Capítulo XLVIII

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Eu ainda me sinto amortecida e abalada com as suas palavras, eu tinha certeza de que ele não era indiferente a mim, mas eu não imaginava a que ponto chegavam os seus sentimentos por mim. Quero dizer, ele sempre fugiu de tudo o que tivesse haver com um romance. Não era o que ele queria, não era o que eu queria. Mas estou ciente de que em algum momento abaixamos nossa guarda e nos deixamos levar. No entanto, não me sinto arrependida de tudo o que tivemos, eu sabia dos riscos. E valeu a pena cada momento.

— Apaixonado? — Papai solta uma risada sem humor. — Você nem sabe o que essa palavra significa, moleque.

Meu pai sequer lhe dá tempo para responder e volta a despejar toda a sua ira em Nick:

— Então aproveite para se despedir dela, porque é a última noite que irá vê-la.

— O quê?! — Nick e eu dizemos em uníssono.

Procuro em seus olhos algo que possa me provar que suas palavras não são sérias, mas não encontro nada. Ele não está brincando. Eu já havia me mostrado contrária a essa sugestão dele, mas agora não parece mais algo eu possa decidir por mim mesma.

— Você vai morar com os seus avós em São Paulo, agora não é mais uma escolha sua, é uma ordem.

— Não vai me afastar dele, já sou maior de idade — retruco, quase berrando, internamente agradecida pelo volume da batida eletrônica lá fora.

— Pouco importa sua idade, enquanto viver debaixo do meu teto, você segue as minhas regras — esbraveja, encerrando o assunto.

A passos largos papai alcança a porta, bufando de raiva, ele a bate com força. Deixando apenas Nick e eu, que ainda nos encaramos em silêncio, sem saber o que dizer ou como dizer. Ele finalmente quebra a distância entre nós, suas mãos seguram o meu rosto e ele deposita um beijo em minha testa, sussurrando que daremos um jeito e que tudo irá ficar bem. Ele não faz ideia de como o seu acalento meu acalma. Eu ainda me sinto incrédula com tudo o que ouvi de sua boca, mas não quero estragar o momento tocando nesse assunto novamente.

É horrível voltar para a festa e ter que agir como se nada tivesse acontecido. Posso notar como algumas pessoas me encaram com aparente preocupação, imagino que deva estar nítido no meu rosto que algo não está bem, mas eu sorrio para elas, como para despreocupá-las. Embora no fundo, sei que a última coisa que eles estão é realmente preocupados, apenas curiosos. Me aproximo da mesa de frios, mas nada aqui me faz ter apetite. O que eu na verdade quero é beber, é o que eu realmente preciso. Mas não posso ser motivo de vergonha para os meus pais caso eu exagere e me embriague. Então tenho que me manter sóbria enquanto forço sorrisos.

— Amiga está tudo bem? — Jessy pergunta preocupada, acariciando minhas costas. Há uma taça de champanhe em sua mão e Felipe não está ao seu lado.

Eu a encaro e instantaneamente meu olhos se enchem de lágrimas, me sinto uma idiota por não conseguir me controlar. Odeio quando fazem essa pergunta, é quase como se fosse um gatilho para nos derramarmos em lágrimas.

— Meu pai descobriu sobre o Nick e eu, na verdade ele já sabe há um tempo — depejo as palavras, sem suspense. — E ele disse que vou ter que ir morar com meus avós.

— Porra, Beca — Seus braços me envolvem carinhosamente. — Mas o que é que deu no tio Carlos? Quer que tente convencê-lo a não fazer isso?

Balanço a cabeça e limpo as poucas lágrimas que conseguiram escapar.

— Não vai adiantar, mas obrigada — Eu a abraço novamente, agradecendo seu apoio e ela sussurra que não vai deixar isso acontecer. Sorrio com sua determinação.

ConsequênciasWhere stories live. Discover now