Expressar ou entender

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POUCO MAIS DAS onze da noite, Sana apareceu no apartamento, passando os dedos nas têmporas enquanto se aproximava do sofá e se esgueirava ao lado de Mina, colocando sua cabeça no ombro dela e soltando um gemido dramático.

— Bunny ainda vai me matar de tanto estresse — reclamou, fechando os olhos e suspirando.

A mais nova reprimiu um sorriso, sabendo ser apenas muito drama regado a uma tentativa de receber atenção e cafuné. Ela sempre tentava esse truque (e conseguia o que queria também).

— Você acredita que ela estava querendo arrumar a minha própria fantasia? — indagou enfurecida. — Juro, se o namorado dela não tivesse entrado no meio, a teria jogado pela janela! — Se justificou, como se fosse a coisa mais natural dizer que mataria uma amiga. — Ela sabe que nós duas vamos combinar as fantasias, Mittang!

Mina pausou o jogo, colocando o controle na mesinha de centro – que estava abarrotada de livros da faculdade –, para dar atenção à melhor amiga.

— Bem, você conhece a Nayeon... Gosta de te irritar as vezes.

Sana murmurou xingamentos, ainda com a cabeça apoiada no ombro da outra, suas mãos envolvidas na cintura e os olhos fechados. Se Mina não dissesse algo, obviamente a mais velha acabaria pegando no sono.

A japonesa mais nova tentou controlar a euforia, embora sua curiosidade de saber como a melhor amiga reagiria, fazia seu bom senso ir pelo ralo. Diria de qualquer forma.

— Sana... — iniciou, meio sem saber ao certo. — Sattang, eu e o Bambam terminamos.

A Minatozaki abriu os olhos de imediato, surpresa com o comentário. Ela se afastou de Mina e a encarou com perplexidade.

— Vocês o quê?!

Mina engoliu em seco, cruzando as pernas sobre o sofá e passando as mãos na camiseta que usava. Que nervosismo!

— Terminamos. Já faz um tempo.

— E por quê? Vocês estavam tão firmes desde o quê, sempre? Por que não me contou antes? — ela parecia eufórica, quase tão surpresa quanto Bambam sobre a notícia. — O que aconteceu?

— Bem... não estava dando certo — sorriu sem graça, tentando mudar o clima, passando os dígitos na franja que já estava grande demais para ser chamada de franja. — Na época em que você me perguntava o porquê dele em não aparecer mais aqui... eu terminei com ele.

Sana pareceu ofendida.

— Você mentiu esse tempo todo sobre?!

— Eu tecnicamente não menti, só não disse a verdade toda — se defendeu com um humor que nem ela mesma quis acreditar depois.

Quando a loira fez menção de se levantar – a raiva visível em seu olhar duro e nos punhos cerrados –, Mina segurou a mão dela, fazendo-a lhe encarar em busca do porquê.

— Desculpa por isso — confessou. — Eu só... Não queria te encher com os meus problemas, porque sei que você tem os seus.

Pareceu fragilizar um pouco Sana, que se moveu para voltar à mesma posição no sofá, suspirando e esfregando os olhos antes de voltar a falar em meio de um suspiro que descarregou a chateação.

— Você sabe que eu não me importo de ouvir os seus problemas, contanto que venha a querer dizê-los para mim, Mittang — disse, agora menos irritada. — Eu sempre vou te escutar e tentar ajudar. Sempre, ok?

Algo dentro da japonesa mais nova cedeu para segurança. Sim, ela sabia que podia contar com Sana. Sempre.

Com isso em mente, levou em consideração mais uma oportunidade de continuar.

Lei de Murphy  (misana)Where stories live. Discover now