CAPÍTULO XIV

2.2K 208 45
                                    

NA LUZ DO SOL, EDWARD ERA CHOCANTE.

 Eu não conseguia me acostumar com aquilo, embora o tivesse olhado a manhã  toda. Sua pele branca apesar do rubor fraco da viagem de caça da véspera, literalmente faiscava, como se milhares de diamantes pequenininhos estivessem incrustados na superfície. 

Ele se deitou completamente imóvel na relva, a camisa aberta no peito incandescente e escultural, os braços nus cintilando. As reluzentes pálpebras pálidas como lavanda estavam fechadas, embora ele evidentemente não estivesse dormindo. Uma estátua perfeita, entalhada em alguma pedra desconhecida, lisa como mármore, cintilante como cristal.

De vez em quando seus lábios se mexiam, tão rápido que pareciam estar tremendo. Mas quando perguntei, ele me disse que estava cantando consigo mesmo; era baixo demais para que eu ouvisse.

Também aproveitei o sol, embora o ar não estivesse tão seco para o meu gosto. 

Eu me deitei de costas, e deixei o sol aquecer meu rosto. O vento era suave; enroscava meu cabelo e agitava a relva que se espalhava ao redor de sua forma imóvel.

Eu estendi um dedo e afaguei as costas de sua mão faiscante, onde estava ao meu alcance. Fiquei maravilhada com a textura, macia como cetim, fria como pedra. Quando ergui a cabeça novamente, seus olhos estavam abertos, observando-me. Hoje cor de caramelo, mais claro, mais quente depois da caçada. Seu sorriso rápido virou o canto de seus lábios para cima.

– Eu não assusto você? - perguntou ele brincalhão, mas pude sentir a curiosidade real em sua voz suave.

– Não.

Ele abriu mais o sorriso; seus dentes cintilaram ao sol.

Aproximei-me mais um pouco, agora com a mão toda estendida para acompanhar os contornos de seu braço com a ponta dos dedos. 

– Importa-se? - perguntei, porque ele fechara os olhos novamente.

– Não - disse ele sem abrir os olhos – Nem imagina como é. ‐ suspirou.

Eu me sentei na campina ao lado dele.

Passei a mão suavemente pelos músculos perfeitos de seu braço, acompanhando o leve padrão de veias arroxeadas por dentro da dobra de seu cotovelo. Com a outra mão, virei a palma dele para cima. Percebendo o que eu queria, ele virou a mão naqueles seus movimentos  rápidos. Isso me sobressaltou; meus dedos paralisaram em seu braço por um breve segundo.

– Desculpe - murmurou ele. Ergui a cabeça a tempo de ver seus olhos dourados se fecharem novamente. – É muito fácil ser eu mesmo com você.

Levantei a mão dele, virando-a enquanto via o sol cintilar em sua palma. Eu a trouxe para mais perto de meu rosto, tentando ver os aspectos ocultos de sua pele.

– Diga o que está pensando - sussurrou ele. Olhei-o e vi seus olhos me fitando, intensos de repente.

– Você pode ler a minha mente.

Ele balançou a cabeça.

Edward agora estava quase sentado, apoiado no braço direito, a palma esquerda ainda em minhas mãos. Seu rosto estava a centímetros do meu. Os olhos dourados me hipnotizavam.

– Eu quero que você diga. - senti seu hálito frio em meu rosto. Doce, delicioso, o aroma me dava água na boca. Era diferente de tudo o que eu conhecia. Instintivamente, sem pensar, cheguei mais perto, inspirando.

E ele se foi, a mão arrancada de mim. Quando consegui colocar os olhos em foco, ele estava a uns cinco metros de distância, parado na beira da campina pequena, na sombra de um abeto enorme. Ele me encarava, os olhos escuros nas sombras, a expressão indecifrável.

night sun - Crepúsculo Where stories live. Discover now