Capítulo 8

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Quase uma semana depois daquele dia horrível que passou na delegacia, Amanda ficava a maior parte do tempo na companhia dos bombeiros. Ninguém queria deixá-la sozinha e isso lhe mostrava que acreditavam nela, algo que já a tranquilizava. Tudo já era assustador o suficiente, passar por aquilo sozinha seria muito pior.

Não se encontrou mais com Antônio, e nem se falaram. Torcia para que ele estivesse à procura de algo que a inocentasse. Em nenhum momento tirou da cabeça os olhos dele a encarando e como segurou em sua mão através das grades. Tinha que acreditar que a verdade apareceria, era só o que podia fazer.

— Aquele Voight me dá arrepios... Não é abuso de poder ele te interrogar daquela forma? — Shay comentou antes de dar um gole na cerveja e apoiar a garrafinha no balcão.

— Ele tava fazendo o trabalho dele, não o culpo — Amanda comentou enquanto secava um copo, do outro lado do balcão do Molly's. A loira arqueou uma sobrancelha — não quer dizer que ele não foi um idiota, mas arrancar informações é o trabalho dele mesmo.

— Intimidar e ameaçar também, pelo jeito, é o esporte preferido dele.

— Não sabia que conhecia ele tão bem, nunca vi ele aqui... — conforme conversavam, pegou outro copo no escorredor.

— Ele não vem aqui justamente por conhecermos ele. — Amanda arregalou um pouco os olhos e Shay explicou — ele já teve problemas com o Casey uma época, ameaçou ele mais de uma vez, depois foi preso e quando saiu... PÁ! Chefe da Unidade de Inteligência.

Uma pontada na cabeça de Amanda acompanhada de um flash rápido e desconexo. A garota fechou os olhos com força e acabou soltando o copo que tinha em mãos.

— O Molly's ainda não tem parceria com a loja de copos, viu Dona Amanda? — Otis repreendeu sem usar um tom rude, enquanto pegou uma bebida para um cliente que acabava de chegar.

— Desculpa, Otis. — Pediu, um pouco sem graça e passou as mãos nos cabelos.

— Você tá bem, Mandy? — Shay perguntou preocupada, usando o apelido carinhoso que passou a chamar a morena nos últimos dias.

— Sim, vou limpar isso, já volto. — A garota foi até os fundos do bar, ainda um pouco atordoada.

Teve um flash rápido de Casey e Voight, como um de javu. Sempre sentia-se estranha por alguns segundos depois de ter aqueles flashes. Mas eles não pareciam ter um padrão, às vezes era apenas uma sensação, outras chegava a ver algo ou alguém.

Seriam memórias? Mas se fossem, eles não se lembrariam dela também?

— Ei, você tá legal? — Otis abriu a porta da sala nos fundos do bar.

Só então a garota percebendo que foi ali pegar uma pá e seus pensamentos a fizeram parar no meio do caminho.

— Sim, me distrai, já estou indo — saiu de seu pequeno transe e se abaixou para pegar a pá.

— Não precisa avisar o Herrmann sobre o copo, já quebrei um na semana passada. — Ele completou quando a garota passou pela porta, a confissão a fazendo rir.

Recolheu os cacos de vidro e colocou num saquinho de papel grosso para jogar no lixo. Deixando ao lado da lixeira para jogarem depois. Logo observando Herrmann chegar no bar segurando uma caixa de bebidas.

— Tem tanta coisa acontecendo, boas e ruins. Acho que é muito para a cabeça processar, aí sinto esses mal estar. — Shay apenas assentiu ao ouvir a amiga. Pensou em dizer que seria bom ela ver o médico de novo. Mas a televisão ligada sem som a interrompeu antes que dissesse algo.

— Otis, aumenta a TV — Shay pediu e estendeu o braço sobre o balcão, tocou o braço de Amanda, chamando sua atenção para o aparelho na parede.

Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora