01. Part 1: O Corvo

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Abaixando-me sobre um joelho, espiei através das longas folhas de grama cobertas de geada no prado, segurando o arco na minha mão e observando as árvores densas do outro lado da clareira

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Abaixando-me sobre um joelho, espiei através das longas folhas de grama cobertas de geada no prado, segurando o arco na minha mão e observando as árvores densas do outro lado da clareira. A floresta ao meu redor estava coberta por uma espessa camada de neve, mas eu estava agasalhada com peles o suficiente para aquecer o meu corpo. Até agora, esse tinha sido um inverno rigoroso e eu estive rastreando um cervo ardiloso pelos últimos dias. Só de pensar nele, fazia meu estômago se revirar de fome. 

— Tsc! – Eu estalei minha língua para meu cão de caça, que estava agachado ao meu lado, mas começando a se levantar. Eu não queria que ele denunciasse nossa posição, então fiz um comando para ele se deitar. Ele obedeceu, abaixando-se tanto que seu pelo branco desapareceu na neve espessa. 

Após ele praticamente sumir, descobri o porquê estava se levantando. Tive que me segurar quando a primeira visão dos chifres do cervo apareceu entre as árvores, pois fiquei tão animada que quase me levantei também. O animal deu outro passo cauteloso e depois parou para olhar em volta. Ajoelhada daquela forma, a grama ao meu redor quase alcançava minha testa e sua cor dourada coberta de geada foi camuflada até o tom pálido de minha pele. Eu estava bem escondida e após dar ao Hank um sinal para ficar imóvel, ergui a mão para alcançar uma flecha nas minhas costas. O movimento foi tão gradual que soltei três respirações longas e enevoadas antes que minha mão sequer tocasse a aljava. 

O cervo deu mais alguns passos, adentrando ainda mais na pradaria. Posicionei a flecha na corda do arco. O cervo parou depois de mais um passo e sua cabeça virou em minha direção; estava ciente do perigo, mas não se importava. A corda vibrou no ar gelado e a flecha voou perfeitamente para o coração da criatura. Hank sabia que, após eu soltar a minha flecha, ele poderia se mover. Ele saltou, preparado para caça-lo se eu tivesse errado, mas nunca erro. O cervo deu um salto e desabou quando seus cascos tocaram o chão novamente. 

Eu corri em direção a ele, minha mão esquerda estava segurando o punho da faca no meu quadril, caso ainda estivesse respirando. Nós finalmente poderíamos comer - minha mãe, meu irmão de dez anos e eu. Teríamos algo de diferente de um simples ensopado de legumes. 

O cervo estava morto no momento em que o acertei. Como era meu costume religioso, ajoelhei-me ao seu lado e coloquei a mão na cabeça para sussurrar: – Obrigada pelo seu sacrifício. Que seu espírito descanse dentro de mim. – Então levantei. – Fique de olho. – Eu disse ao Hank, apontando para a nossa caça. 

Enquanto ele protegia nosso sustento, corri de volta para onde havia deixado meu cavalo marrom escuro, Brande, e voltei com ele a galope, mesmo que eu pudesse ouvir a carroça que ele puxava, batendo nas raízes e nas laterais das árvores. Soltei a carroça e empurrei o máximo que pude para baixo do cervo, embora não pudesse fazer muito, já que o animal pesava muito mais do que eu. Havia uma corda pendurada na sela do Brande, então enrolei uma extremidade ao redor do pito da sela e a outra ao redor dos chifres do cervo. Então, eu levei Brande alguns passos adiante, até que ele arrastou com sucesso nossa caça completamente para dentro da carroça. 

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