Capítulo 50

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Vejo os dedos de Anthony tremerem por causa do frio e sei que um pouco é de medo também. As árvores estão cobertas pelo branco da forte geada da noite passada, a grama está toda molhada, o ar gelado e estranhamente pesado, o vento está forte e as ruas da cidade estão vazias, as janelas e portas das casas fechadas, todos tentando se aquecer da maneira que podem do frio que está aqui fora. É difícil passar despercebido quando se é o único movimento da rua.

- Aqui está muito mais frio que o bunker. - Diz Anthony batendo os dentes e soltando fumaça pela boca.

- O Bunker tem ar condicionado, o carro também e essa região aqui é uma das mais frias, obviamente estaria mais frio ainda.

- Você não consegue ser nem um pouco mais educado? - Pergunta.

- Não. - Respondo curto e grosso. - Se concentre na missão que viemos cumprir e esqueça do frio que está sentindo.

- Para você é fácil falar, nunca sente frio. - Dou de ombros, seguindo em direção a uma taberna.

- É seguro entrarmos aí? - Pergunta Anthony inseguro, eu apenas afirmo que sim e entro, nessa hora do dia não há ninguém aqui, o lugar é pequeno e todo feito de madeira, a única fogueira do lugar é capaz de aquece-lo por inteiro.

- Aqui está bem melhor. - Diz se sentando em uma cadeira perto da fogueira, ainda bem que não sei o que é sentir frio. Vou até a bancada de atendimento e toco o sininho.

Ninguém aparece.

Toco novamente e ninguém aparece.

- Tem certeza que tem gente aqui? - Pergunta o ruivo.

- Tenho. - Digo sem tirar os olhos da cortina em que ele deve sair.

- O que está fazendo aqui? - Ouço sua voz atrás da cortina, ele não ousa sair.

- Preciso de sua ajuda. - Digo indo direto ao assunto em que me trouxe aqui.

- É perigoso Jake, a segurança está reforçada, é praticamente impossível você conseguir resgatá-la.

- Tenho que tentar. - Paulo não contesta com o que digo, ele sabe que não irei desistir até Any estar segura.

- Ela deve acordar daqui umas 3 horas, você precisa estar com ela no bunker até isso, se não, ela te mata antes de resgata - lá.

- Não precisa me lembrar disso. - Digo aborrecido, era para ter sido uma piada, mas levei a sério.

- Desculpe. - Diz ao perceber o quanto isso me afetou.

- Espere aqui, vou pegar o que deseja. - Sinto ele se afastar da cortina. Ele volta em uns 2 minutos.

- Aqui está. - Diz colocando por baixo da cortina, pulo a bancada e pego o punhado de chaves, logo depois vejo um bilhete;

Não confie nele, Anthony não quer ser seu amigo.

- Agradeço. - Digo ainda tentando digerir as palavras que acabei de ler, sabia que não podia confiar nele, mas vindo de meu pai essas palavras só podem significar uma coisa: ele nunca quis ajudar, sempre foi inimigo, um inimigo que abriguei em meu bunker.

- Vamos Anthony. - Digo fingindo que nada aconteceu, ainda preciso da ajuda dele para tirar Any de lá.

Chego na passagem que fica na parte de trás da Cidade e a abro com uma das chaves, não queria ter mostrado a passagem para ele, mas, era algo necessário, andamos pelos túneis durante uns 10 minutos, até chegarmos ao seu fim, abro a passagem e já estamos dentro do meu quarto.

- Você tinha uma vida de luxo. - É a primeira coisa que ele diz após sair atrás de mim, eu não respondo. Ele entrou em contato com alguns amigos, eles sabem que estamos aqui, deve ter alguma armadilha no quarto, não estamos sozinhos.

- Vamos por fora. - Digo.

- Por fora? Não é perigoso? - Pergunta com os olhos arregalados.

- Perigoso é, mas eu vou assim mesmo. - Então abro a janela e começo a escalar, a casa tem várias colunas de apoio, o que faz tornar a subida muito mais fácil.

- Isso é loucura! - Ele grita da janela para mim. Eu não o respondo e continuo a fazer o que estava fazendo.

- Droga! - Diz ele e logo o vejo escalando também.

- Aaa. - Ouço Anthony gritar e ao olhar para baixo vejo que uma mão escorregou junto com uma parte da parede, não era para isso aqui estar tão velho.

- Espera! - Grito para ele. Então desço e seguro sua mão, até penso em solta-la, mas ainda preciso dele.

- Eles estão ali. - Um homem grita e começa a atirar, tento desviar o máximo que posso das balas, as que me atingem não passa por mim por causa do uniforme militar, ele tem um colete a prova de balas por todo ele. Passo pela janela já no 7° andar e ajudo Anthony a entrar.

- Faz um escudo com os metais. - Ainda não é para isso que preciso dele. O mesmo se apressa e logo estamos protegidos.

Anthony arrebenta todas a as portas das celas, elas são de metal, é para isso que preciso dele, mas todas estão vazias, mas sei que ela está aqui, tem que estar. Então ele abre uma das últimas portas e eu a vejo.

- Ei. - Vou até ela e acaricio o seu rosto.

- Não temos tempo para isso. - Ele tem razão, a pego em meu colo e Anthony nos defende com o escudo, Lorayne precisa acordar, se não seremos pegos. Tiro o Anel e rapidamente ela acorda.

- Que merda aconteceu? - É a primeira coisa que ela pergunta, então ela ouve o barulho dos tiros e das explosões.

- Precisamos sair daqui. - Eu até faria uma piada, mas não vai demorar muito para ela se lembrar e querer me matar.

- Jake... - Tento encostar nela mas a mesma recua e se levanta.

- Depois conversamos, agora sairemos daqui, por que você não vai morrer pela mão de nenhum deles, será pela minha. - Sei o quão verdadeiro ela falou, mas não me importo se ela irá me matar, eu mereço.

Lorayne se levanta e seus olhos e seus cabelos viram pura chama, ela está com raiva, muita raiva, ela queima a todos que vê pela frente, não deixa um vivo, Anthony está com medo e mantém distância dela, bloqueando as balas com o metal, eu congelo as pessoas que consigo, Lorayne não deixa eu ter o privilégio de matar muitos. Com seu fogo saímos da cidade em chamas, vejo pessoas correndo, outras chorando pelos que perderam, me viro para frente tentando não lembrar disso e do que ela fez.

E que logo será a minha vez de queimar.

A Deusa da Chama: A Dona da Vida e da Morte (EDITANDO)Where stories live. Discover now