A medida certa

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A única pessoa naquela sala capaz de atirar em Aldo e ainda salvar todo mundo era Marcos, mas o tiraram de lá, praticamente carregado. Pra piorar, Aliyah ordenou que o restante da equipe de segurança se concentrasse em mim e no pai dela, enquanto ela negociava com Aldo e eu ouvi muito bem quando o capitão da polícia disse para não atirarem nele. Eis que quando Roberto o rendeu, o alvo de Aldo passou a ser Aliyah e eu só tive tempo de me jogar na frente dela, sem pensar duas vezes.

Então senti uma pressão no peito, na altura do coração e a sensação de que o local estava queimando. Respirar era doloroso, minha garganta estava obstruída e sentia um gosto horrível de sangue em minha boca. Em seguida senti uma dor insuportável e meus olhos pesaram, mas consegui enxergar o rosto de Aliyah. Ela estava desesperada, me pedindo para não fechar os olhos. Lutei com todas as minhas forças, mas foi inevitável. Eu não queria fechar os olhos, não queria deixá-la, mas a dor era insuportável, tanto que me tirou a consciência e uma espécie de torpor tomou conta de tudo. Se eu estava mesmo morrendo, seu rosto seria minha última e mais bela lembrança e eu partiria honrado por salvar a vida dela.

Enfim a escuridão. Não vi ou ouvi mais nada a partir dali.

Acordei cheio de tubos e eletrodos. Conseguia mexer os dedos das mãos e dos pés, mas o pescoço doía um pouco. Toquei meu peito e havia uma faixa na transversal com dois curativos e um dreno, artigo familiar, já que tive que usar um quando sofri o acidente de carro.

Ao abrir os olhos, uma enfermeira se aproximou.

_ Olá, Gael!

_ Aliyah...-consegui dizer.- Onde ela está?

_ Aliyah está aguardando você ir para o quarto.

_ Ela está ferida?

_ Não. Ela está bem.

_ Quando eu vou pro quarto?

_ Assim que o Dr Caldas te liberar. Vou avisar que você acordou.

Não sei quanto tempo demorou, estava confuso e sonolento, mas o Dr Caldas me liberou após me examinar e constatar que eu estava fora de perigo.

Estava ansioso para ver Aliyah e quase saí da maca ao vê-la dentro do quarto, observando a vista da vidraça. Ela me olhou e sorriu, tão lindamente quanto todas as vezes em que me olhava.

Os enfermeiros me tiraram da maca e me puseram na cama confortável. Em seguida disseram algo a ela e saíram. Aliyah se aproximou da cama e pegou minha mão.

_ Oi!

_ Aqui é o céu?

_ Agora que você está bem, posso dizer que é sim! Como você se sente?

_ Com sono. Muito sono!

_ Então durma. -disse passando o dedo indicador entre meus olhos e nas sobrancelhas.

_ Promete que não vai sair daqui?

_ Prometo. Vou ficar aqui até você acordar.

Acordei horas depois, com ela dormindo e segurando minha mão, debruçada no pequeno espaço que meu corpo não ocupava na cama.

Com a mão livre, acariciei seu cabelo e depois seu rosto, a bochecha, os lábios. Acordar vivo era um presente, acordar vivo e com ela do meu lado, era uma dádiva.

Aliyah abriu os olhos devagar e sorriu.

_ Bom dia!

_ Boa tarde! Já passa do meio dia de segunda feira.

_ Saco! Perdi o domingo e a reunião de hoje...

Ela riu.

_ Sente dor?

Ao Seu DisporWhere stories live. Discover now