Eles pararam, e empurrei a porta, fechando-a atrás de mim e mergulhando na escuridão. Minha mão tateou até encontrar o interruptor e, quando as luzes se acenderam, meus olhos dispararam do vaso sanitário para a pia e finalmente para o espelho.
Eu me esquecera por completo de como era a minha aparência.
Fiquei de frente para o espelho e me observei. Minha pele estava da cor de grãos de café, e Lauren tinha razão: meus olhos realmente pareciam mais castanhos por causa do contraste. Havia algumas rugas no meu rosto que não estavam lá antes. Meus cabelos eram uma confusão, todos emaranhados e dois tons mais claros do que eu me lembrava. Eu parecia uma garota nascida em uma ilha, rude, desleixada e selvagem.
Desviei o olhar do espelho, abaixei o short e me sentei no vaso. Peguei o papel higiênico. Desenrolei um pouco e o passei no meu rosto, sentindo a maciez. Quando terminei, dei descarga e lavei as mãos, maravilhada com a água que corria pela torneira. Lauren e o Dr. Reynolds estavam me esperando no corredor quando abri a porta.
— Desculpem por ter demorado tanto.
— Sem problemas — disse Lauren. — Eu também fui ao banheiro. Foi esquisito.
Ela deu um sorriso encabulado, pegou minha mão, e seguimos o Dr. Reynolds até o quarto de suprimentos.
— Volto daqui a pouco. Tenho que verificar o estado de alguns pacientes e depois vou chamar a polícia local. Eles vão querer falar com vocês. Também vou tentar encontrar algo para comerem.
Meu estômago roncou à menção de comida.
— Obrigado — disse Lauren.
Quando ele saiu do quarto, nós nos sentamos no chão. Ao nosso redor, havia prateleiras cheias de suprimentos médicos. O quarto estava abarrotado, mas era silencioso.
— Você telefona primeiro, Camila.
— Tem certeza?
— Tenho.
Ela me passou o telefone. Demorei um minuto, mas finalmente me lembrei do número de telefone dos meus pais. Minha mão tremia, e prendi a respiração quando ouvi o toque. Houve um clique na linha. Comecei a dizer "alô", mas entrou uma gravação:
— O número que você chamou está desligado ou não existe mais.
Olhei para Lauren.
— O número deles não funciona. Devem ter se mudado.
— Telefone para Sofia.
— Quer tentar seus pais antes?
— Não, vá em frente. — Lauren estava excitada e ansiosa. — Só quero que alguém atenda o telefone.
Liguei para o número de Sofia, o coração martelando no meu peito. Tocou quatro vezes antes que alguém atendesse.
— Alô?
Chloe!
— Chloe, você pode pedir para a mamãe atender imediatamente, por favor?
— Posso perguntar quem quer falar com ela?
— Chloe, querida, chame sua mãe, tudo bem?
— Tenho que perguntar quem é e, se você não me disser, tenho que desligar.
— Não! Não desligue, Chloe. — Será que ela ainda se lembrava de mim? — É a tia Camila. Diga para a mamãe que é a tia Camila.
— Oi, tia Camila. A mamãe me mostrou fotos suas. Ela me disse que você mora no céu. Você tem asas de anjo? Mamãe está pegando o telefone, então tenho que desligar.
— Escute — era Sofia na linha —, não sei quem é você, mas está fazendo uma brincadeira de muito mau gosto com uma criança.
— Sofia! É Camila, não desligue, sou eu, de verdade, sou eu. — Comecei a chorar.
— Quem é? O que você ganha com esses trotes? Não percebe que magoam?
— Sofia, Lauren e eu não morremos no acidente de avião. Ficamos em uma ilha e, se não fosse pelo tsunami, ainda estaríamos lá. Estamos em um hospital em Malé. — Agora que eu tinha colocado as palavras para fora, meu choro aumentou. — Por favor, não desligue!
— O quê? Ah, meu Deus! Ah, meu Deus!
Ela gritou chamando David, mas estava chorando e falando tão rápido que não consegui entender as palavras que ela dizia.
— Camila? Você está viva? Você está realmente viva?
— Estou. — Eu berrava e Lauren comemorava dando saltos, de tão excitada que estava. — Sofia, telefonei para mamãe e papai primeiro, mas o número foi desligado. Eles venderam a casa?
— A casa foi vendida.
— Qual é o número deles? — Olhei ao redor para ver se eu achava uma caneta ou algo para escrever, mas não havia nada. — Ligue para eles, Sofia, ligue para eles no minuto que nós desligarmos. Diga para eles que tentei falar com eles primeiro. Vou voltar a ligar e pegar o número novo deles logo que eu conseguir encontrar algo para anotar. Diga para eles esperarem perto do telefone.
— Como você vai voltar para casa? — perguntou ela.
— Não sei. Escute, Lauren ainda nem ligou para os pais dela. Não sei de nada por enquanto, mas vou dar o seu número para os pais dela, assim eles podem organizar tudo com você. Espere o telefonema deles, está bem?
— Tudo bem. Ah, Camil, nem sei o que dizer. Nós fizemos um funeral para você.
— Bom, estou bem viva. E mal posso esperar para chegar em casa.
Chega de ilha! Tão feliz, putas?
Eu vendo a jaguarbees me ameaçando nos comentários.
BINABASA MO ANG
On The Island
FanfictionUma ilha deserta e ensolarada, com vegetação luxuriante e banhada por um mar cristalino pode ser o cenário de um sonho. Ou de um pesadelo... Camila é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicag...
Capítulo 40 - Tsunami.
Magsimula sa umpisa