XXI. Uma dívida paga

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Como tínhamos combinado antes do ataque levamos todo o dinheiro e qualquer coisa de valor que encontramos no Orca prateada. A intenção era levar o máximo que conseguíssemos para Nassau, o país dos piratas. Dentre o que conseguimos juntar do navio inimigo havia praticamente todos os recursos mais valiosos no mundo da navegação. O plano foi um sucesso, mas eu estava preocupada demais com meu amigo baleado para comemorar com as piratas.

Leonard estava mal, a ferida havera infeccionado, o moreno queimava em febre e sua ferida ficava cada vez pior. A bala ainda estava lá dentro, eu estava com medo de tentar tirar e acabar piorando a situação. Precisava fazer algo ou ele morreria. Eu estancava o ferimento para ele não perder mais sangue o máximo que conseguia. Elisa me ajudava como podia, mas na maioria das vezes apenas me dizia o que fazer.

Na adrenalina do medo de o perder tive a ideia de tirar a bala e fechar o ferimento. Peguei algumas adagas afiadas que encontrei, limpei com room para evitar infecções piores e pedi ajuda a Elisa. Estava com muito medo de fazer algo errado, mas aquela era a única chance que ele tinha. Minha intenção era retirar a bala pelo mesmo local de entrada, sem precisar abrir uma ferida maior e depois fechar a ferida.

Cuidadosamente levantei a roupa que ele usava no tronco para ver melhor onde a bala tinha entrado. Naquele momento percebi que Leo teve sorte, afinal a bala estava na lateral de seu abdômen, o que dizia que não havia afetado nenhum órgão letal. O moreno se debatia conforme eu mexia no machucado, mas eu precisava limpar o sangue que estava sob a ferida antes de começar. Depois usei duas adagas como pinça e introduzi pelo buraco da bala. A cada centímetro que minha pinça improvisada entrava na ferida ele gemia de dor e tentava ficar parado, mas mesmo assim se contorcia. No momento que toquei o dejeto Leo urrou de dor, e por algum motivo ver aquela cena me afetava muito.

Tirei a bala de dentro dele tentando ao máximo não mexer, mas era impossível já que o meu paciente não parava quieto. Quando finalmente a tirei o vi se aliviar, o problema foi o que veio em seguida. Com a ajuda de uma vela, esquentei uma outra adaga com a intenção de a usar para fechar a ferida e evitar que ele sangrasse mais. Elisa me ajudava como conseguia, mas a maior parte tive que fazer sozinha. No momento em que fui colocar a lâmina quente sob o ferimento encarei as orbes castanhas em busca de consentimento, e com o maxilar dilatado Leo balançou a cabeça em concordância, se preparando para o que estava por vir.

Coloquei a lâmina na fissura exata da bala o mais rápido possível e fechei os olhos no momento em que o escutei tentando segurar um grito de dor. Tirei a adaga do corpo dele e encarei a queimadura que agora se encontrava no lugar da ferida. Quando percebi que ele agora estava fora de perigo me joguei no chão aliviada, voltando a o encarar em seguida. Leo agora se encontrava de olhos fechados todo suado pela operação, em sua expressão só era possível ver dor.

- Você conseguiu Jade. - Disse Elisa aparentemente surpresa.

A encarei com um leve sorriso como resposta.

- Como dói. - Resmungou o moreno entre tentativas de se mexer.

- Vou procurar alguma coisa para dor no armazém do navio, não confio em você então saiba que se tentar alguma coisa eu te mato. - Ameaçou a moça ao rapaz, me lançando um olhar que dizia para ficar de olho nele e depois saiu.

Encarei a face do moreno que agora encarava o chão, pensava no que dizer para ele mas não encontrava nenhuma palavra.

- Obrigado por salvar a minha vida. - O escutei dizer quando ele me olhou nos olhos.

- Agora estamos quites, você me salvou uma vez e eu te salvei também. - Respondi sorrindo, e então o vi suavizar a expressão.

- Tecnicamente eu levei um tiro para salvar a sua vida, então está dois a um para mim. - Leo disse sorrindo me fazendo revirar os olhos, desmanchando o sorriso logo em seguida. - Vejo que agora você faz partes delas. - Leo começou, me encarando com um olhar indecifrável. - Te entendo por ter escolhido esse caminho, você não tinha muito escolha. - Foi o que saiu da boca dele em seguida, e depois de uma pausa dramática o escutei terminar. - Seu olhar está diferente de antes, não me parece tão confusa, conseguiu descobrir sobre seu pai no fim das contas?

Em um mar de estrelasWhere stories live. Discover now