Ampulheta Quebrada

Enxurrada Solta

- Agora, um pouco melhor – declarou ele.

Hermione deu a verificação por completa e então, voltou suas atenções para Harry. De braços cruzados, o olhar preocupado, ela perguntou:

- E então...? Pode me dizer o que está acontecendo com você?

- Quem dera eu soubesse – Harry desviou-se brevemente do olhar de Hermione. Ele não queria essa pressão em busca por respostas. – Mas, bom, era o que você queria mais cedo, então... acho que não possa ser simplesmente um sonho. Aquilo na praça, não tenho certeza se foi uma visão ou se me lembrei do restante do sonho... mas, sério... não parece ser apenas um sonho, eu senti... – um calafrio percorreu a pele de Harry ao lembrar do fogo e das expressões de horror.

- Harry? – Hermione segurou seu braço e o encarou, com certo receio.

- Foi real demais – Harry respondeu, retribuindo o olhar de Hermione. Foi incrivelmente difícil olhar para ela; ele não esperava isso. Aquela última cena lhe vinha à mente de maneira perturbadora. Hermione estava bem ali, ela estava fora de perigo, mas sem interior sentia medo. Ele desviou do olhar por alguns instantes. – Bem, eu acho que... – Harry respirou fundo, fechando os olhos. Ele ainda conseguia sentir o fogo, definitivamente. Realmente tinha acontecido o que estava pensando? Por qual razão teria? – eu acho que... – era difícil falar aquilo.

- Harry, o que você viu? – Hermione perguntou, depois de um tempo de Harry se remoendo.

- Harry matou Hermione. – Harry respondeu, sem olhar no rosto dela.

Hermione arfou, Harry imaginou que bem chocada com a informação repentina; ela nem mesmo falou algo em seguida.

- Eu não tenho certeza do que vi – ele ainda não olhou para ela. – Mas foi o término do sonho. Eu vi chamas, vi o rosto dela... aterrorizado e... depois mais nada.

- Você disse mais cedo que eles estavam se abraçando... – Hermione lembrou. Parecia ter se recuperado do baque inesperado.

Harry engoliu em seco; queria deixar isso realmente como uma verdade no momento.

- E estavam, mas... é difícil se lembrar das frases ditas com detalhes. – Harry coçou a cabeça. Se lembrava de todas as entonações, todas as expressões, mas as frases eram nebulosas até certo ponto. – Ele gritou com ela, por alguma razão. Acho que estava querendo fazer com que ela saísse do lugar, ou algo do tipo; mas então, no final, eu posso jurar que ela estava se afastando. Foi aí que veio o fogo e tudo mais.

- Porquê então seria o Harry? – Hermione franziu o cenho.

- Eu não sei porquê acho isso... – Harry tentou forçar a mente.

- Harry, ei. – Hermione passou a mão no rosto de Harry. Aquele toque foi diferente de qualquer outra vez, por razão qualquer. Harry sentiu seu estômago ir nas nuvens enquanto encarou o belo rosto da garota. Seus olhos cor de mel eram tão compreensivos que aumentavam sua beleza. - Você pode olhar pra mim. Não sei exatamente o que você viu, mas eu ainda estou aqui, ok?

- É... – ele ficou meio perdido naqueles olhar, na expressão encorajadora. Era completamente diferente do que ele tinha visto naquela visão perturbadora. Ela olhava para Harry de uma forma tão meiga... – Me lembrei. A forma como Hermione olhava era... surreal. Como se ela jamais imaginasse aquilo, então... eu acho que só pode ter sido ele. Ela nem mesmo reagiu.

A expressão de Hermione se desfez. Ela soltou o rosto de Harry, pensativa.

- Floresta Proibida? – ela se lembrou.

- Não sei, mas pode ser – Harry respondeu. – É a única floresta que vem a minha mente.

- Talvez seja a única que você conheça.