XVII. O começo da verdade

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Dois dias haviam se passado desde o ataque ao navio que me mantinha prisioneira e eu já estava quase que completamente inclusa na tripulação das piratas. Todas me tratavam muito bem, e em pouco tempo eu já estava me sentindo em casa. Naquela manhã acordei bem cedo e logo subi ao deque para ver os primeiros raios de sol do dia sendo refletidos pelos cristais da água oceânica. Me acomodei em uma das bordas do navio e fechei os olhos para sentir melhor a brisa tranquila da manhã.

As horas aqui se passavam devagar, mas não como era no outro navio, eram horas agradáveis, cada momento era completamente bom. Um tempo depois as outras tripulantes acordaram, enchendo aos poucos os postos vazios do lugar. Reconheci Jeanne e Sadie andando rumo a cabine da capitã. Pelo que entendi elas eram como o braço direito e esquerdo da capitã. Sobre a capitã eu não sabia muito, nunca nem tinha a visto para começar.

Olhando o convés dali percebi o sumiço repentino do capitão do Orca Dourada, que tinha sido pego como prisioneiro. Perguntei sobre o homem para algumas das mulheres que andavam por perto, mas nenhuma delas soube me dizer. Me aproximando do mastro em que ele ficava preso percebi algumas gotas de sangue no chão, era um rastro que ia desde o mastro até a cabine da capitã. Sutilmente me aproximei da porta, ficando perto o bastante para tentar escutar algo do interior daquela cabine, mas tudo que conseguia escutar era o silêncio suspeito.

- É feio bisbilhotar.

Me assusto levemente pela voz conhecida aparecer repentinamente. Pega em flagrante me viro para a pessoa que dissera, com uma desculpa pronta para qualquer pergunta.

- Eu não estava bisbilhotando, é que eu... Bem eu... Perdi meu colar por aqui e estava procurando.

- Por acaso seria esse que esta no seu pescoço? - A vidente conhecida diz com uma das sobrancelhas arqueadas. - As perguntas que você tem somente a capitã saberá responder. - Ela disse por fim, respondendo uma pergunta minha e criando mais outras sobre como ela sabia a resposta. Em seguida saiu sussurrando conversas para si mesma.

Sentada disfarçadamente a um lugar que tinha a visão perfeita da porta daquela cabine esperei um tempo até Jeanne e Sadie sairem da cabine e então bati na porta.

- Entre. - Escutei uma voz dizer do interior, uma voz doce e firme linda de ouvir.

Quando abri a porta a primeira coisa que me chamou atenção foi uma silhueta bem feminina de costas. Usava um imenso chapéu perfeitamente detalhado. Depois que me escutou fechar a porta ela se virou para mim. A primeira coisa que me chamou atenção nela foram os olhos verde esmeralda. Eram intensos e completamente enfeitiçantes. Seus fios longos loiros se prendiam em algumas tranças pelo cabelo, ela parecia um anjo. Seu chapéu combinava perfeitamente com ela, ousaria dizer que foi feito sob medida apenas para ela.

- E então? - A capitã perguntou me lançando um olhar intensamente penetrante.

- Tenho algumas perguntas para você. - Afirmei tentando parecer o mais firme possível, mas por dentro estava completamente intimidada pela aura da moça.

- Vá em frente Jade. - Ela disse suavizando a postura. - Me chame de Eleonor.

- Suponho que meu sobrenome seja familiar para você, de onde o conhece?

- Muito bem. - Sorrindo a loira continuou. - Conheci Estevan Fonseca a um tempo, haviam rumores que ele tinha uma filha mas não sabíamos se era verdade. - Em uma pausa dramática ela ficou séria. - Não se pode acreditar em tudo que escuta sabe.

Concordo com a cabeça, e então Eleonor me dá sinal para continuar com as perguntas.

- Qual era sua relação com meu pai?

Em um mar de estrelasWhere stories live. Discover now