Nem iate, nem helicóptero, Aliyah era um avião

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Não posso negar que fiquei puto quando Arnaldo disse que já sabia da proposta de Aliyah. Confesso que pensei que ela teria falado com ele antes pra ganhar alguma vantagem, mas tive que ouvir a história antes de sair distribuindo farpas.

Quando Aliyah disse que aceitava contratar Duda também, acabei ligando pra ele assim que ela saiu da sala.

_ Chefe? Tá tudo bem?

_ Tá tudo muito bem. A partir de segunda-feira você fará parte do quadro de funcionários da Paiva Empreendimentos!

_ Como assim? Por que?

_ Aliyah me convidou pra ser seu novo diretor técnico e eu pedi que incluísse você no convite. De nada!

_ Cara, isso é o máximo! Obrigado! Mas e a Hiline?

_ Está tudo certo. Arnaldo já sabe, ele até me convenceu a aceitar o emprego. Aldo ameaçou debandar e o pai dele exigiu minha demissão, ou ele ia pra rua também. Aí eu pedi que Aliyah contratasse você e tá tudo ok.

_ Mas o cara é um patife mesmo, hein! Só que eu iria me demitir se Arnaldo fizesse isso com você. Ah se ia!

_ Tá maluco? Você tem um filho pra criar!

_ Pois é. Mas eu sou leal a você. Se você não tivesse me dado uma chance, eu ainda seria um garoto de recados. Não teria me formado, não teria uma família e nem um cara muito foda pra me inspirar e chamar de meu melhor amigo. Eu tenho muito mais a te agradecer, seu filho da puta sortudo do caralho.

_ Tá tentando me bajular, seu arrombado?- disse rindo- Segunda-feira, às oito na Paiva Empreendimentos. Me espera lá, valeu?

_ Valeu, chefe! Estarei lá!

Duda era meu melhor amigo bem antes de ser meu assistente. Ele era office boy quando comecei na Hiline e eu notei que ele tinha potencial. Pedia que me ajudasse com a burocracia enquanto eu pensava nas estratégias práticas e ele fazia além do que eu precisava e com perfeição. Quando assumi a diretoria técnica, pedi ao RH pra que ele fosse meu assistente, abrindo as portas para que ele fizesse faculdade e desse uma vida melhor a mulher e ao filho. Duda sempre sabia o que fazer, o que dizer, segurava as pontas quando eu não estava e teve uma participação muito ativa no desenvolvimento da estratégia que fez Aliyah me notar. Só eu sabia o quanto era ele quem me ajudava.

Depois de perdoar Aliyah mentalmente, me aproximei dela aos poucos. Naquele momento percebi que não conseguiria ficar bravo com ela por muito tempo e que precisaria controlar meus impulsos, assim como me controlei na noite passada. Aquilo foi por obrigação de homem, mas em outras situações seria por respeito, admiração e porque não dizer, amor. Eu entrei nessa sabendo que amar aquela mulher seria a maior consequência de meus atos, mais que levar uma surra de Aldo ou perder o emprego. Amá-la era inevitavelmente irresistível. Ela era tudo o que havia de melhor em uma mulher e a primeira que me fez me sentir daquele jeito.

Tudo resolvido, então subimos de elevador até o terraço do prédio e o helicóptero nos esperava. Carlos iria pilotar junto com um co- piloto, o chefe de segurança de Aliyah, a propósito.

Carlos disse alguns códigos e recebeu permissão para decolar.

_ O iate se chama Aliyah 3 por acaso?- fiz piada

_ Não, bobinho! Se chama Aurora, nome da minha santa mãezinha que Deus a tenha! Alyah 2 decolando! Apertem os cintos!- Carlos respondeu.

_ Aliyah 3 também é um barco, mas está ancorado em Dubai. Foi o presente de um Sheik amigo do meu padrasto, quando eu completei dezoito anos e debutei na sociedade em Abu Dhabi.

_ Muçulmanos debutam?

_ Não sou muçulmana, meu anjo. O público confunde porque minha mãe é árabe, mas ela também não é muçulmana.

Ao Seu DisporHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin