5.

27 2 2
                                    

5.

— Bom dia, você deve ser o Felipe Ramos, não é?

Felipe Ramos era um homem negro e alto, ficara parado no arco da porta. Enok não esperou por uma resposta vinda dele, prosseguiu:

— Eu sou o investigador Enok Montenegro, essa daqui é a minha parceira, Júlia Valentino. Somos da DHPP local.

— Ah, graças a Deus — o rosto do homem, antes sombrio e cansado, iluminou-se — podem entrar, venham.

Felipe Ramos achou melhor e mais prático que fossem até a cozinha. Aparentemente, ele estava preparando o café da manhã. Enok e Júlia sentaram-se à mesa, enquanto o homem checava se a água na chaleira estava quente.

— Sabemos que — disse Júlia, após trocar olhares com Enok — você foi bem específico quando registrou o boletim de ocorrência, mas gostaríamos de ouvi-lo pessoalmente. Estamos aqui, também, para dar uma checada na casa e nos arredores, falaremos também com os vizinhos, faremos qualquer coisa que possa ajudar nas buscas por Viviane.

Felipe não prestava atenção nos investigadores, tentou pegar a chaleira pela alça e se queimou. Gemeu, xingou, correu até a dispensa, onde abriu duas gavetas antes de encontrar a certa, e apanhou um pano de prato para retirar a chaleira do fogo.

Enok observava tudo pacientemente, ele percebeu que Júlia não.

Felipe colocou a chaleira sobre a mesa e perguntou se para os investigadores aceitavam um cafezinho. Ambos recusaram em uníssono, então ele buscou uma xícara na prateleira do armário, alcançou sachê de café na despensa e colocou para si. Tomou sem açúcar. Os olhos estavam fundos, como se não tivesse conseguido dormir, notou Enok.

— É o seguinte, investigadores — Felipe começou — Viviane é professora, dá aula em duas escolas. Mas sempre às dezessete está em casa, no máximo até às dezessete e meia. Ontem, quando cheguei em casa, por volta das dezenove horas, não encontrei ela. Pensei que tinha ido ao mercadinho, sei lá. Esperei um tempo. Como ela não apareceu, mandei mensagens, liguei. Nada. Liguei pros amigos, entrei em contato com as escolas onde ela trabalha hoje pela manhã. Ela bateu o ponto de entrada e saída nas escolas em que dá aula, quanto aos amigos, não tiveram contato com ela depois disso. Passei a noite em claro, estou exausto... exausto!

— E com os vizinhos, falou? — indagou o investigador.

— Falei, andei varrendo cada centímetro desse lugar, desde que ela desapareceu, em busca de informações.

— Hmm, vocês tiveram alguma discussão... recentemente? Estavam passando por problemas no relacionamento?

— Não... nada do tipo — ele erguera o cenho para Enok.

— Tem certeza?

— Absoluta! — Felipe falou com firmeza.

— Hmm, certo. Tem alguma foto dela, aí?

— Tenho — ele deixou a xícara de café sobre a mesa e buscou a fotografia no celular, exibiu uma telinha com a foto de uma mulher com cabelos negros e curtos — essa aqui.

— Você consegue imprimir duas?

— Claro, claro — respondeu prontamente — já estava prestes a imprimir alguns cartazes, sabe, pra ajudar... — e adicionou, nervoso: — me deram algumas orientações, disseram que ajuda.

— Ajuda sim — Enok disse, complacente.

— O senhor — Júlia o fitou de forma incisiva — tem alguma suspeita do que pode ter acontecido?

— Sinceramente, investigadora, eu não queria fazer isso, não quero acusar ninguém nem nada... mas devido as circunstâncias, tenho que dizer que suspeito de um cara, Tiago Barbosa, o nome dele. Vivia perseguindo a Viviane. Desde que ela se separou dele...

O Inverno Mais Frio | Livro UMWhere stories live. Discover now