Capítulo 57 - Vinho

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Apertei sua mão, notei seus olhos vermelhos e percebi que estava ligeiramente bêbado.

Rob pediu duas garrafas de vinho, e a garçonete serviu uma taça para cada um, depois de fazer Rob passar por toda aquela bobagem de cheirar a rolha e girar o vinho na taça.

Tomei um gole do meu. Era tinto e tão seco que lutei para não fazer uma careta.

Spence concentrou a atenção em Camila. Ele a observou tomar um gole de vinho. Seus olhos se moveram dos olhos dela para a boca, e depois mais baixo, para o seu peito.

- Você parece familiar - disse ele.

Ela fez um gesto negativo com a cabeça.

- Nunca nos encontramos.

Era por isso que Camila detestava conhecer pessoas novas. Elas tentavam reconhecê-la e por fim se lembravam do rosto dela, por causa de toda a cobertura da imprensa. Então as perguntas começavam, primeiro sobre a ilha e depois sobre nós.

Felizmente, ele estava bêbado o suficiente para não fazer a conexão, e Camila pareceu relaxar. Ele talvez não a tivesse reconhecido, mas também não havia acabado o assunto com ela.

- Talvez tenhamos saído juntos alguma vez.

Camila levantou a taça e tomou outro gole.

- Não.

- Talvez possamos sair juntos, um dia?

- Ei - falei rispidamente. - Estou sentada bem aqui.

Camila colocou a mão na minha perna e a apertou.

- Tudo bem - sussurrou ela.

- Espere. Ela está com você? - perguntou Spence. - Pensei que você fosse a irmã mais nova dela ou algo assim. - Ele começou a rir. - Vocês devem estar brincando. - Ele percebeu tudo quando olhou de mim para Camila. - Agora sei quem são vocês. Vi as fotos no jornal. - Ele bufou. - Bom, isso explica como você conseguiu ficar com ela, mas não por que ela ainda está com você.

Rob olhou para Dinah e depois disse a Spence:

- Ei, vamos parar com isso.

- Sim. Estou com ela.

A maneira como Camila disse, tão confiante, e a forma como olhou para ele, como se fosse um completo idiota, me fez sentir melhor do que as palavras propriamente.

Nossa garçonete apareceu.

- Desculpe-me - disse ela, para mim. - Preciso ver sua identidade.

Dei de ombros.

- Já tenho vinte e um anos. Mas não gostei do vinho mesmo. Pode levar.

Ela sorriu, se desculpou e levou minha taça de vinho. Spence não conseguiu se conter.

- Você tem vinte e um anos?

Sua gargalhada mal reprimida quebrou o silêncio na mesa enquanto todo mundo tentava agir como se o que havia acontecido não fosse totalmente humilhante para mim.

Olhamos nossos cardápios. Camila e eu ainda tínhamos dificuldades para escolher o que comer em um restaurante. Eram muitas opções.

- O que você vai pedir? - perguntei a ela.

- Filé. E você? - Ela agarrou minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus.

- Não sei. Talvez massa. Você gosta de ravióli, não gosta?

- Gosto.

- Tudo bem. Então vou pedir isso e dividimos.

Dinah tentou manter a conversa. A garçonete voltou e anotou nosso pedido. Spence mirou o peito de Camila e sorriu de modo malicioso, sem nem tentar esconder. Eu sabia o que ele estava pensando enquanto olhava para ela daquele jeito e precisei me controlar muito para não dar um soco nele.

Quando Spence se levantou para ir ao banheiro, Dinah disse:

- Desculpe-me. Soube que a mulher dele o deixou e achei que convidá-lo para se sentar conosco fosse legal.

- Tudo bem. Só ignore - pediu Camila. - Eu estou ignorando.

Ninguém encheu novamente a taça de Spence, e, quando acabamos de comer, ele parecia um pouco mais sóbrio.

A garçonete ofereceu sobremesa, mas ninguém quis. Ela disse que já voltaria com a conta.

- Dinah e eu vamos ao banheiro - disse Camila. - Esperamos vocês na porta.

Rob e eu tentamos pagar a conta e finalmente concordamos em dividir. Spence jogou um punhado de notas na mesa. Enfiei a carteira na bolsa e me levantei.

Rob empurrou a cadeira para trás, se despediu de Spence sem apertar sua mão e me disse que iria para a frente do restaurante.

Spence não se levantou.

- Sinto muito que você não tenha gostado do vinho - disse ele de maneira debochada, sentado desleixado na cadeira.

- Sinto muito que você não possa tocar na minha namorada gostosa. 

Ri da expressão dele e me juntei a Camila, Dinah e Rob na porta da frente.

- O que você disse para ele? - perguntou Camila.

- Que foi um prazer nos conhecermos.

- Sinto muito por esta noite - disse Camila quando pegamos o táxi.

- Não foi culpa sua.

Coloquei meu braço em torno dela.

A maneira como Spence olhou para Camila me incomodou, sim. Eu sabia que ela não estava interessada nele, mas eu me preocupava com o próximo. Alguém que não fosse um idiota bêbado. Alguém que tivesse um diploma de faculdade, gostasse de vinho e não se importasse em usar vestidos. E eu me perguntava se, algum dia, talvez logo, ela iria se incomodar com o fato de eu não estar interessada em nenhuma dessas coisas.

E quando eu pensava nela com outro cara, não conseguia suportar.

Beijei-a assim que entramos no apartamento e não fiz isso com delicadeza. Segurei seu rosto com firmeza e pressionei meus lábios contra os dela com força. Ela não era de ninguém - eu sabia disso -, mas no momento ela era minha. Quando chegamos ao quarto, tirei o vestido dela. Seu sutiã saiu depois e então empurrei sua calcinha pelos quadris até que caísse no chão. Tirei as minhas roupas. Deitando-a na cama, enfiei a cabeça no lugar que Spence havia encarado a noite inteira, chupando e deixando uma marca que levaria dias para sair. Eu a toquei e beijei até que ela estivesse pronta, e, assim que entrei dentro dela, fui lento, da maneira como ela gostava. Quando ela gozou, disse o meu nome e eu pensei: Sou eu que faço isso com ela. Sou eu que faço ela se sentir assim.

Mais tarde, fui até a cozinha e peguei uma cerveja na geladeira. Levei-a até o quarto e liguei a TV, mantendo o volume baixo. Camila dormia, os lençóis enrolados em volta da cintura. Puxando-os, coloquei delicadamente na altura dos seus ombros com uma das mãos e com a outra abri a cerveja.

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