Prólogo Parte 2

18 2 0
                                    


     O mundo está repleto de tolos, e a maioria deles sem esperanças. Ninguém poderia imaginar tamanha mudança, acontecer o pior em uma escala colossal. Não existem mais homens nas ruas, donas de casa, fazendeiros nos campos, muito menos guardas em fortalezas. Os poucos que restaram não querem mais saber do que está por vir ou do que aconteceu, muitos escolhem a morte como solução, pois cedo ou tarde ela chegará.

     Recentemente Lockbert de Leonor recebeu um viajante fedendo a carne podre e morto de fome na porta de uma velha cabana onde descansava. O viajante implorava para que Lockbert o deixasse entrar, mas Lockbert se demonstrou firme em sua decisão, negando sua hospitalidade. Jazia semanas em que Lockbert não encontrava alma viva, e por mais que ele estivesse feliz de encontrar alguém, ainda permanecia com tamanha inquietude daquilo que não pode ser compreendido. Após um longo descanso e reabastecimento, Lockbert se desloca para a grande cidade de Lainsbrite. Durante o percurso, após sair da velha cabana, seu objetivo era encontrar e abater um animal para poder restabelecer suas forças. Em poucas horas de caminhada, ele se encontra em frente a entrada de Lainsbrite, mas inconformado de não ter encontrado comida.

     Em uma tarde nublada, onde o sol parece estar ficando cada vez mais distante, Lockbert carrega as placas de sua armadura nas costas amarradas com uma corda em sua bolsa. Uma cidade vazia, corvos pairando por toda região, uma forte neblina cobrindo toda a visão, cavalos mortos, ossos de pessoas espalhados por todo lugar, e aquele cheiro pútrido que deixa qualquer homem inconsciente. Ouve-se o badalar de um sino ao norte da cidade. Lockbert imagina que qualquer sinal, seja qual for sua origem, pode ser um novo chamado. Ao atravessar as ruas, é possível ver mais das diversas casas abandonadas e destruídas, mas o que mais chama a atenção é a pequena igreja onde o badalar do sino sintoniza com a batida de seu coração. Nos tapetes da igreja, vê-se uma mulher, com sua casula, ajoelhada, com os braços erguidos para cima, os dedos cruzados, cantarolando uma linda e dramática melodia. O homem encantado com a bela voz da moça que está de costas, se aproxima seguindo de uma gigantes frustração. A cada passo, parece estar se distanciando daquela aveludada voz. Com o medo e felicidade expressado em seu rosto, o homem encantado para ao lado da mulher. Seu rosto congela, uma plácida camada de medo cobre seu rosto, suas placas de metal caem no chão ecoando por toda a pequena igreja, e lá, a visão do terror. Um cadáver apoiando-se em suas próprias pernas, com incontáveis machucados, seus braços não mais erguidos como antes visto, e perante a uma gigantesca poça de sangue.


Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
O BastiãoWhere stories live. Discover now