Capítulo 1

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Amanda tentou abrir os olhos devagar, com certa dificuldade por causa da luz forte ao redor. Piscou algumas vezes enquanto focava nas paredes extremamente brancas, até o som do ambiente invadir seus ouvidos. Estava em um hospital?

Hey, you are awake... — A garota franziu a testa ao ouvir o homem que entrava no quarto, usando uma roupa vinho e jaleco, falando que ela estava acordada. — How you feel? — Estava ficando louca ou o médico estava perguntando como ela se sentia, em inglês.

Good...? — Decidiu responder também em inglês, esperando que aquilo fizesse de alguma forma o surto passar.

OK, that's... — o surto não passou, o médico ruivo e simpático continuava falando em inglês e Amanda não podia estar mais confusa. — Está sentindo alguma coisa? — ele tocou seu braço ao perguntar, ainda em inglês, Amanda agradecendo aos céus por ser bilíngue.

— Só um desconforto e... Por que raios você está falando em inglês? — A expressão do médico foi a mesma que ele faria se Amanda tivesse dito que era uma alienígena.

— Estamos nos Estados Unidos, até onde sei inglês é nossa língua materna... — tentou brincar, mas seus olhos demonstravam preocupação ao deixar de lado o tablet que tinha em mãos. — Não se lembra onde está?

Amanda parou por alguns minutos, olhando fixamente para o médico, procurando por uma resposta àquela pergunta. Sentia-se completamente perdida porque parte de sua mente parecia uma folha em branco e outra parecia borrada.

— Lembro que sou brasileira, meu nome é Amanda Rodrigues e... — o médico a encarava atento, esperando que ela continuasse — e... eu... — Amanda pressionou o polegar e o indicador na testa, forçando-se a lembrar de mais alguma coisa, sem sucesso.

— Calma, você bateu a cabeça, é normal estar confusa... — ele sorriu amigável e Amanda assentiu levemente — meu nome é William Halstead, você tá no Chicago Med e foi trazida pra cá depois de sofrer um acidente.

O nome do hospital deixava claro em que parte dos Estados Unidos ela estava. Mas aquilo a fazia pensar, sabia que era brasileira, mas não tinha ideia de que parte do Brasil. Voltou-se novamente para Halstead, não deixando de observar como era bonito. Duas batidas na porta aberta, a tirou de seus pensamentos e fez tanto ela como o médico olhar na direção da porta. Era um bombeiro, pelo que Amanda percebeu nas roupas e na logo bordada na camisa pólo azul marinho. Os olhares dos dois se encontraram por alguns segundos, antes do Dr. Halstead pedir licença a ela e se aproximar do bombeiro, que não tirou os olhos de Amanda até o médico chegar no corredor.

— Como ela está, Will? — Indicando a direção do balcão, Will Halstead deu dois passos para o lado, ambos saindo do campo de visão de Amanda, antes de responder.

— De modo geral, está bem, Casey. — Colocou o tablet sobre o balcão — ela não se machucou e os exames não indicam algo anormal. Mas ela está bem confusa, não lembra muita coisa, disse que o nome é Amanda... Ela chegou a falar alguma coisa quando a atenderam no local?

— Não, ela estava desacordada quando chegamos... Dawson e Shay fizeram um atendimento rápido e já trouxeram ela pra cá... — Casey cruzou os braços com uma expressão confusa — por que a pergunta, Doutor?

— Ela não é daqui, é do Brasil e ficou bem confusa quando eu disse que estamos nos Estados Unidos. — O Tenente Casey olhou na direção do quarto, mesmo que não pudesse ver a garota.

— E ela disse algo sobre conhecer o Quartel 51? — Voltou-se novamente para Halstead, recebendo uma negação com a cabeça como resposta.

— Se precisar, só me chamar. — Will deu um leve sorriso e se afastou.

Assim que ficou sozinho, Casey descruzou os braços e colocando as mãos nos bolsos, se aproximou do vidro do quarto. Observou Amanda por alguns minutos, ela olhava para a janela e os cabelos cacheados se espalhavam pelo travesseiro. Muitas perguntas rodeavam sua cabeça, coisas que nem mesmo sabia se ela conseguiria responder. Pensou em entrar, mas antes de fazê-lo, sentiu alguém chegar ao seu lado, Kelly Severide olhava também pelo vidro.

— Já falou com ela? — Severide perguntou olhando para frente.

— Ainda não...

— Boden mandou que fiquemos de olho e avisasse a ele sobre o estado dela. — Casey apenas assentiu.

Amanda virou o rosto, como se sentisse que estava sendo observada. Encontrou novamente o par de olhos azuis do bombeiro a observando. Acabou sorrindo um pouco sem graça e ele correspondeu o sorriso, então Amanda encontrou outro bombeiro logo ao lado. "Ter olhos azuis é requisito para ser bombeiro por aqui?", pensou consigo e riu de si mesma, pelo pensamento tão bobo, enquanto os dois entraram no quarto.

— Oi, Amanda. Eu sou o Tenente Casey e esse é o Tenente Severide — viu o segundo cumprimentar com um simples aceno, ele tinha um olhar desconfiado — nós ajudamos você no acidente...

— Obrigada, Tenente. — Ela continuou olhando diretamente para Casey e sorriu em agradecimento. Os olhos dele transmitiam confiança, sentia-se segura só de olhar para eles, não precisava ter medo, por mais assustador que aquilo tudo estava sendo.

— Amanda, precisamos te fazer uma pergunta... — Severide deu um passo à frente e Casey estendeu a mão para impedi-lo.

— Severide, podemos deixar pra depois...

— Não, tá tudo bem — Amanda interveio e suspendeu o corpo na cama, ficando sentada — o que precisa saber, Tenente? — Os dois trocaram um olhar, antes de Severide voltar-se novamente para a garota.

— No acidente, você estava usando uma camiseta que nos deixou bem confusos — Amanda franziu o cenho, olhando de um para o outro, esperando que ele explicasse melhor — tinha nossos rostos estampados na sua camiseta.

Amanda arregalou os olhos e abriu a boca, mas não conseguia emitir qualquer som. Aquilo não fazia sentido algum porque não tinha ideia de quem eles eram... Olhou para Casey novamente, encontrando um olhar preocupado. Não esqueceria daqueles olhos se já os conhecesse. Se bem que sua cabeça estava parecendo um grande labirinto confuso e sem sentido no momento, talvez esquecesse. Mas...

— Na camiseta? — ela voltou a olhar para Severide ao conseguir perguntar. — Okay, isso é um tanto louco e constrangedor.

Os três ficaram em silêncio, Severide e Casey trocaram olhares e então Amanda os encarou alternadamente. Procurando em algum lugar dentro de sua mente, se lembrava deles ou porque usava a tal camiseta que ela nem sabia da existência.

Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1Where stories live. Discover now