COMPRADA PELO SHEIK

CAPÍTULO 3

Cecília Avelar

Horas antes...

Esse casamento nem deveria acontecer, fiz a pior escolha, e agora estou aqui presa a esse modelo nada convencional de vestido plus size, fazendo a sonhada escolha da noiva. Isso para quem acha essa ideia bacana né? Meu querido noivo que se denomina como Kam, avisou que estaria em minha casa num prazo de vinte e quatro horas, por isso, corri com Flora e Christine para a loja de Monalisa.

— Cecilia você pretende experimentar mais algum modelo? Já estamos aqui a exatas...  — com uma pausa dramática fala Cristine encarando o relógio fingindo contar o tempo. — Quarenta dias experimentando e você ainda não sabe qual te agradou!

O vestido bufante e rendado que estou, tem aplicações em pedraria, tela nas costas para disfarçar o decote profundo, o véu longo de tule rendado nas bordas, definitivamente é o vestido dos sonhos.

— Amiga hoje você está realmente dramática ao extremo, nem eu que sou a Drama Queen, estou tão agitada  assim, se acalma mana, você está muito emocionada, mais até que eu, que sou a noiva — rimos e Monalisa se aproxima.

— Garotas esses são todos os modelos que temos disponíveis, sendo assim, já temos um veredito Cici? — Pergunta Lisa e minha amigas se voltam para me encarar.

— Ain gente, assim é muita pressão — digo em resposta aos olhares. — Lisa você sabe que eu amo sua loja, mas não estou preparada para esse evento ainda, esquece tudo, não quero nada.

— Sei que é tudo novo amiga, mas você vai ter que escolher — gentil Lisa alerta.

— Tine você está muito impaciente comigo — falo fingindo estar sentida e faço biquinho, todas riem.

— Já que não vamos comprar nada, já podemos ir né? — Flora se pronuncia.

— Eu sei que não estou facilitando, mas tenham calma comigo. — Junto as mãos em súplica. — Cometi um grande erro e direi isso ao Kam assim que ele chegar. Digam que vocês me amam e me entendem! — Todas riem

— Cici parece até que você está à beira da morte, pare agora com essa atuação precisamos urgente buscar as crianças na escola, dá pra você aliviar hoje, só hoje amiga? — Com as mãos unidas Flora suplica e gargalhamos.

Essas são as minhas melhores amigas, além de malucas são artistas do drama como eu, sabemos como fazer uma cena digna de novela do Walcir Carrasco, ele está perdendo um grande elenco sem nós quatro.

— Vamos garotas não vou escolher nenhum, hoje não foi o melhor momento — digo descendo do tablado redondo me arrastando com o vestido bufante todo rendado, mas não dos meus sonhos, pois esse casamento não vai acontecer, estou determinada e vou avisar ao Kam, se é que esse é o nome dele né!

*

Minutos se passam e já estamos na rua, hoje a Mona não teria horário de almoço para sair conosco, com isso fomos buscar as crianças da Flora, em seguida levei todos para casa,  precisava muito de um banho e da minha cama.

Ao chegar em casa, falo com minha avó e me despeço de todos. Apesar de ser horário de almoço não tenho a menor vontade de comer nada, minha ansiedade em saber mais sobre o  tal Kam, está me deixando maluca.

— Meninas vou subir, preciso descansar já que o noivo prometido vem hoje, e supostamente não tenho a menor ideia do que me espera — falo pesarosa.

Havia se passado seis dias desde que decidi o felizardo, o escolhido não ficou online durante esses dias, tão pouco participou das minhas transmissões, ele ficou empatado entre quatro rapazes, que eu nem fazia ideia de como se pareciam ou qual o nome real deles, confesso que me deixei levar pela mensagem que Kam mandou no chat privado, ele parecia ser respeitador, nunca foi grosseiro e estava sempre ali comigo e eu não havia notado isso ainda, até aquele momento

Seja o que Deus quiser.

Subo as escadas pensando em toda essa besteira que cometi, aos vinte e três anos, eu deveria pensar em comprar a minha próxima propriedade, já que meus objetivos eram viver em paz e em segurança e o mercado imobiliário nunca deixa de funcionar, teria sido  a minha melhor estratégia, mas não, eu fui cair na besteira de me aventurar e seguir os concelhos das meninas.

O casamento em resumo é resultado de uma falta de sobriedade misturadas com maluquice, eu e as três doidas que moram comigo, apostamos que nenhuma de nós era capaz de casar com um desconhecido e por conta disso eu fui a única besta a conseguir um casamento de verdade, até porque a Tine tem namorado, a Flora constantemente observada pelos filhos não tem tempo pra conhecer ninguém e a Mona, ah, a Mona é um mistério, mas acho que essa vaca tá cruzando.

Resumo da ópera, ESTOU FERRADA, e não é pouco, o marido escolhido tinha uma foto no perfil bem incrível, parecia europeu, mas pelo que sei dele, que é nada, pode acontecer de chegar aqui um Tony Ramos da vida. Só de pensar já me dá náusea.

Você deve estar se perguntando, por que você não anula essa aposta?

Te digo, até experimentar o vestido eu estava considerando casar de verdade, mas agora eu estou determinada a acabar com essa palhaçada, não posso me atrelar a alguém que nem conheço, ainda mais por longos seis meses, me manter casada com alguém que eu nunca vi ao vivo. Meu maior medo é que seja um psicopata e queira me matar.

Espero que esse homem não seja muito feio, ninguém merece, se efetivamente ele vier aqui, coisa que eu acho difícil, pois não passei o endereço a ele, mas caso ele venha de verdade, já resolvo tudo de uma vez.

Mas me ajuda aí cosmos, manda um homem gostoso estilo aqueles modelos musculosos das passarelas de desfile de moda da Victoria Secret.
Vai que eu reconsidero a ideia né? Gosto de ter opção na vida.

Seria pedir demais?  Abro a porta do quarto e me jogo na cama, nem um minuto depois  ouço a campainha tocar, me levanto correndo e olho pela janela. Vejo um carro da minha floricultura favorita aguardando liberação, escuto vovó gritando no interfone avisando que pode entrar.

Desço as escadas para ver quem é a felizarda que receberá flores da Florista Floricultura

Vovó recebe o entregador e agradece, fico encantada com o enorme buquê de hortênsias, são as flores que eu mais amo. Será que Augusto teve essa cara de pau? Não, não acredito que meu ex seria capaz desse feito gentil, balanço a cabeça para afastar os pensamentos e vejo minha vó se despedir do rapaz agradecendo, Flora se aproxima e eu chego ao fim das escadas.

— Cecília essas flores são para você, veja tem seu nome no cartão.

Empolgada vou até vovó e pego o buquê sentindo a fragrância invadir minhas narinas.

Abro o cartão e Flora toma de minha mão lendo com voz débil.

— As hortênsias são apenas para lembrar que nada se compara a sua beleza, mesmo sendo elas as mais belas do Jardim, não são capazes de sobrepor sua beleza. Kam

— Então esse é o noivo? — Flora pergunta animada.

— Não sei, acho que sim. Ele mandou uma mensagem no meu whatsapp, mas não sei nada sobre ele, a não ser esse nome, Kam — digo ainda admirando as flores.

— Você passou o seu endereço para ele? Assim sem mais nem menos? Não tem medo de morrer? — Christine aparece exaltada.

— Claro que não, eu nem ao menos disse meu nome, deixei apenas meu número para nos falarmos mais efetivamente, porque vocês sabem, na plataforma é uma merda — respondo com uma única dúvida, como esse homem sabe aonde eu moro? Será que ele é um Christian Grey na vida? Hahaha rio com meus pensamentos insanos.

—  Então como foi que ele descobriu o seu nome e nosso endereço? Ele é algum agente secreto do FBI ou Polícia Federal? — Flora indaga, e dou de ombro.

— Vou descobri e aviso! — falo subindo as escadas novamente, agora com minhas flores em mãos e o coração saltando pela boca por conta da adrenalina, essa falta se informações sobre Kam, me deixa elétrica e curiosamente excitada.

Sempre gostei desses jogos de cão e gato, mas viver essa sensação tem sido a experiência mais animadora nesses últimos anos, desde o traste.

Apoio o lindo arranjo sobre o aparador em meu quarto e vou direto para o banho, ao finalizar visto roupas leves, pois está um calor infernal me jogo na cama com as ideias fervilhando em mente, a maior dúvida é, como será esse homem?

Descido mandar uma mensagem para agradecer as rosas e perguntar como ele sabia meu endereço.