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Daichi chegou ao navio no meio do dia, trazia Suga no ombro, carregado. Ele se debatia, querendo descer, mas não tinha tanta força. Estava completamente bêbado.

- Oh...Então foi isso que aconteceu - Kiyoko disse observando a cena. Ela podia ouvir Noya e Tanaka tentando abafar a risada.

- Não se atrevam a rir! - Daichi gritou pra eles, colocando Suga. Ele mal tinha equilíbrio pra ficar em pé.

- É, seus pirralhos! Vocês não podem rir de mim! - As palavras pareciam embaralhadas ao sair da boca dele.

- Vem, eu vou cuidar de você, bêbado desgraçado. Não sei porque você faz isso! - O capitão disse pronto para levar Suga para dentro, mas foi surpreendido quando Suga se afastou bruscamente.

- Eu fiz isso porque você quebrou sua promessa, porco nojento! - Ele gritou olhando diretamente para Daichi. Tsukishima olhou pela janela da cozinha, junto com Yamaguchi. Kageyama estava ocupado demais com o ruivo ainda desacordado no interior do navio, mas subiu as escadas para ouvir melhor.

- Suga, que promessa? Vem, vamos entrar. Você precisa lavar o rosto e dormir - Ele ficou nervoso, com medo do que viria pela frente, mas não queria forçar o imediato a fazer algo, já tinha o forçado a deixar o bar.

- Não! Não toca em mim! Agora eu vou falar! - Ele se afastou, apoiando no mastro para que não caísse - Sabe o seu capitão? Ele prometeu que ia ser só meu! E na primeira oportunidade saiu pra um bordel!

Daichi queria jogar Suga no mar naquele momento, mas precisava manter sua postura de capitão. Ele puxou Suga pela camisa, tão bravo que não ligou quando Suga tentava respirar direito, apenas continuou até jogá-lo dentro da cabine dele. Daichi não gritou mais, apenas deixou Suga falando sozinho enquanto o arrumava na cama. Tinha vontade de dar uma coronhada na cabeça dele para que dormisse logo e calasse a boca, mas esperou pacientemente.

Na cozinha, Tsukishima apreciava a grande fofoca que tinha acabado de receber e, no convés, Tanaka e Noya pareciam bolar um plano enquanto Asahi tentava justificar as ações do amigo jogando a culpa na bebida. Horas depois, Daichi voltou ao convés sério. Estava nervoso sobre o que sua tripulação iria achar dele, seu pai, Ukai, sempre o ensinou a esconder muito bem um relacionamento, pra ele, aquilo era permitir que todos descobrissem um ponto fraco.

- Tão olhando o que, seus miseráveis?

- Capitão, tenho uma pergunta! - Tanaka disse, prestando uma continência para o Capitão.

- O que, Tanaka? - Ele suspirou, já decepcionado pelo o que viria, achava que seria algum desrespeito por terem descoberto o "relacionamento", apesar de não saberem muito.

- Os relacionamentos entre membros da tripulação estão permitidos então?

- ...Por que? Algum problema com isso? - Daichi não entendia se era sincero ou se ele estava tentando começar uma rebelião ou coisa assim.

- Eu tenho interesse na senhorita Kiyoko, capitão! Se você está namorando o Imediato Suga, quero saber se posso namorar ela! - Daichi riu, mais relaxado, Tanaka permanecia sério esperando sua resposta.

- Sim, tá permitido - Ele ria incontrolavelmente.

- Ouviu, Kiyoko? Estamos livres! - Ele sorriu, abrindo os braços para dar um abraço na garota. Ela deu um sorriso debochado.

- Quem disse que eu quero?

- Você é a rainha da minha vida, minha sereia, nunca vou desistir de você! - Ele disse, abaixando a cabeça pra ela. Ela amava a bajulação, principalmente porque vivia com homens aos seus pés, mas tudo que eles queriam era tocá-la e machucá-la. Tanaka a admirava e a amava. Daichi conversou com cada membro da tripulação e percebeu que, pelo menos ali, eles não julgariam.

- Kageyama, eu vim pra saber onde você...tava...quem é esse? - Ele se confundiu nas palavras quando viu Kageyama com um garoto baixinho dormindo em cima de alguns lençóis.

- Eu posso explicar, mas não tava afim. Você podia só deixar ele ficar com a gente na tripulação?

- Quem é ele?

- Eu não sei, mas... - Kageyama levantou e se aproximou, para que pudesse sussurrar - Ele tava sendo perseguido pela gangue Nohebi, eles estão na caça as bruxas agora.

- Nohebi? Eles cresceram muito desde a última vez que topei com eles, tem membros em todas as ilhas. Mas ele é um bruxo?

- Acho que sim, veja isso - ele abaixou e tirou as coisas que estavam dentro da mochila do garoto - Ervas, livros pagão, essas pedras estranhas, eu acho que ele é um feiticeiro mesmo.

- Nossa, espero que ele seja do tipo curandeiro e não do tipo demônio.

- Se ele tentar qualquer coisa, eu mato ele sem hesitar, capitão. Confia em mim.

- Eu confio, quando ele acorda, leva pra falar comigo. Vamos zarpar agora e navegar essa noite toda, pra ter certeza que a Nohebi não vai alcançar a gente. Certo?

- Sim, capitão!

Daichi subiu ao convés e avisou a tripulação, todos se manifestaram para que zarparssem o mais rápido possível. Suga fazia falta nessas horas, ele era muito mais ágil com as velas e com o leme.

Um tempo depois, o ruivo acordou de um pesadelo, desesperado, ele suava frio, antes que pudesse gritar e acordar o navio todo, Kageyama cobriu sua boca.

- Tá tudo bem, tá tudo bem, você tá seguro! - O garoto se debatia, mas Kageyama continuou o segurando e repetindo as mesmas palavras até que ele se acalmasse - Se sente melhor?

- Sim...Eu achei que os caçadores tinham me prendido - Ele tremia de medo, assustado, mas lembrava claramente dos olhos azuis de Kageyama brilhando em meio a escuridão, como se fossem destinados a estar perto.

- Não, ninguém da Nohebi vai encostar um dedo em você, mas...Pode me dizer seu nome?

- Hinata, pode me chamar de Hinata. E você?

- Kageyama...Então, você é um bruxo? - Hinata se encolheu com a pergunta.

- Por que?

- Eu não tenho nada contra bruxas, relaxa - Kageyama se afastou, tentando deixar mais seguro, ele não sabia lidar com isso.

- Sim, minha avó era uma bruxa, minha mãe era uma bruxa, minha irmã era uma bruxa, então eu também sou. Sou um feiticeiro de cura.

- Ah, que bom. A gente precisava mesmo de um médico na tripulação.

- Um médico? Não sou um médico, eu uso o sobrenatural nas minhas curas.

- Isso, isso também serve, seja bem vindo. Quando você se acalmar, vamos falar com o capitão.

Hinata assentiu, ainda se preocupava em esconder o cabelo ruivo, tinha vivido cercado por gente que o perseguia, por isso, não estava pronto para agir livremente.

Perto dali, Tsukishima ainda estava acordado, preocupado que Yamaguchi ficasse enjoado já que seria sua primeira viagem, mas surpreendentemente, ele estava confortável no navio, parecia amigo do mar. Os dois novatos traziam uma energia sobrenatural para o navio.


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Era pra domingo, mas fiquei ansiosa pra postar hihihihi 

Into the Unknown - Haikyuu em uma aventura pirataOnde as histórias ganham vida. Descobre agora