Capítulo 55 - Universidade.

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Lauren

Subi as escadas com a última caixa da mudança de Camila para um pequeno apartamento de quarto e sala a quinze minutos de Sofia e David.

— Onde quer que coloque essa aqui? — perguntei enquanto passava pela porta, sacudindo a chuva do cabelo.

— Pode colocar em qualquer lugar.

Ela me entregou uma toalha, tirei a camiseta molhada e me sequei.

— Estou tentando encontrar os lençóis — disse Camila. — Entregaram a cama enquanto você estava fora.

Procuramos até encontrar, e eu a ajudei a arrumar a cama.

— Já volto.

Ela sumiu por alguns segundos; voltou com um pequeno objeto e o colocou na mesa de cabeceira, ligando-o a uma tomada próxima.

— O que é isso? — perguntei, deitando na cama.

Ela apertou um botão, e o som de ondas do mar encheu o quarto, quase abafando o barulho da chuva que batia na janela.

— É uma máquina de sons. Comprei na Bed Bath & Beyond.

Camila se esticou ao meu lado. Beijei as costas da mão dela e depois a puxei na minha direção. Ela relaxou, seu corpo se misturando ao meu.

- Estou feliz. Você está feliz, Mila?

- Estou - sussurrou ela.

Eu a envolvi nos braços. Ouvindo a chuva e o quebrar das ondas, eu quase podia fingir que ainda estávamos na ilha e que nada havia mudado.

Ela não me convidou para me mudar para lá; apenas não fui embora. Dormia algumas noites em casa, porque isso deixava meus pais felizes. Além disso, Camila e eu passávamos muito lá para conversar ou jantar. Camila levou Taylor e Chris para fazer compras algumas vezes, o que os deixou bem contentes.

Ela não aceitava que eu ajudasse a pagar o aluguel, então eu pagava todo o restante, meio contra a vontade dela. Meus pais fizeram uma poupança para mim, quando eu ainda era criança. Eu teria acesso a ela quando tivesse dezoito anos, e o dinheiro agora era meu. O saldo da conta daria tranquilamente para cobrir as despesas de moradia, um carro e os custos de uma faculdade. Meus pais queriam saber - e me perguntavam o tempo todo - quais eram os meus planos, mas eu não tinha certeza do que queria fazer. Camila não dissera nada, nem precisava: ela queria que eu fizesse um supletivo.

As pessoas às vezes nos reconheciam, principalmente quando estávamos juntas, mas pouco a pouco Camila começou a se sentir mais confortável para sair em público. Sempre fazíamos programas ao ar livre, íamos ao parque ou dávamos longas caminhadas, embora a primavera ainda estivesse a semanas de começar. Íamos ao cinema e às vezes saíamos para almoçar ou jantar, mas Camila gostava de comer em casa. Ela cozinhava o que eu quisesse, e aos poucos ganhei peso. Ela também. Quando eu passava as mãos pelo seu corpo, eu não sentia mais ossos. Sentia curvas suaves.

De noite, Camila colocava seus tênis e corria quase até a exaustão. Ela voltava ao apartamento, tirava as roupas suadas e tomava um banho quente e demorado, se juntando a mim depois na cama. Camila tinha energia suficiente apenas para fazer amor e depois desmaiava, dormindo profundamente. De vez em quando ainda tinha pesadelos ou dificuldade para dormir, mas nada comparado ao que acontecia antes.

Eu gostava da nossa rotina. Não tinha vontade de mudá-la.

* * *

- Mani me chamou para passar o fim de semana com ela - comentei com Camila durante o café da manhã, algumas semanas depois.

- Ela está na Universidade de Iowa, não é?

- É.

- Adoro aquele campus. Você vai se divertir muito.

- Vou na sexta. Vou pegar carona com uma amiga dela.

- Conheça a universidade, não só os bares. Quem sabe você não pensa em estudar lá depois de fazer a prova do ensino médio?

Eu não disse a Camila que não tinha nenhum interesse em uma universidade que fosse em outro estado, longe dela. Ou nenhum interesse em universidade, na verdade.

* * *

Havia uma pirâmide de latas de cerveja de um metro e oitenta de altura no canto do quarto de Mani. Pisei em caixas de pizza vazias e pilhas de roupas sujas. Cadernos, tênis e garrafas de refrigerantes cobriam cada centímetro do chão.

- Jesus, como você aguenta isso? - perguntei. - E alguém mijou no elevador.

- Provavelmente - respondeu Normani. - Aqui está a sua identidade.

Olhei de soslaio para a carteira de motorista.

- Desde quando eu tenho um metro e setenta e três, vinte e sete anos e sou loira?

- Desde agora. Está pronto para ir ao bar?

- Claro. Onde coloco as minhas coisas?

- Qualquer lugar.

A colega de quarto de Mani fora passar o fim de semana em casa; assim, joguei minha mala na cama dela e segui Mani até a porta. - Vamos pela escada - falei.

Já havíamos bebido bastante quando deu nove horas. Chequei meu celular, mas não havia mensagens de Camila. Pensei em ligar para ela, mas sabia que Normani ia cair em cima de mim por causa disso; por isso, coloquei meu telefone no bolso de novo.

Ela convidou algumas pessoas para a nossa mesa, para beber uns shots. Ninguém me reconheceu.

Eu me misturei na multidão como qualquer outro universitário, exatamente como eu queria.

Sentei-me entre duas garotas completamente bêbadas. Uma delas se serviu de uma dose de vodca enquanto a outra fez uma pausa, segurando a garrafa nos lábios. Ela se inclinou na minha direção, os olhos apáticos, e disse:

- Você é muito gostosa.

Em seguida, tomou a dose e vomitou por toda a mesa. Levantei de um salto e empurrei minha cadeira para trás.

Normani fez sinal para que eu o seguisse e saímos do bar. Inspirei profundamente várias vezes o ar frio para afastar o cheiro do nariz.

- Você quer comer alguma coisa? - perguntou ela.

- Sempre.

- Pizza?

- Claro.

Nós nos sentamos em uma mesa na parte de trás.

- Camila me disse para conhecer o campus. Ela disse que eu devia pensar em vir para cá depois de fazer a prova do ensino médio.

- Cara, isso seria o máximo. Podíamos alugar um canto para morar. Você vem?

- Não.

- Por que não?

Eu estava bêbada o suficiente para ser honesto com Normani.

- Eu só quero ficar com ela.

- Com Camila?

- Claro, imbecil. Com quem mais?

- O que ela quer?

A garçonete veio à nossa mesa e colocou uma pizza grande de pepperoni e calabresa na nossa frente. Coloquei dois pedaços no prato e disse:

- Não sei direito.

- Você está falando, tipo, em se casar e ter filhos com ela?

- Eu me casaria com ela amanhã. - Mordi um pedaço da pizza. - Talvez pudéssemos esperar um pouco antes de ter um filho.

- Ela esperaria?

- Não sei.

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