Capítulo 40 - Tsunami.

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— Inglês — murmurei, ao perceber que o homem debruçado sobre mim era um americano louro, de olhos azuis, com mais ou menos trinta anos. Dei uma olhada em Lauren, mas os olhos dela estavam fechados.

Telefone. Onde está aquele telefone?

— Eu sou o Dr. Reynolds. Você está no hospital, em Malé. Peço desculpas por fazer algum tempo que ninguém vem ver como você está. Não estamos equipados para lidar com situações extraordinárias. Uma enfermeira verificou seus sinais vitais há algumas horas, e estavam todos bons, por isso, decidi deixar você dormir. Você apagou por quase doze horas. Está sentindo alguma dor?

— Um pouco. Estou com sede e com fome. — O médico acenou para uma enfermeira que passava e fez um gesto de entornar um líquido. Ela anuiu e voltou com uma pequena jarra de água e dois copos de plástico. Ele encheu um dos copos e me ajudou a sentar. Bebi tudo e olhei ao redor, confusa. — Por que há tantas pessoas aqui?

— No momento, as Maldivas estão em estado de emergência.

— Por quê?

Ele me lançou um olhar estranho.

— Por causa do tsunami.

Lauren se mexeu ao meu lado e abriu os olhos. Eu a ajudei a se sentar e a abracei enquanto o médico derramava água no outro copo e oferecia a ela. Ela bebeu a água de um gole só.

— Lauren, era um tsunami.

Ela pareceu atordoada por um minuto, mas depois esfregou os olhos e disse:

— Sério?

— Sério.

— Foi a Guarda Costeira que trouxe vocês? — perguntou o Dr. Reynolds, enchendo novamente nossos copos de água.

Fizemos que sim com a cabeça.

— De onde vocês vieram?

Lauren e eu nos entreolhamos.

— Não sabemos — falei. — Estamos perdidas há três anos e meio.

— Como assim, perdidas?

— Estávamos vivendo em uma das ilhas desde que o nosso piloto teve um ataque cardíaco, e o avião caiu no oceano — esclareceu Lauren.

O médico nos analisou, olhando ora para uma, ora para outra. Talvez afinal tenha se convencido, por causa do cabelo de Lauren.

— Ah, meu Deus, são vocês, não é? Que sofreram um acidente com um hidroavião. — Os olhos dele se arregalaram. Ele inspirou profundamente e soltou: — Todo mundo pensou que vocês estivessem mortas.

— É, foi o que imaginamos — falou Lauren. — Onde podemos encontrar um telefone?

O Dr. Reynolds entregou um celular a Lauren.

— Pode usar o meu.

Uma enfermeira retirou os soros, e Lauren e eu descemos com cuidado das camas. Minhas pernas vacilaram, e Lauren me segurou, envolvendo minha cintura com um braço.

— Existe um pequeno quarto de suprimentos no final do corredor — disse o Dr. Reynolds. — É silencioso, e vocês podem ter um pouco de privacidade. — Ele nos encarou e balançou a cabeça. — Nem posso acreditar que vocês estão vivas. Vocês apareceram em todos os noticiários durante semanas.

Nós o seguimos, mas, antes de chegarmos até o quarto de suprimentos, passamos pelo banheiro feminino.

— Podem esperar um pouco, por favor? — perguntei.

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