como eu queria que o amor me abraçasse
e me dissesse que está tudo bem em não estar feliz. queria que o amor me alcançasse enquanto eu corro para os braços da inócua e derradeira aflição que permeia meus dias e me impedisse de me entregar à isso.mas o amor pra mim é como um gato arisco que foge toda vez que eu tento me aproximar. é como um sábado nublado e sem graça em que não há muito o que fazer, então você só dorme e espera que o dia acabe mais rápido.
pra mim o amor se resume em todos aqueles que amei e que foram embora. tanto pelas circunstâncias da vida, quanto pelos que a morte levou de mim.
então, não há muito o que fazer. nem sempre tive tempo de me despedir. te abracei pela última vez como se te entregasse ao cuidado de um sentimento muito precioso pra mim, sem saber se o tempo vai me apagar da sua memória ou me transformar em algo bonito nas estantes do teu coração.enquanto essa espera dilacera o meu coração,
eu queria que o amor me abraçasse e me consolasse pelas vezes em que ele não me escolheu como um peito pra habitar,
pelas vezes em que ele bateu a porta na minha cara, em que ele passou com muita pressa
e se esvaiu pelas minhas mãos.mas o amor não deve nada à ninguém, muito menos à mim.
eu o espero como o sol que espreita pela minha janela toda manhã e sussurro teu nome baixinho como uma prece que eu não queria fazer, mas faço mesmo assim
quem sabe o amor passe
e, dessa vez, ele me escute.
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Batom Vermelho e Poesia
PoetryAntigo "textos que doem" Instagram de textos: @batomvermelhoepoesia