A droga do amor

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Por alguns segundos, o sorriso que se estendeu pelo meu rosto foi a única resposta, mas logo fiz questão de levar a conversa a diante.

– E quando podemos nos encontrar? – dei um último trago no cigarro, antes de permitir que ele escorregasse por meus dedos.

– Esse fim de semana está bom para a senhora?

– Esse fim de semana está ótimo! - respondi com precisão. – Mas se alguma coisa der errado... – não foi preciso terminar a frase, ele já havia me interrompido e estava dando explicações:

– Eu tenho total convicção dos riscos, mas também tenho total convicção do meu trabalho. Garanto que nada, absolutamente nada dará errado, se a senhora fizer a sua parte bem feita, é claro! – disse firme, fazendo meus olhos revirarem.

–  Eu sei o que eu faço, Higor. O problema é se você sabe. – o repreendi – Você tem noção do que eu seria capaz de fazer com você caso alguma coisa aconteça a ela, não sabe?  – o ameacei.

– Eu já disse que é meio arriscado, mas se tivermos sorte e competência a sua princesinha sairá ilesa! – senti sarcasmo no seu tom de voz.

– Pro seu bem... Espero que sim!

Ouvi duas batidas na porta, fazendo-me desligar completamente da ligação e focar-me somente no pequeno corpo que estava parado diante de mim.

– Juliette? - perguntei, tentando não demonstrar o nervosismo . – Eu retorno a ligação depois. – foi tudo o que eu disse, antes de desligar o telefone. – O que está fazendo aqui? –  cocei a nuca, guardando o celular no bolso da calça.

– Com quem estava falando? – falou calma, se aproximando.

– Com ninguém importante, garanto. – a cortei, deixando óbvio no meu tom de voz que eu não queria que ela perguntasse sobre isso.

– Eu queria conversar com você! – me observou.

– Eu sei bem o que é! – com tédio, sentei na cama.

– Não, você não sabe. – falou, com uma certeza que me irritou.

– Juliette... – a interrompi. – Esquece.– sussurrei – Esquece esse assunto, okay? – a fitei – Logo logo, todos os problemas estarão resolvidos. – disse, num sorrisinho diabólico.

Ela arqueou a sobrancelha, confusa.

Merda, Sarah!

– Do que está falando? – sorriu desajeitada, parecia aflita.

– Pensei alto! – neguei com a cabeça, me repreendendo mentalmente. – O que acha de viajarmos? – mudei de assunto rapidamente.

– Assim, do nada?

– É! – sorri tentando parecer convincente. – Não vai ser nada muito longo, prometo. – falei. – É só para... esfriar a cabeça. – disse sombria as últimas palavras – Garanto que essa viagem vai te fazer muito bem. – levantei-me, indo em sua direção.

– Okay! –sorriu.

Era isso? A convencer seria tão fácil?

Coloquei a mão em seu pequeno e delicado rosto, que mais parecia com um anjo.

Meu pequeno e delicado anjo.

Eu tentava ao máximo não lembrar de que, na barriga da minha mulher, tinha um... feto do meu maior inimigo.

A observei por longos segundos, antes de sentir um sorriso indesejado começar a sair da minha boca.

– Eu te amo! –  sussurrei, massageando o local, a vendo fechar os olhos, absorvendo a sensação do meu toque. – Tanto que eu não me perdoaria se algo de ruim acontecesse com você! – aquele peso na consciência estava acabando comigo. 

Obsessed with meOnde as histórias ganham vida. Descobre agora