Capítulo 32 - Lolo.

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- Você vai se sentir bem depois de um tempo - falei, mas, quando chequei meia hora depois, a testa dela estava ainda mais quente.

Por toda a noite, ela ardeu de febre. Lauren vomitou novamente e não conseguia suportar que eu a tocasse, porque, segundo ela, parecia que seus ossos iam quebrar.

No dia seguinte, ela dormiu durante horas. Não comeu e mal bebeu. Sua testa estava tão quente que eu tinha medo de que a febre queimasse seu cérebro.

Isso não era câncer. Os sintomas tinham vindo muito abruptamente.

Mas, se não é câncer, o que é? E que diabo eu vou fazer?

A febre não baixou, e nunca desejei tanto um gelo quanto naquele momento. Ela estava quente demais, e a camiseta que eu tinha mergulhado em água e torcido provavelmente estava muito quente para resfriar sua testa, mas eu não sabia mais o que fazer.

Os lábios dela estavam secos e rachados. Consegui enfiar um pouco de água e antitérmico pela garganta dela. Queria segurá-la nos meus braços, confortá-la, tirar o cabelo dos seus olhos, mas, como meu toque lhe causava dor, eu não fazia nada.

No terceiro dia apareceram erupções na pele de Laure. Pontos vermelhos brilhantes cobriam seu rosto e seu corpo. Pensei que talvez a febre estivesse perto de cessar, que as erupções sinalizassem que seu corpo estava lutando contra a doença, mas na manhã seguinte as erupções estavam piores, e ela, ainda mais quente. Sem descanso e irritada, ela perdia e recobrava a consciência, me deixando em pânico quando eu não conseguia despertá-la.

O sangue começou a gotejar do seu nariz e da sua boca no quinto dia. O medo me inundava em ondas enquanto eu limpava o sangue com minha blusa branca; à tardinha ela estava vermelha. Eu dizia para mim mesma que o sangramento tinha melhorado, mas não era verdade. Hematomas cobriam seu corpo nos locais onde o sangue coagulava sob a pele. Eu me deitava ao lado dela por horas, chorando e segurando sua mão.

- Por favor, não morra, Lauren,

Quando o sol nasceu na manhã seguinte, eu a peguei nos braços. Se ela sentiu dor com meu toque, não demonstrou. Galinha apareceu do lado do bote, e eu me abaixei para pegá-la. Ela pulou para perto de Lauren e não saiu do lado dela. Eu a deixei ficar.

- Você não está sozinha, Lauren. Estou bem aqui.

Eu penteava o cabelo dela, afastando-o do rosto, e beijava seus lábios. Entrando e saindo de um estado de sono, sonhei que Lauren e eu estávamos no hospital, e o médico me dizia que eu devia ficar feliz porque pelo menos não era câncer.

Quando acordei, coloquei meu ouvido no seu peito, chorando de alívio quando ouvi as batidas do seu coração. Ao longo do dia, as erupções melhoraram, e o sangramento foi diminuindo até finalmente parar. Naquela noite, comecei a pensar que talvez ela sobrevivesse.

Na manhã seguinte, sua testa estava fresca. Ela fez um barulho quando tentei despertá-la, o que me fez pensar que ela estava dormindo, e não inconsciente. Saí de casa para pegar coco e fruta-pão, enchendo diversos recipientes com água do coletor e parando frequentemente para verificar o estado dela.

Fiz uma fogueira. Eu não tinha como cronometrar, mas, se tivesse que arriscar um palpite, diria que levei menos de vinte minutos.

Nada mal para uma garota da cidade.

Escovei os dentes. Eu realmente precisava de um banho - eu não chegava perto da água havia dias -, mas não queria deixar Lauren sozinha tanto tempo. À tardinha, deitei-me ao lado dela, segurando sua mão. Suas pálpebras vibraram e depois se abriram completamente. Apertei seus dedos com delicadeza e disse:

- Olá.

Ela se virou na minha direção e piscou, tentando focar. Ela torceu o nariz.

- Você está fedendo, Camila.

Comecei a rir e chorar ao mesmo tempo.

- Você também não cheira tão bem, Jauregui.

- Posso beber água?

Sua voz estava áspera. Eu a ajudei a se sentar para que pudesse beber da garrafa de água que eu tinha levado para ela.

- Não beba tão rápido. Quero que você consiga reter a água. - Deixei beber metade da garrafa e então a deitei de volta na cama. - Você pode tomar o resto em alguns minutos.

- Não acho que o câncer tenha voltado.

- Não - concordei.

- O que você acha que foi?

- Alguma virose, senão eu e você não estaríamos tendo essa conversa. Você está com fome?

- Estou.

- Vou pegar coco. Desculpe, não tem peixe. Eu não tenho entrado na água.

Ela pareceu surpresa.

- Quanto tempo eu fiquei mal?

- Alguns dias.

- Verdade?

- É. - As lágrimas encheram meus olhos. - Pensei que você fosse morrer - sussurrei. - Você estava tão doente e não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser ficar do seu lado. Amo você, Lolo. Eu devia ter dito antes. - As lágrimas rolaram pelo meu rosto.

Ela me puxou para perto e disse:

- Eu amo você também, Camila. Mas você já sabia disso.

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