Fools • jjk + pjm

∞ : discovering the eternal : 1 ∞

Os olhinhos nem se quer conseguiam se manter abertos por muito tempo antes das lágrimas rolarem incessantemente, as palavras dos pais ecoavam por sua mente como uma maldição, nunca viu ambos ficarem tão transtornados daquela forma. E tudo pareceu ser em câmera lenta quando seu pai parou com a mão no ar, pronto para desferir o primeiro tapa quando em um rompante de lucidez a mãe, que até então estava praguejando junto, não deixou, porém foi como se tivesse sido atingido. Os gritos da matriarca avisando-o para se trancar em seu quarto, a raiva crescendo no rosto de seu pai, tudo isso pareceu ter demorado horas, mas se passaram poucos segundos até que Jimin corresse em direção ao próprio quarto, completamente desolado só conseguindo forças para trancar a porta antes de encostar-se na mesma, arrastando-se na madeira até que chegasse ao chão sentindo os ombros pesarem ainda mais.

"Isso é culpa sua!"

"Ele vai melhorar, isso é só uma fase! Reconsidere!"

"Culpa sua, criou essa... Essa coisa como bem entendia!"

"Ele é nosso filho!"

"Nenhum filho meu é gay!"

"Ele não é gay! Só está passando por confusões, todos os jovens passam por isso, ele não nos daria uma decepção dessas."

As mãos instintivamente foram para os ouvido tentando abafar os sons dos gritos, era inútil... Ele sabia, aqueles gritos continuariam voltando, e voltando cada vez mais altos até que não conseguisse pensar em nada além do quanto tinha decepcionado os pais. Por que logo ele tinha que ter todos os defeitos do mundo? Logo conseguiu notar as vibrações vindas de seu bolso, queria ignorar qualquer um que estivesse ligando, não estava nenhum um pouco bem para enfrentar quem quer seja o enchendo de perguntas. Entretanto a pessoa parecia cada vez mais insistente, uma ligação atrás da outra enquanto o garoto ainda tentava conter os soluços - resultado de um choro compulsivo no qual tinha começado - e antes que pudesse desligar o aparelho assim que o teve em mãos, notou um "jungkookie-ah" brilhando em meio a tela de chamada. E pelos deuses, ele nunca pensaria que tudo que precisasse era isso, mas de certa forma o amigo sabia, e estava tão grato que o quanto antes atendeu.

"Jimin? O que aconteceu? Estava ocupado? Acho que te liguei umas nove veze- Que barulho é esse? São gritos? Onde você está?" Jeon disparou a perguntar como se em meio segundo de ligação já pudesse notar os soluços baixos vindos de Jimin, e não havia nada que o desesperasse mais do que qualquer coisa que pudesse machucar o menor. Este que nem sequer tinha forças para mencionar ou explicar o que aconteceu, os solavancos, soluços... Tudo estava o desgastando de uma forma com que sua voz saísse tão quebrada que o maior não entenderia.

— Preciso... Preciso de você. — As únicas coisas que a voz em estilhaços teve que pronunciar para que Jeon notasse a gravidade da situação, ao mesmo tempo que o loiro se agarrava ao aparelho como se fosse o próprio amigo, buscando qualquer auxílio que seja para não enlouquecer em meio ao gritos.

"Onde você está?" Repetiu o outro mais uma vez até que escutasse um "em casa" baixinho entre inúmeras puxadas de ar, como se Jimin estivesse incansavelmente tentando parar de chorar. Foi tudo que precisava saber antes de dizer as últimos palavras e desligar a ligação.

"Estou indo."

E mais uma vez se pareceram horas, e mais horas o tempo que Jimin permaneceu encolhido contra a porta, perdido no que que lhe parecia autopiedade. Por mais que a frequência da discussão dos pais tivesse diminuído, ainda podia escutar algumas frases de repulsa do, agora mais "calmo", pai. E tudo isso tinha começado por uma simples mensagem, uma mensagem que tinha ficado em notificação na tela de bloqueio do celular. Um simples "deveria dizer ao Jungkook o que sente" vindo do amigo Hoseok foi o suficiente para que sua mãe guardasse aquilo por um dia inteiro, até que nessa noite finalmente pudesse contar o que estava acontecendo para o seu pai também. Em tão pouco tempo ele tinha explodido em fúria, praguejando para que se possível todo bairro escutasse que repudiava a possibilidade do filho ser gay.