momento, sentado à grande mesa de mogno da sala de reuniões com o Primeiro Conselheiro de seu pai, e também seu tio, Ho-Jin.

ㅡ Essa não é uma boa ideia ㅡ ele tentava o convencer desde que tinha colocado na mesa os nomes que havia pensado para seu governo. ㅡ O melhor a se fazer é mexer o mínimo possível no gabinete de seu pai. A grande maioria deles se opôs a sua coroação, separa-los agora do governo seria como alimentar ainda mais ressentimento. Você não quer lidar com uma horda tão grande de inimigos poderosos logo no início de seu reinado.

Jimin piscou.

ㅡ Então devo dar poder à pessoas que não me querem no trono?

Ho-Jin suspirou. Ele não parecia muito em aparência com seu pai, mas mantinha o mesmo olhar sincero e acolhedor.

ㅡ As pessoas que Vossa Majestade quer trocar são de famílias muito tradicionais, fazem parte do governo por gerações. São poderosas por nascença e não vão perder sua influência com tanta facilidade. O ideal é aproxima-las e não rechaça-las.

No fundo, sempre soube daquilo. Era a forma mais racional de lidar com a situação e talvez, também, a mais cômoda. A principal esfera governamental de Amoriel girava em torno de três ciclos de poder: O Rei, O Conselho Geral e os Governadores das quatro Províncias. O rei possuía a maior autoridade entre todas, seguida do Conselho Geral, formado pelos quatro grandes patronos. Jimin não tinha como troca-los, uma vez que, assim como a monarquia, seu poder era hereditário. Cada um deles representava uma das grandes famílias originais, das quais todo o povo amori descendia. Mas ao rei cabia a escolha dos Governadores das Províncias: Sul, Norte, Leste e Oeste. E planejava mudar todos até ali. Nunca tinha gostado da cara de nenhum deles.

ㅡ Resumindo, você quer que eu os bajule ㅡ Jimin concluiu.

Seu tio riu.

ㅡ É um modo de falar. E seria temporário, pelo menos enquanto seu reinado se estabelece e ganha força. Mostre a eles o quanto seu governo pode ser benéfico. ㅡ E com benéfico, Jimin entendia que ele queria dizer para eles.

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