Prólogo Parte 3

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      Em uma taverna próxima ao lago de Brittengein, vive um homem resignado cujo sua única felicidade foi retirada pela natureza do mundo. Com um olhar amargurado, franzindo o cenho, ele chama a atenção de um homem cansado que carrega placas de metal em suas costas. Após o ruar, Lockbert vê essa figura nas entranhas de uma janela tênue com sua visão embaçada. Lockbert se direciona para a única taverna limpa e arrumada dos últimos anos.

     - Boa noite, posso entrar?

O taverneiro, um homem jovem, um pouco baixo para o padrão, uma barba longa, cabelos sujos e amarrados, calmamente responde com sua voz grave e carregada.

     - Boa noite, entre. Veio para passar a noite?

     - Hm, acho que eu estaria vivendo em uma vida de luxo.

     - Também sente falta, não é?

     - Eu tento viver com isso todos os dias, mas não consigo. Estou começando a delirar. Me diz, eu deveria me preocupar? - Lockbert responde com um olhar fraco com sua voz fraca.

     - Eu entendo o seu lado, mas estou cansado. Pode pegar bebida ali na adega, é a única coisa que tenho. Ah... Me chamo Henry Gothric. - Desconfiado, Henry se vira rapidamente sem esperar Lockbert se apresentar.


     Diante de uma vasta adega, Lockbert repara em cada canto da taverna. Todas as canecas alinhadas e posicionadas em cima de cada mesa seguindo o mesmo padrão. Barris de cerveja atrás do balcão, assim como a moda antiga. Um belíssimo estandarte pendurado na grande parede de pedra ao lado de sua mesa. Mesas e cadeiras limpas, impossível ver quaisquer resquício de poeira. Não há ninguém conversando ou sequer gritando. Lockbert acredita estar vivendo em um pesadelo sem fim. Com passos largos e pesados, o taverneiro se direciona ao balcão, posicionando uma caneca, a qual estava limpando com muita atenção. Copos, pratos, talheres e todos os utensílios organizados em grupos uniformes. Sem olhar para trás, o homem apaga todas as luzes do local, após perceber que Lockbert caiu em um profundo sono em sua mesa. Em silêncio, sem realizar muitos barulhos, Henry sobe as escadas que fica logo atrás da parede em que se localiza o balcão.

     Meia noite, o sino da igreja soa novamente. Lockbert desperta de um curto descanso. O local está escuro, mas tudo ainda continua organizado em seus devidos lugares. As janelas úmidas, as ruas cobertas por neblinas e o cantarolar dos corvos aterrorizando a noite. Sem coragem alguma, Lockbert se levanta e sem realizar movimentos bruscos, ele deixa suas placas da armadura no chão, assim evitando quaisquer barulho. Levemente, sobe as escadas estreitas logo atrás do balcão. No segundo andar, perante ao pequeno corredor, vê-se uma sequência de 3 portas à sua direita e também à sua esquerda. Lockbert se distrai ao ver uma das portas vazar um pouco de luz por uma fresta na parte de baixo. Lentamente se move em direção à segunda porta de sua esquerda. Tarde da noite, Lockbert imagina o que se passa em um quarto com as luzes acesas. Ao aproximar um dos ouvidos da porta, é possível ouvir a voz grave do taverneiro que resmunga, mas também uma segunda voz, essa por vez, fraca, cansada, rasgada, talvez um homem doente, ou até mesmo um homem velho, por mais raro que seja.

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