Capítulo 13 - GOODBAY

159 14 3
                                    

Quanto a mim, tudo o que eu aprendi do amor
É como atirar em alguém que sacou a arma primeiro
(Hallelujah)

Tradução: Adeus

Dulce

Depois que Daryl acertou a cabeça daquele morto vivo, eu fui para o lado dele, Maite logo se juntou a nós, depois de chutar a barriga de um e cravar uma de suas adagas bem no olho e afundar até o cérebro da criatura. Eu procurei pelo meu irmão, com medo que algo lhe acontecesse, mas consegui ficar aliviada quando o enxerguei, ele estava protegendo Anahi e Santi, e já havia conseguido matar dois. Não sei como esses zumbis conseguiu chegar até aqui, tínhamos certeza que estando no lugar mais alto da cidade estaríamos protegidos, mas estávamos errados. E com isso eu estava vendo nosso acampamento ir abaixo, assim como pessoas sendo atacadas e uma delas era muito especial. Eu queria não ter visto, mas eu vi a hora que um Walker alcançou morder o pescoço de Amy, eu ouvi o grito desesperado de Andrea. Ela deu dois tiros bem na testa do zumbi, e correu para amparar a irmã. A criatura arrancou um pedaço da pele dela, seria questão de minutos para que ela morresse. Eu queria ir até lá, queria ajudar, mas não podia sair da onde eu estava ou poderia ter o mesmo destino. Maite e Daryl não deixaram que nenhum zumbi chegasse até mim, sempre aniquilando-os antes, os dois são uma boa dupla, me causando uma certa inveja. Eu sei que esse sentimento é feio, mas eu queria poder ter a força que eles tem, queria ser forte o suficiente para me defender sozinha, mas lá estava eu, mas uma vez me deixando levar pelo medo, me encolhendo ali entre duas pessoas fortes e os deixando fazer todo o trabalho. Lágrimas rolaram pelo meu rosto, fazendo minha visão ficar embaçada, tive que passar a mão pelo meu rosto e foi então que o vi. Tenho certeza que é ele, mas como? Ele foi embora, era para estar longe, mas não. Christopher estava ali, matando um zumbi e protegendo Andrea. Se a situação fosse outra, eu estaria feliz por vê-lo, porque não queria que ele fosse embora mas, ao ver a situação toda, como poderia ter algum sentimento que não fosse dor e tristeza.
Por fim, conseguiram abater todos os zumbis, mas também havia vários corpos no chão, havia os choros das pessoas que haviam perdido entes queridos e no final, não havia sobrado quase nada.

{...}

Andrea

Antes desse apocalipse eu posso dizer que minha vida não era das mais importantes. Eu tinha o sonho de ser policial, mas para meu pai isso não era profissão para uma mulher, para minha mãe eu deveria ser médica, porque então eu seria o orgulho da família, mas no fim eu simplesmente sai de casa aos dezoito para cair no mundo. Conheci muitos caras, trabalhei em bares, supermercados, em lojas para no fim nunca me encontrar em profissão nenhuma. Não que eu não amasse meus pais, mas eu não gostava da pressão que eles queriam impor de ser perfeita, de sempre que dar orgulho e no final os negligência. Porém quando parti, não pensei que deixaria uma substituta, Amy, minha irmãzinha, que na época era apenas uma criança. Mas diferente de mim, ela lidou com toda essa pressão muito fácil, acho que ela gostava de ser a filha certinha. Passou para a faculdade de medicina, estava prestes a se formar e então veio esse vírus. Minha irmã teve que ser forte ao ver nossos pais virarem aquelas coisas, enquanto eu prometi a mim mesma que não deixaria isso acontecer com ela. Mas então eu não fui forte o bastante, eu não consegui defendê-la, eu não consegui impedir que ela tivesse o mesmo destino que eles. Quando aquela criatura mordeu seus pescoço eu não tava perto o suficiente para impedir. Essa coisa arrancou sua pele, a fez cair no chão e sangrar. Eu só tive tempo de aturar bem na cabeça dessa merda e correr até ela. Eu olhei em seus olhos enquanto a única coisa que ela conseguia fazer era gemer de dor. Eu segurei sua mão e prometi que ficaria tudo bem, mesmo sabendo que não era verdade. Eu vi a vida se esvair por seus olhos, e vi as últimas lágrimas escorrerem por seu rosto, enquanto sangue saia de sua boca e pescoço. Eu a vi dar o último suspiro. E lá estava eu, perdendo minha única família, aquela a quem eu vi nascer e segurei no colo. Minha única irmã, talvez minha melhor amiga, e a única pessoa que eu ainda tinha no mundo, a única que me fazia ter motivos para continuar vivendo. E agora o que tenho?
Chorei, de tristeza, de raiva, de dor. A pior das dores eu acabo de sentir, eu amei meu pai, eu amei minha mãe, mas talvez Amy tenha sido a que eu mais amei, aquela a qual eu gostaria de ter sido, aquela pela qual eu seria capaz de matar e morrer. Passei a mão por seus olhos e o fechei, sem deixar de segurar sua mão. No fundo eu implorava para ela me levar com ela, eu não tinha mais motivos para continuar aqui, mas então eu senti dois braços me puxando para cima. Eu não queria me soltar dela, então me soltei e voltei para seu lado.

- Não - eu disse firme sem me importar quem era - eu vou ficar aqui e quando ela virar, sou quem quem irei atirar. Sou eu quem dirá a misericórdia a minha irmã
- Então eu ficarei aqui...ao seu lado - ouvi a voz de Dulce

Eu não respondi, eu não rebati, eu não impedi, apenas deixei que ela ficasse ali ao meu lado, enquanto repousava a mão sobre meu ombro. Seria questão de pouco tempo para Amy virar uma daquelas coisas e eu diria adeus para sempre.

Aquele capítulo que corta o coração, a primeira despedida dolorosa da história. Adeus Amy.
E aqui vemos a Dulce amiga, que sempre estará para aqueles que são importantes e que ela ama.

Believer - Vondy TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora