o coração da morte. jjk+pjm

10

Por que não consigo pensar direito quando ele está por perto?
Por que é tão difícil decifrar aqueles olhos escuros como uma noite sem lua...

 O pincel dançava sobre minha tela e por mais que a tinta azul fosse esplêndida, hoje eu só poderia usar a preta, talvez um pouco da cinza pra frisar alguns detalhes, de qualquer maneira eu não penso muito quando estou pintando, sou um completo refém da arte.

—  Nossa, você é bom nisso Jiminie.  — Yoongi sussurrou atrás de mim.

— E você é muito bom em apelidos, eu nunca pensei que houvesse possibilidade do meu nome ter um, mas gostei de Jiminie. — Comentei distraído.

Precisei de quinze minutos pra terminar a pintura, não era um retrato mas fiquei surpreso com o resultado, estava idêntico aos meus pensamentos, entretanto parte de mim começava a ficar tensa. Será que ele vai notar que os olhos que pintei são os dele? Céus eu espero que não. Seria péssimo ficar com fama de psicopata stalker no primeiro dia de aula.

Olhei pro dono da minha arte que parecia concentrado em sua tarefa, no seu rosto eu conseguia ver perfeitamente pingos de tinta amarela. Por um momento me perguntei se o sol que batia nele não estivesse arruinando sua visão.

— Qual o seu nome querido? — A voz doce da professora infelizmente não chamou apenas a minha atenção, para meu grande azar o garoto notou que eu estava encarando.

— Park Jimin, senhora. — Respondi amigável, mesmo que a minha vontade fosse de estrangular ela.

— A sua pintura está maravilhosa querido, pela minha experiência posso notar que seus traços estão carregados de sentimentos, são lindos olhos. — Abaixei a cabeça, dessa vez nem um pato roxo nadando numa piscina de refri conseguiria tirar o rubor da minha cara.

— Professora você não vai falar nada do meu desenho? — Céus, eu queria abraçar Yoongi.

— Ah claro, eu amei a crítica da sua arte, fazer um pato aparentemente contaminado nadando num rio poluído, isso é genial! — A animação da mulher me fez gargalhar, esperei ela sair e me virei pra Yoongi.

— Porra, você ouviu o que ela disse? Aquilo não pode ter sido um elogio. — Apertei os lábios reprimindo uma risada, ele estava visivelmente frustrado.

— Ela só tem uma uma imaginação muito fértil, não precisa ficar irritado Guinho. — A essa altura eu já havia me esquecido que tinha conhecido o garoto a poucas horas e estava o tratando como um amigo de longa data, talvez a minha criação tenha contribuído pra essa falta de vergonha na cara. — O que foi? não gostou do apelido? — Percebi o rosto do garoto ficar sério.

— Na verdade eu adorei. — Suspirei aliviado quando um pequeno sorriso surgiu no rosto dele. — Mas to curioso sobre uma coisa... de quem são esses olhos que você pintou? — Engoli seco e virei o rosto para olhar aquele garoto, acho que fui muito óbvio. — NEM FODENDO... — Yoongi falou tão alto que eu precisei beliscar seu braço. — Nem fodendo que você pintou os olhos daquele garoto. — Sussurrou.

— Puta merda você tá querendo me matar de vergonha? — Reprendi meu novo amigo. — e a resposta é não, eu não pintei os olhos dele.

— Melhor ficar quieto porque ele tá vindo ai. — Guinho não mentiu. Respirei fundo tentando não falar nenhuma merda.

Controle-se!