Aversão posterior

1.6K 199 397
                                    


SE SANA SOUBESSE que ficaria com uma dor de cabeça horrenda, não teria bebido tanto na noite passada. 

Certamente, tinha certeza de que no dia seguinte – das inúmeras taças de vinho –, necessitaria de um remédio para ajudar no latejar das têmporas e de muita água para hidratar o corpo. 

Quando abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi o horário no celular marcando dez – e pouquinho – da manhã. O quarto sem luz a fez agradecer mais, caso contrário iria aumentar a dor. 

Sana rolou na cama, gemendo de desconforto. Seria um dia de merda se dependesse do seu humor. 

Mas então parou de se mover, assim que sua mão encostou em algo quente e macio que a fez franzir as sobrancelhas em desentendimento. Ela abriu os dedos, tateando com mais atenção; era aprazível e a lembrava de algo – ou melhor: alguém. 

Seus olhos se abriram com urgência, sentando na cama com rapidez (o arrependimento da ação surgindo no instante que sentiu fisgadas rudes) quando notou Mina deitada ao seu lado na cama, ainda dormindo e de costas para si sob o cobertor. Nua, pôde perceber pelo ombro desnudo e a patela pálida visível. 

Então as lembranças da noite anterior fizeram com que encolhesse os ombros. Tinha feito o que havia prometido que não faria mais.

Recordou-se de Mina falando que não havia dormido com Chaeyoung, se lembrou de Mina se inclinando para beijá-la e em seguida delas dormindo juntas. 

Era real. Foi real. 

Os olhos da Minatozaki rolaram em direção ao corpo de Mina assim que sentiu o movimento no colchão. A Myoui se afundando mais sob os lençóis e o cobertor, suspirando fundo em meio ao sono. Deu para notar a epiderme da clavícula à mostra, as pintas rentes aos seios e alguns tons mais escandalosos pela manhã por sua culpa. Corou copiosamente por saber, mas o que a fez sorrir foi o beicinho e a sobrancelha franzida.

Aproveitando o momento em que a mais nova permanecia no torpor, levantou da cama, se empurrando em direção à saída do quarto. Precisava de ar, remédio para ressaca e café forte.

Ela se atrapalhou em procurar um analgésico e em deixar o café sendo preparado enquanto tomava um banho para ajudar na dor muscular. Até mesmo a ação de escovar os dentes estava de um modo atarantado por culpa dos pensamentos contundentes. 

Ela e Mina haviam dormido juntas novamente e dessa vez, não sabia o que significava. Não tinha ideia. Mas, certamente a amizade com benefícios não seria uma opção, não mais.

Se sentia culpada, estúpida e sem noção. Se Nayeon descobrisse seria uma mulher morta no minuto seguinte. 

Quando saiu sob o chuveiro, vasculhou com pressa uma camiseta e uma calcinha no quarto, procurando com cuidado para que não acordasse Mina, porque ela ainda permanecia dormindo encolhida na cama.

Sana voltou à sala depois de passar na cozinha para engolir o remédio com ajuda de um copo d'água. Ela beberia o café depois, não estava com tanta urgência para isso no momento. 

A cabeça permanecia com o latejar irritante e doloroso, fazendo com que os pensamentos se tornassem mais insuportáveis. E a única coisa que conseguia fazer naquele átomo, era pensar; melhores amigas? Que piada escrota. 

Lei de Murphy  (misana)Onde histórias criam vida. Descubra agora