XXIII. Promessa de paz

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Os dias que passavam me deixavam inquieta, talvez por voltar a América. Só conseguia pensar em como iria encarar Brianchi de novo, a ansiedade tomava conta do meu corpo quando me lembrava que iria cumprir minha ameaça. Eu finalmente iria fazer o que tanto esperei para fazer. Voltar a mansão do traidor me fazia lembrar do rosto de Zaya. Eu ficava feliz pela possibilidade de a ver de novo. E então me veio a idéia de pedir ajuda a ela para realizar o plano do sequestro, algo me dizia que ela iria me ajudar.

Ainda estava escuro quando subi ao deque naquele dia, minha intenção era ver o nascer do sol. Eu também estava inquieta por estar evitando a maioria da tripulação. Querendo ou não, tinha medo do que elas poderiam fazer. A brisa noturna ainda estava gelada, e aos poucos pude sentir ela aquecer. Hoje deixaríamos Leonard no tal porto que íamos passar. Me sentia estranha pela possibilidade de nunca mais o ver, definitivamente não queria isso.

- É sério que está defendendo um guarda real? Não acreditei quando me disseram. - Escutei uma voz familiar dizer, quando me virei em direção ao som encontrei os olhos pretos de Aika me encarando.

- Não é bem assim, ele é meu amigo bem antes de se tornar um guarda real.

- Você ainda contou para ele sobre nosso plano? Tem noção do quanto é irresponsável da sua parte contar nosso plano para um inimigo?

- Ah qual é Aika eu não disse nada demais.

- Não disse? Não vem com essa.

Um silêncio incomodo se instalou entre nós, e então direcionei meu olhar de novo para o nascer do sol que começava a surgir. Não sabia o que poderia dizer para acalmar Aika, não fazia ideia do que fazer.

- Hoje vamos deixar ele no porto de Vila Nova, não há com o que se preocupar.

A escutei bufar como resposta e me virei para encara-la de novo. E naquele momento senti algo pesado contra meu rosto, o gosto de ferrugem logo invadiu minha boca. Eu havia levado um soco de Aika.

- Isso é por você não ter me contado antes. - A mulher do pulso firme diz.

- Está brava por isso?

- Não, continuo brava por você estar defendendo um homem da guarda real, mas não ter me dito foi bem errado.

Suspirei, e de algum jeito senti vontade de explicar sobre ele para ela.

- Aika, ele é a única pessoa do meu passado que ainda está viva e aqui comigo. Eu preciso o proteger. - Encarando sua expressão indecifrável ainda disse - Além disso, ele salvou minha vida duas vezes, eu precisava devolver o favor.

- Não pense que isso vai melhorar sua situação com o resto da tripulação. - Com a pausa ela suavizou a expressão e voltou a falar - Mas já ajuda.

Mudando a expressão com mais velocidade que antes senti sua mão sob meu rosto de novo. Um líquido quente escorreu do meu nariz, provavelmente era sangue, pela dor pensei que ela havia o quebrado, mas quando o toquei felizmente ele estava no mesmo lugar.

- Será que dá para parar de me bater?

- Me desculpe, não pude evitar. - Chacoalhando a mão ela terminou - Esse é por ter fugido de mim todo esse tempo.

- Acabou ou vai querer descontar até o ar que estou gastando?

- Não insista muito que vou acabar aceitando a oferta.

- Que horror. - Ainda com a leve dor me lembrei de um detalhe. - Você não veio aqui só para me dizer isso, o que houve?

- Espertinha. - Com um sorriso de canto a escutei dizer - Eleonor disse que você queria ir atrás de Brianchi, bem, ontem a noite ela decidiu que eu, Jeanne e Sadie iríamos atrás dele, você vai vir com a gente então.

Em um mar de estrelasWhere stories live. Discover now