Capítulo XLVII

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Entre as degustações de buffet e as escolhas dos itens de decoração eu me sentia exausta, principalmente pelo fato de que não estava animada para nada relacionado a festas por enquanto. Mas era importante para a mamãe e eu queria deixá-la feliz, já que eu pretendia me mudar assim que terminasse os estudos. Era o plano que tínhamos desde a infância, Jessy, Theo e eu. Então só restava e eu minha melhor amiga, que agora eu já não tinha mais certeza de que manteria nosso combinado. Visto seu envolvimento com o Felipe e a distância que isso criou entre nós, nao tenho certeza de mais nada.

Para piorar o meu desânimo em relação a essa festa, eu nasci em junho e todo ano tenho que lidar com o fato de ser zombada pela Jessy por eu ser geminiana, quero dizer, eu não acreditava muito em signos, mas ela fazia parecer que o meu era um dos piores. Isso era irritante.

Eu sabia que Nick era sagitariano porque estava escrito em sua biografia do instagram, mas eu não tinha certeza de que isso era algo bom. Jessy sempre que conhecia um garoto fazia seu mapa astral e testava a compatibilidade entre os signos, eu me divertia porque era algo ridículo para mim. No entanto, eu adorava vê-la tagarelar sobre isso, como se os signos fossem um fator determinante para definir o caráter de alguém. O que está longe de ser verdade.

Naquela semana e nas seguintes, fui para a aula todos os dias, estava começando a perceber como as matérias ficavam cada vez mais complexas com o passar do tempo, eu tinha a impressão de que iria surtar com tantos trabalhos e atividades que estavam sendo despejados sobre as nossas cabeças, minhas crises de ansiedade voltaram e eu tinha que me trancar no quarto até que minha mente turbulenta me deixasse em paz, a sensação de morte, desespero e falta de esperança estava acabando comigo, a cafeína acabou se tornando minha válvula de escape, que logo se tornava gatilho com os excessos. Eu tentei dizer aos meus pais que eu não estava tão bem quanto achei que estivesse, mas tudo o que eu ouvia de volta era que eu apenas precisava desacelerar. Dizer a um ansioso que ele precisar parar é como dizer a um cadeirante que ele só precisa se levantar. É tão hipócrita e insensível.

Nick me olhava preocupado durante as aulas, eu não queria sua aproximação, me sentia magoada e tê-lo por perto estava me causando mais dor do que conforto. Às vezes, eu me pegava admirando-o enquanto se concentrava na aula, no fundo, acho que posso entender o porquê dele buscar refúgio no álcool e nas drogas. Não é a maneira mais saudável, muito menos a ideal, mas imagino que a sensação de fugir da realidade seja reconfortante, uma maneira rápida de aliviar a angústia.

Eduardo não voltou a me incomodar, tampouco contou algo ao meu pai, o que ainda me deixa intrigada, mas eu não quis voltar a pensar nesse assunto, estava feliz que ele tenha mantido a boca fechada, talvez seja o fato de ter levado uma surra do Nick. Não sei. A única coisa que importava é que meu aniversário era no próximo sábado e eu tinha que me esforçar para parecer realmente contente.

[...]

O salão estava impecavelmente decorado, longos vasos de flores brancas decoravam as mesas, adornados com graciosas penas escuras. Haviam plumas, purpurina, lantejoulas e paetês distribuídos em cada pequeno detalhe da decoração, me senti em um verdadeiro baile de máscaras da idade média.

Desço as escadas lentamente, comprindo um pouco os olhos sob os flashes da câmera do fotógrafo, paro em alguns degraus posando como ele pede, todos os olhares no salão estão sobre mim, a máscara faz com que eu me sinta um pouco mais segura.

Algumas pessoas levantam para me parabenizar e começamos uma longa e cansativa sessão de fotos, essa com certeza é a parte mais chata dos aniversários. Nick se aproxima do painel de fotos onde me encontro, com seu smoking impecável e a máscara preta simples sobre seus olhos âmbar, ele está divinamente lindo. Um calor sobe por minha espinha quando sua mão desliza pela minha cintura, aproximando seu corpo do meu.

ConsequênciasWhere stories live. Discover now