Capítulo LVI

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Natália encarava Jessy fulminante, como se estivesse prestes a matá-la, ela havia voltado de viagem há uma semana, convenci Jessy de que dizer de uma vez à ela era o melhor a se fazer. Mas vendo-a assim, tão fora de si, começo a me arrepender de ter forçado minha amiga a dizer algo tão sério e delicado por mensagem, isso deve ter desestabilizado sua mãe. Embora ache que sua atitude é um tanto quanto exagerada, não a culpo por completo, não deve ser algo fácil de assimilar.

— Eu deixo você ter a liberdade de viver apenas sob a supervisão da Teresa e olha como você me retribui — Ela esbraveja, colocando as mãos sobre as têmporas.

Teresa, a empregada da casa, abaixa o seu olhar, envergonhada. Jessy por outro lado, está com os braços cruzados sobre o peito e a postura irredutível, os berros de sua mãe sequer parece afetá-la, a determinação em seu olhar é notória. Depois de um tempo andando de um lado para o outro, Natália finalmente para, encarando sua filha com determinação.

— Você vai abortar essa criança.

— Não! Você não vai me obrigar a fazer isso — Jessy retruca.

— Não vou deixar que pensem que minha filha é uma vagabunda que deu para um delinquente qualquer — Ela grita e eu engulo em seco, perplexa com suas palavras.

— Você — Ela se aproxima de Jessy, apontando o dedo em seu rosto. — Tem duas escolhas, ou aborta essa criança, ou saia da minha casa.

Jessy lança um rápido olhar para mim, como se estivesse confirmando suas palavras do dia anterior. Ela havia dito que tinha certeza de que sua mãe não a permitiria continuar morando em sua casa quando descobrisse a gravidez. No entanto, ela já havia decidido morar com o Felipe, depois da conversa que tiveram, chegaram a conclusão de que era a melhor decisão. E embora eu não concorde, eu a apoio em suas escolhas.

— Quero ver se ele vai querer assumir essa criança — Natália debocha, cruzando os braços.

Uma batida na porta ressoa no ambiante, interrompendo a discussão, Teresa se apressa em direção à porta, parecendo aliviada de se livrar por um momento das broncas de sua patroa. Ela volta logo em seguida, com Felipe atrás dela. Seus olhos percorrem o ambiante rapidamente antes de encarar a Natália, então sua expressão se torna apreensiva, embora ele pareça tentar disfarça com uma postura rígida.

— Então você é o marginal que engravidou minha filha?

Seus olhos analisam Felipe da cabeça aos pés e sua desaprovação e desprezo são nítidos em seu olhar.

— Mãe... — Jessy começa, mas ela levanta sua mão e faz um sinal para que a garota fique em silêncio, sem tirar os olhos do Felipe.

Ele balança a cabeça negativamente e abre um pequeno sorriso, fico incerta do que está se passando pela sua cabeça nesse momento, talvez um turbilhão de coisas, e nenhuma delas parece ser boa.

— Olha, senhora — Felipe se aproxima, com um certo deboche em seu olhar. Natália não recua. — Não é porque você é uma mal amada que isso significa eu não ame a sua filha, ou o nosso filho.

Jessy e eu permanecemos estáticas, ainda incrédulas com a atitude de seu namorado. Sinto o meu coração se esquentar com suas palavras.

— Saia da minha casa agora! — Me encolho com o grito da sua mãe, tenho a certeza de que todo o condomínio escutou seus berros.

— Vou te esperar no carro, meu amor — Ele lança um olhar para minha amiga, que apenas acena com a cabeça, sem encara-lo de volta.

Ele então se vira e abre a porta, mal tendo tempo para fecha-la atrás de si porque Natália a agarra e bate com força, causando um estrondo. Com as mãos na cintura, ela permanece encarando a porta por um tempo antes de se virar para a nossa direção.

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