Capítulo 3 - FAREWELL

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Então vá logo, não há quantidade suficiente
De lágrimas que eu possa chorar por você
(Exile)

Tradução: Despedida

A

tualmente

Dulce Maria

As coisas não melhoraram desde aquele dia, ao contrário, só piorou. A cidade que conhecemos ou a vida que tínhamos, não existe mais. Sobrou apenas devastação, caos e os mortos vivos andando. Naquela mesma noite tentamos sair da cidade, mas não éramos os únicos, isso causou um grande congestionamento, ficamos horas parados, para no fim, militares soltarem bombas entre os carros. Medo, angústia, gritos e correrias, pessoas se transformando naquelas coisas. Alfonso tomou uma decisão rápida, ele precisava nos salvar e foi o que ele fez. Ele conseguiu tirar o carro da pista e pelo acostamento entrou por uma estrada de terra, mas não foi apenas nós, outras pessoas que conhecemos enquanto ficamos parados ali, fizeram o mesmo. A partir daquele dia, montamos um acampamento no lugar mais alto da floresta que existe em torno da cidade. Achamos que aqui ficaríamos seguros até a ajuda chegar, mas a cada dia que passa nossa esperança que venha alguém está se esvaindo. Nos primeiros dias foi mais fácil, já que tínhamos comida e água, depôs tivemos que aprender a caçar ou a pescar peixes no Rio que há próximo daqui. Tivemos que aprender a conviver pacificamente, apesar de ter pessoas mais difíceis e outras mais fáceis. Ao todo somos quase trinta pessoas, tem famílias, casais, crianças e idosos, todo o tipo de gente, juntos por um único ideal: sobreviver. Eu estava afiando a minha faca, Daryl, meu colega aqui no acampamento havia dado uma pra mim e uma para Maite, sua irmã mais nova e com quem eu havia criado um vínculo de amizade, ele achava que precisávamos ter algo para nos defender, caso precisasse. Já se fosse por Alfonso, apenas ele e os outros homens do lugar teriam armas, ele achava que eram o suficiente para nos defender, mas nós dias de hoje, é como se nunca estivéssemos prontos o suficiente.
A comida havia acabado, todos precisávamos de algo, remédios, ou qualquer coisa e por isso foi decidido que um grupo iria até o centro da cidade e é claro que eu fui uma das que se ofereceu, mesmo contra a vontade de Alfonso.
Dulce, você não vai - ele disse autoritário
Poncho você não manda em mim. Eu quero ajudar...eu posso ajudar
Eu sei disso, mas aqui estará mais segura, com Any e Santiago
Mas eu não quero - disse firme - você pode mandar neles, em mim não - disse apontando o dedo pra ele - eu vou e pronto
Está bem, com uma condição: ficará sempre do meu lado - ele disse baixando a guarda
Argh! Está bem, não precisa se preocupar. Estarei indo para ajudar e não que seja meu cão de guarda

Era sempre assim, eu e Alfonso brigando por algo, ele sempre querendo ser o irmão protetor e achando que eu era uma donzela indefesa. Eu sei que no primeiro dia disso tudo, foi ele quem me salvou, se não fosse ele, não estaria viva. Mas há algum tempo eu me sinto pronta, não sou mais aquela garota boba que só sabe chorar, não quero sentir medo, quero enfrentar as coisas de frente e Maite tem me ajudado com isso. Ela é mais nova que eu, mas parece muito mais forte. Às vezes um pouco avoada, mas se a vissem em ação, ela é tão bom para se defender como o irmão Daryl, e ela vem me dando uma aula para que eu saiba me defender quando precisar.
Tudo pronto, um carro foi arrumado para que fôssemos para a cidade, eu entrei no banco de trás, juntamente com Andrea, e Scott, na frente estava Gleen um coreano que conhecia todo lugar da cidade já que trabalhou como entregador, e meu irmão como motorista. É claro que cada um se despediu de seus entes queridos, afinal era sempre assim, se saímos da nossa zona de conforto estávamos nos colocando em perigo. Andrea se despediu de sua irmã Amy, Scott da namorada, Gleen de um dos melhores amigos, Dale, Alfonso de Anahi e Santiago e eu, bem fiz o mesmo com os dois e também com Mai. Poncho ligou o carro e saimos dali, confesso que agora, dentro da situação, estou com um pouco de frio na barriga, já fazem três meses que não volto a cidade, que não saiu do acampamento e não sei o que nos espera. Tudo o que sei é o que me contaram, mas agora chegou a hora de ver tudo com meus próprios olhos.

{...}

Christopher

Eu sinto que vivo um pesadelo constante desde aquele dia. Eu achava que o pior tinha sido Cláudia se transformar em um desses walkers - sim, é assim que eu os chamo - mas o que viria a seguir, era pior.
Eu passei cinco dias, contados dentro daquela casa com aquela coisa na qual ela havia se transformado, grunhir, bater e arranhar a porta. Foram dias sem poder comer, sem dormir direito, sem saber o que fazer, esperando alguma ajuda. Foram dias tentando contato com as minhas filhas, porém tudo parou: a rede telefônica, de celular, de televisão, não havia mais comunicação com o resto do mundo. Eu comecei achar que iria enlouquecer, eu não podia mais sair na rua, porque walkers estavam andando nela. Eu decidi então que precisava sair, ir para algum lugar, mas o que faria com Cláudia? Então um dia, eu tomei uma decisão que mudaria para sempre o modo como me enxergo no espelho, decidi acabar com o sofrimento dela e do meu. Eu assisti muito filme de zumbi, e acho que é nisso que ela se transformou e então por isso sabia que o único jeito de fazer com que ela realmente morresse, era que seu cérebro parasse. Foram horas treinando como faria, como teria coragem de entrar e acabar com tudo e sem que ela me atacasse. Eu peguei uma faca da cozinha, peguei a chave do quarto e então fui para o corredor. Eu destranquei o quarto e então abri a porta lentamente, e quando ela fez que ia sair, colocando sua cabeça para fora, eu cravei a faca em sua têmpora. Eu não dei chances para que ela me atacasse, eu não pensei, apenas fiz. A partir daí, eu comecei a apenas sobreviver. Eu a enterrei em nosso quintal, eu rezei por ela, como sei que ela faria comigo, já que ela era religiosa. Eu arrumei uma mochila, coloquei o que sobrou de comida, garrafas de água, uma barraca de acampamento e com duas facas na bolsa e uma machado na mão, eu saí daquela casa, em busca de ajuda ou te conseguir chegar até onde estão minhas filhas. Andando a pé, sem rumo, tudo o que consegui foi me deparar com vários walkers, matei muitos deles e nem sei como, alguns ficaram ao ponto de conseguir me morder, mas então a imagem das minhas meninas vinham a minha mente e então eu tirava forças para me defender. Eu já nem me reconhecia, os cabelos bagunçados, a barba por fazer, usando as mesma roupas quase sempre, menos quando encontrava algum lugar me limpar. Até conheci um cara, o nome dele é Robert, ele estava em uma casa escondido com a família, a esposa e um filho, ele até quis que eu ficasse lá, mas eu precisava encontrar minha filhas, então há quase uma semana partir, e agora estou quase chegando no centro da cidade. Talvez eu encontre um carro, e pistas da onde seja o lugar de Atlanta no qual Lili e Lexa foram levadas.

Preparem-se que no próximo capítulo os dois vão se conhecer.
Alguém aí gostando?

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