textos que doem

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as minhas recordações de você estão sendo lentamente apagadas da minha memória recente, contra a minha vontade. estão se tornando apenas vultos e borrões muito bonitos. mas apesar disso, sua risada ainda ecoa nos meus ouvidos, não tão forte como antes, mas como um eco distante e um pouco desconexo. ainda lembro da sua forma de andar, e da forma como sua presença pesava sobre mim.
mas estou esquecendo de como era seu sorriso. e me recuso a ver suas fotos ou qualquer coisa do tipo, porque me incomoda e me entristece pensar que eu jamais poderei vê-lo brilhar pra mim novamente.

entretanto, o seu olhar jamais será esquecido. aquele que me dizia coisas que eu nem sempre consegui compreender, que me sorria espontanemente, que me desarmava completamente. o seu olhar fixo e determinado nunca vai sair dos palcos do meu coração, porque foi ele quem mais me iluminou até agora. mesmo que eu quisesse esquecê-lo, eu não conseguiria.
seu toque vai estar sempre gravado na minha pele me lembrando de que, sim, é possível alcançar o que se sonha, mesmo que pareça impossível. eu te alcancei por um momento, só não foi por tempo suficiente.

meu coração-estado declara calamidade sem você aqui
e é difícil governar a falta que o seu afago deixou no meu ser

as ruas parecem mais vazias e as noites, mais frias. o tempo passa e eu te sorrio de longe,
por mais que você não veja e não saiba
e eu estou tentando não olhar pra trás, mas ainda penso muito em você e no que você fez comigo. você me fez acreditar em coisas que eu não acredito
nos astros,
nos deuses,
nas cartas, em qualquer coisa que me diga que você vai voltar

ainda que eu saiba que não vai.

Batom Vermelho e PoesiaWhere stories live. Discover now