Capítulo VII: Dourado

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A atualização de hoje é dupla, então certifique-se de que leu os dois capítulos.
Se puder (e quiser) comente e deixe um votinho 😉
Boa leitura!

Jungkook levantou-se antes dos primeiros raios de sol. O céu ainda era de um azul escuro e o vento gelado ainda balançava as cortinas imensas em suas janelas. Era sempre assim em Tèssadra: dias muito quentes e noites muito frias. Ele apreciava o contraste.

Não demorou-se em sua vestimenta. Foi direto para o conjunto mais simples e velho de roupas entre o amontoado de tecidos pomposos. Uma calça de couro preta degastada e uma camisa marrom de linho começando a puir, por cima uma jaqueta também de couro um pouco mais nova que a calça, mas longe de ser, pelas regras de etiqueta, apropriada para um príncipe. Não se importava, era assim que gostaria de se vestir o tempo todo se pudesse.

Saiu do quarto sorrateiramente, seus passos eram tão silenciosos que mal podiam ser ouvidos sob os tapetes que cobriam o corredor da ala oeste do palácio.

Os guardas o viram, fizeram reverências discretas, mas não o seguiram. Eram ordens dele, mas que isso, era um segredinho entre eles.

Os corredores estavam todos silenciosos, o palácio ainda estava dormindo, porém quando Jungkook cruzou as portas da cozinha real deparou com uma cena diferente. Estava abarrotado de pessoas, em sua maioria betas, alguns poucos ômegas, todos ocupados com alguma tarefa enquanto se movimentavam constante e ritmicamente na preparação do desjejum. O cheiro de pão, tortas, bolos, geleias e frutas frescas invadiu o olfato dele. Seu estômago roncou.  

Ninguém parou o que estava fazendo para lhe dar atenção. Era assim que era com ele desde criança. Cresceu transitando por todos os cantos daquele palácio, foi praticamente criado por aquelas pessoas e queria ser tratado, se não como um igual, pelo menos como um semelhante. Era como ele sentia, era como pretendia governar. Não era atoa que seu pai era tão desgostoso com ele.

Seguiu cumprimentando e sendo cumprimentado de volta enquanto passava pela multidão de serviçais até chegar ao seu verdadeiro propósito ali. Hoseok o recebeu com um entortar de lábios descontente assim que ele se colocou a sua frente. O cabelo castanho estava sujo de farinha, assim como suas roupas e suas mãos trançavam com habilidade uma massa sobre a mesa de madeira.

— Estou muito ocupado hoje — Hoseok logo disse, ainda concentrado em sua tarefa. — Não vou poder ir com você.

Jungkook bufou com desdém e afastou uma cesta de frutas em cima da mesa para liberar espaço para que pudesse se sentar.

— Ocupado com isso? — Apontou para o elaborado trançado ao seu lado. — Por que você só não joga isso no forno? Não precisa de tanta frescura, é só pão.

Hoseok lhe lançou um olhar pesado.

— Algumas pessoas se preocupam em realizar seu trabalho da melhor forma que podem, sabia? — A crítica estava subentendida. Jungkook a percebeu, só fingiu que não.

— Por que você sempre se esforça tanto para ser um chato? — Jungkook questionou, entortando os lábios de leve. Ele brincava de jogar algumas framboesas para o alto e pega-las com a boca. — Nem sei porque sou seu amigo.

— Também não sei.

Ninguém sabia. E nem era por conta das personalidades contrapostas deles, mas sim porque deveriam estar em paralelos inatingíveis na sociedade. Não deveriam nem se cruzar, quem dirá ser melhores amigos.

EGO · ABO · JJK + PJMWhere stories live. Discover now