O lado mais fraco

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    SANA INSTINTIVAMENTE LEVOU suas mãos até as orelhas, pressionando as palmas e tentando barrar de princípio a música alta demais que a fazia estremecer por desconforto.

Não que fosse tão sensível, mas a verdade era que Nayeon certamente não estava poupando nenhum pouco as caixas de sons do salão. Nenhum pouco. 

Mina estava logo atrás quando entraram ­- e após terem passado pelo segurança. O tumulto fez com que entendesse o porquê de Nayeon não ter administrado a festa na própria casa como costumava sempre planejar as sociais. Ela certamente gostaria de continuar com a casa depois que os convidados fossem embora.

A multidão (Sana jamais imaginou que a mais velha conhecia tanta gente assim) já aparentava ter consumido uma quantidade exuberante de álcool, o suficiente para que estivessem gritando em um ritmo errante enquanto tentavam acompanhar a música; os casais beijavam sem censura e o ar denunciava como tudo ainda iria se alterar mais (e ainda mal passava das nove).

Um pensamento ligeiro de que talvez não fosse reconhecida pelos seus próprios colegas em razão do ajuntamento das outras pessoas desconhecidas, fez com que tirasse a máscara do rosto e guardasse na bolsa, trazendo um olhar curioso da melhor amiga na ação repentina.

Ela e Mina tinham o hábito bobo de, sempre quando saíam juntas para esses tipos de eventos, só uma delas levava bolsa e carregava o que fosse necessário levar das duas, como por exemplo os celulares e os documentos; tiravam no Jokenpô, porque além da bolsa, vinha também a obrigação de dirigir e não beber tanto no evento que iam frequentar. 

Naquela noite, era Sana quem tinha perdido no jogo delas, feito beicinho e cruzado os braços de modo dramático por não ter tanta sorte assim no Jokenpô quando o assunto era ganhar de Mina. Achava irônico ter azar no jogo e mais azar no amor. Secretamente sabia como a mais nova não gostava de beber e logo mudariam as posições das tarefas encarregadas naquele átomo, mas preferia manter em silêncio tal certeza.

— Puxa vida, quem diria que aquela velhota conhece tanta gente? — questionou, olhando ao redor e se aproximando da morena para que fosse escutada no meio do fuzuê de gritos e das batidas rudes que a música executava. Não iria reclamar, afinal, desta forma conseguia sentir o olor do perfume corriqueiro da companheira sem qualquer olhar desconfiado ou julgamento de que amigas não ficavam tão apegadas assim. — Do jeito que ela está caduca, acho melhor nós duas ficarmos sem as máscaras por enquanto. 

De forma positiva, Mina subiu a máscara até o topo da cabeça, dedilhando na testa para afastar a franja. Ela então reprimiu um sorriso maldoso quando empurrou o ombro da castanha, o suficiente para que Sana cerrasse os olhos e abrisse a boca sem entender. A Myoui precisou de muita força de vontade para não a beijar ali mesmo.

— Não a chame desse jeito, Satang — defendeu, ainda com um timbre brincalhão quando se inclinou, perto o suficiente para que a Minatozaki colocasse instintivamente os braços em sua cintura e se apoiasse ali. — Você sabe que ela só é um ano mais velha que nós. 

Sana revirou os olhos.

Antes que pudesse continuar naquele assunto, Sana alcançou os ombros da outra menina, fazendo-a virar e assim, elas poderiam andar. Mina enxergou ao longe Dahyun e foi inevitável controlar o murmúrio que soltou ao notar que elas iriam naquela direção. 

Não que fosse contra Dahyun. Não, era amiga de Sana e, sendo por isto, jamais a trataria de forma que a deixasse desconfortável ou que fizesse a melhor amiga ficar chateada; o problema crucial em si era o modo que Dahyun flertava com Sana de uma maneira tão descarada, tão explícita e exagerada. Qual é? Ela não tinha outra garota para dar em cima? Outra, qualquer uma, que não fosse sua melhor amiga?

Lei de Murphy  (misana)Where stories live. Discover now