Capítulo 2 - Cheeseburger.

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— Mais ou menos uma hora. — Ele fez um gesto na direção da cadeira do copiloto. — Pode se sentar aí se quiser.

Eu me sentei e afivelei o cinto de segurança. Protegendo os olhos do sol, admirei a vista de tirar o fôlego. Em cima, o céu, sem nuvens e cor de cobalto. Embaixo, o oceano Índico, um redemoinho de verde-menta e azul-turquesa. John esfregou o meio do peito com o punho. Depois pegou um pote de antiácidos e colocou um comprimido na boca.

— Azia. É isso que ganho por comer cheeseburger. Mas é tão mais gostoso do que uma maldita salada, não é?

Ele riu, e concordei com a cabeça. 

— Então, de onde vocês são?

— De Chicago.

— O que você faz em Chicago? — Ele jogou outro antiácido na boca.

— Ensino inglês no ensino médio.

— Ah, férias de verão.

— Bem, não para mim. Normalmente, trabalho como tutora de alunos no verão. — Fiz um gesto em direção a Lauren  — Os pais dela me contrataram para ajudá-la alcançar a turma. Ela tem linfoma de Hodgkin e perdeu muitas aulas.

— Achei mesmo você muito nova para ser mãe dela.

Sorri.

— Os pais e os irmãos dela já estão lá há alguns dias. Não pude partir tão cedo quanto os Jauregui porque as férias de verão da escola pública onde eu lecionava começavam depois das da escola privada que Lauren frequentava. Quando Lauren descobriu, convenceu os pais a deixá-la ficar em Chicago no fim de semana e voar comigo. Clara me ligara para ver se estava tudo bem.

''— A amiga dela, Normani, vai dar uma festa. Ela realmente quer ir. Tem certeza de que não se importa? — perguntou ela.

— Nem um pouco — respondi. — Vai ser uma oportunidade de nos conhecermos.

Eu só havia encontrado Lauren uma vez, na entrevista com os pais dela. Levaria um tempo para ela se sentir à vontade comigo; era sempre assim quando eu começava com um aluno novo, principalmente uma adolescente.''

A voz de John interrompeu meus pensamentos.

— Quanto tempo você vai ficar?

— Durante o verão. Eles alugaram uma casa na ilha.

— Então ela está bem agora?

— Está. Os pais disseram que ela ficou bastante mal por um tempo, mas está em remissão há alguns meses.

— Belo lugar para um trabalho de verão.

Sorri.

— Ganha da biblioteca.

Voamos em silêncio por um tempo.

— São realmente mil e duzentas ilhas aqui? — perguntei. Eu só tinha contado três ou quatro, espalhadas pela água como peças gigantes de um quebra-cabeça. Esperei pela resposta. — John?

— O quê? Ah, sim, mais ou menos. Somente cerca de duzentas são habitadas, mas acho que isso vai mudar com todas as construções. Tem um hotel ou resort novo abrindo todo mês. — Ele deu uma risada. — Todos querem um pedaço do paraíso.

John esfregou o peito novamente e tirou o braço esquerdo do manche, esticando-o na frente dele. Percebi sua expressão de dor e o brilho luminoso de suor na sua testa.

— Você está bem?

— Estou. Só que nunca tive uma azia tão forte assim. — Ele colocou mais dois antiácidos na boca e amassou o envelope vazio.

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