Capítulo 39: Pedra sobre Pedra

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Escócia, Terra

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Amélie fechou o último cinto que prendia a armadura negra de Aiden – eles haviam se revigorado com a comida que Amélie roubou do acampamento inimigo sem nem ao menos ser vista. Ela estava com o coração apertado, mas não dizia nada, simplesmente ajudava-o a colocar seu capacete e pegar sua espada – não iria com a bainha presa em sua cintura, pois era pesa o bastante para atrapalhar em seu equilíbrio.

No centro entre o acampamento inimigo e a pequena fogueira do casal, um círculo havia sido feito no chão com uma corda; uma pequena arena, já que de acordo com a lei de combate individual, se um dos lutadores saísse do ringue, perderia a luta – no caso, um ringue precisou ser formado. Do lado oposto aos dois, o Príncipe Bourdon estava de pé ao lado de um de seus soldados.

O primeiro adversário era um homem magro, vestindo uma roupa leve e larga feita de linho, de modo que pudesse ter todos seus movimentos livres. Em sua mão esquerda, apoiada no chão, ele tinha uma lança uma vez e meia maior do que uma tradicional. Sua lâmina tinha a mesma proporção, porém não tinha proteção horizontal, o que Amélie imaginou ser para equilibrar melhor o peso e manter sua velocidade por mais tempo. De pele mulata e uma barba em estilo âncora, ele parecia ter saído de algum lugar do Oriente Médio – um lugar que Amélie desejava visitar, mas nunca o tinha feito.

– Sou Príncipe Gervasius Bourdon e este é meu campeão, Moeen de-nenhuma-casa. – disse, como era descrito na Lei. – Ele lutará em meu nome pelo direito de executar a ladra Amélie Champoudry e o Cavaleiro Aiden Cameleac.

– Sou o Cavaleiro Aiden Cameleac. Lutarei em meu nome pela honra, vida e liberdade de Amélie Champoudry e a minha própria, e pelo comando dos soldados presente nesta praia sob comando de vossa majestade. – Os dois confirmaram o acordo com um aceno de cabeça e o príncipe deixou a arena. – Como estipulado pela Lei, este será um combate até a morte ou até um de nós desistir em nome de nosso Criador.

Aiden girou sua espada, levantando a mão livre para o adversário, em sinal de defesa. Moeen girou sua lança em uma velocidade impressionante; apenas um borrão era visto. Amélie não viu exatamente quando, mas ele a girou no próprio pescoço, até tomá-la em mãos e apontá-la para Aiden, que fechou seu visor em seguida.

O cavaleiro defendeu-se dos golpes com dificuldade, conseguindo bloquear a lança com sua espada; o resto apenas o forte metal de sua armadura era capaz de protegê-lo – mas ela não duraria para sempre e, caso o lugar certo ficasse exposto o bastante, seria o fim para Aiden. Moeen mantinha uma distância cautelosa do adversário, atacando apenas quando tinha certeza do golpe; porém, logo voltava a ficar longe, impedindo que Aiden pudesse fazer qualquer contra-ataque eficaz.

Amélie estranhou quando seu amante abriu ainda mais a espaço entre os dois, notando, porém, que havia ficado fora do alcance da lança, mas perigosamente perto da linha do ringue. Ele não se moveu por um único segundo, como se estivesse se concentrando. Para sua surpresa, porém, ele levantou o visor de seu capacete, deixando um ponto fraco extremamente exposto.

Moeen, contudo, caiu na armadilha. Girou a lança algumas vezes, para distrair Aiden, em vão. O ataque foi diagonal, vindo direto para o rosto de Aiden, que usou sua mão livre – a esquerda – para levantar a lança no último segundo, raspando dolorosamente em seu capacete. Com sua espada, ele deferiu um golpe poderoso de cima a baixo na lança, partindo-a em dois. No segundo seguinte, ele lançou, ainda com a mão esquerda, o pedaço contra o pé de Moeen, que caiu de joelhos no chão, gritando de dor.

O cavaleiro deu passos certos na direção do adversário e colocou o fio de sua lâmina no pescoço dele, dizendo imponente, mas num volume que apenas eles dois, Amélie e Bourdon podiam ouvir:

Afterlife: AscensãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora